sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

JOÃOZINHO E ROSINHA (José Edimar)






















JOÃOZINHO E ROSINHA
E O PAI SEM CORAÇÃO

Desgraça sempre acontece
Onde impera a traição
Com ódio inveja ganância
Falsidade e ambição
Toda sorte vem mesquinha
Foi com Joãozinho e Rosinha
Por um pai sem coração.

No Rio Grande do Norte
Naquele tempo passado
Morava um velho viúvo
Trabalhador do roçado
Embora lutasse tanto
Não se imaginava o quanto
Vivia necessitado.

Era pai de dois rapazes
De Joãozinho e de Zezinho
Depois que ficou viúvo
Cuidou dos filhos sozinho
Como um pai bem amoroso
Com os dois era zeloso
Dando pra eles carinho.
              
Na dura luta diária
No roçado trabalhava
Tendo pouco rendimento
Quase em nada melhorava
Dando duro pra valer
Nem mesmo para comer
O lucro deles não dava.

Quanto mais passava tempo
Só aumentava a piora
Pois somente a esperança
Que não deixava uma hora
Ruim na situação
Sendo uma espera em vão
Nunca havia uma melhora.

Daquela vida cansado
E pensando em melhorar
Joãozinho o filho mais velho
Pediu ao pai pra casar
Seu pai lhe deu permissão
Tinha ele no coração
Uma moça do lugar.

Joãozinho onde morava
Era bem relacionado
Apesar da sua pobreza
Nunca lhe faltou agrado
Das moças da vizinhança
Com ele tinham esperança
De um futuro dourado.
            
A jovem de quem gostava
Era uma linda mocinha
Filha de família pobre
Que da sua era vizinha
Divina e maravilhosa
Foi batizada por Rosa
Mas, lhe chamavam Rosinha.

Rosinha era moça bela
Alegre e muito sincera
Sendo fruto dos valores
Da educação que tivera
Não havendo na sua classe
Quem da jovem não gostasse
Por tudo que ela era.

Ela já alimentava
Amizade por Joãozinho
Sempre dedicou pra ele
Amor sincero e carinho
Foi daquele sentimento
Que trouxe pro casamento
Muito amor ao novo ninho.

Depois do seu casamento
Joãozinho foi trabalhar
Comprando gado e vendendo
Dentro e fora do lugar
Melhorou de condição
Até o pai e o irmão
Começou a sustentar.
               
Comprando gado de fora
E trazendo pra cidade
O negócio foi crescendo
Com muita facilidade
Seu capital aumentando
Em pouco tempo alcançando
A maior prosperidade.

Comprou uma casa grande
Para os parentes morar
Pra seu pai e pra Zezinho
Sem ninguém se preocupar
Porque nada ali faltava
Pois tudo que precisava
Tinha dinheiro pra comprar.

Rosinha muito feliz
Ao lado do seu amado
Vida de menina pobre
Já ficara no passado
Era uma esposa decente
Querida por toda gente
Lá daquele povoado.

Três anos de casamento
Folga Joãozinho não tinha
A esposa ficou grávida
Teve uma linda filhinha
Aumentou o sentimento
Com grande contentamento
Para Joãozinho e Rosinha.
               
Ele conservava um hábito
Toda vez que viajava
Na saída e na chegada
Na casa do pai passava
Para falar de Rosinha
E da querida filhinha
Que ao pai recomendava.

Sem saber do sentimento
Que no  seu pai existia
Um grande peso na alma
Mas o filho não sabia
Muita inveja e ambição
Transbordando o coração
Onde o mal prevalecia.

Era uma carga pesada
Que ninguém imaginava
No coração ninguém anda
E o velho disfarçava
Tudo aparentava bem
Filho bom virtude tem
Do pai não desconfiava.

Vendo o dinheiro do filho
Nele a inveja cresceu
Trabalhou tanto na vida
Lutou e nunca venceu
Ficou com a alma pesada
E a mente perturbada
Do mal seu espírito  encheu.
                 
Falando ao filho Zezinho
O seu tom era zangado
Dizendo - Não quero mais
Viver aqui humilhado
Joãozinho só dar migalha
Todo tempo ele trabalha
Ganha dinheiro avultado.

Zezinho disse -Papai
Não fale assim por favor
Joãozinho tem sido bom
Comigo e com o senhor
Quem lhe ouvir falar assim
Pensará que ele é ruim
Uma pessoa sem valor.

Após essa discussão
O velho foi conformado
Não falou mais com o filho
Cada um ficou calado
Zezinho achou uma afronta
Porém não levou em conta
O que o pai tinha falado.

Joãozinho vinha chegando
Manifestava alegria
Tudo caminhava bem
No negócio que fazia
Amava muito seu pai
Pensava consigo vai
Do jeito que ele queria.
            
Chegando dessa viagem
Ele estava satisfeito
Abraçou seu pai dizendo
Tudo faço a seu respeito
Vai trabalhar e ter valor
Para ajudar o senhor
Vivo alegre desse jeito.

Ele sabendo que o pai
Desejava trabalhar
Pensava então num açougue
Que pretendia montar
Com seu pai ficava sócio
Desse promissor negócio
Onde os dois iam lucrar.

Assim que o filho saiu
O pai falou pra Zezinho
-Acho bom que você saiba
Que quero roubar Joãozinho
Dinheiro tem a vontade
E me vem com falsidade
Se fazendo de bonzinho.

Zezinho ficou trêmulo
Só de ouvir o pai falando
Pois roubar o próprio filho
Que vinha os dois sustentando
Lembrou da necessidade
Na pobreza de verdade
Cresceu sem viver roubando.
                   
O velho muito invejoso
Então começou pensar
Na fortuna de Joãozinho
Numa forma pra roubar
Em Zezinho ele pensou
Porém não lhe convidou
Pois não iria aceitar.

Zezinho tinha lhe dito
Que jamais aceitaria
Ir roubar o seu irmão
Naquilo nem pensaria
Que maldade sem tamanho
Não se faz nem com estranho
Que é imensa a covardia.

Com esse mau pensamento
Que ele trazia escondido
Mantendo dentro guardado
Fingiu-se entristecido
Pensou quando viajasse
Antes que ele voltasse
Já teria acontecido.

Rosinha naquela noite
Dormindo ela sonhava
Que dois ladrões mascarados
Na porta dela chegava
Dois monstros sem confiança
Matavam ela e a criança
Muito aflita ela acordava.
               
De manhã ela contou
O sonho para o marido
Contando o sonho ela estava
Com semblante entristecido
Ele ouvindo com carinho
Lhe disse-Sonhar benzinho
É ilusão do sentido.

Na noite daquele dia
Joãozinho ia viajar
Ela falou - Que no sonho
Não parava de pensar
Que não fosse, desse um jeito
Mas tendo negócio feito
Disse -Não posso ficar.

Ele confortou-a dizendo:
Tenha fé e confiança
Preciso dessa viagem
Não posso fazer mudança
Para lhe dar guarnição
Vem meu pai e meu irmão
Fazer toda segurança.

A segurança é por conta
Do meu pai e meu irmão
E sendo um pedido meu
Eles nunca deixarão
Enquanto eu estiver fora
Sem descuidar uma hora
Lhe dando toda atenção.
               
Ela ainda argumentou
Que seu marido ficasse
Isso não era por quê
Em seu pai não confiasse
Do sonho estava abalada
Só ficava sossegada
Se ele não viajasse.

Ele não pode atender
Aos apelos da amada
Preparou-se pra viagem
De doze pra madrugada
Na casa do pai passou
E com ele conversou
Pra poder pegar jornada.

Na conversa com o pai
Joãozinho também contou
Sobre o sonho de Rosinha
Seu pai se prontificou
Dando toda garantia
Que a segurança faria
Com isso ele confiou.

Na hora que ele saiu
O velho pai sem demora
Acordou também Zezinho
Com uma surra nessa hora
Uma máscara nele botou
Outra no rosto amarrou
E saíram porta afora.
               
O velho muito apressado
Zezinho lhe acompanhando
Pedindo perdão a Deus
Da sorte se lamentando
Na mais difícil missão
Com aperto o coração
Seu rosto o pranto banhando.

Apenas dezesseis anos
Considerado um menino
Governado pelo o pai
Que tinha gênio assassino
Por força lhe acompanhava
Pois ainda não mandava
Direito no seu destino.

Com a saída de Joãozinho
Rosinha viu o abandono
Igualmente um cão perdido
Dentro do mato sem dono
Com a filhinha ao seu lado
Embora com muito enfado
Nunca pegava no sono.

Ela pensava no sonho
Quando escutou a pancada
Alguém batendo na porta
Igual na noite passada
Ela aguçou os ouvidos
Percebeu fortes ruídos
Da porta sendo quebrada.
               
Terminando a zoada
Ela notou que entraram
Estavam dentro da casa
Em todo canto pisaram
Sentindo que ia morrer
Pediu pra Deus socorrer
Quando eles encostaram.

Abraçando sua filhinha
Quando um se aproximou
Pegou com força a criança
Dos braços dela arrancou
Segurando num dos braços
Puxou um punhal de aço
Na hora ela desmaiou.

Ele apunhalou Rosinha
Porque estava irritado
Por não encontrar dinheiro
Depois de ter revirado
A casa, e sem esperança
Jogou pra cima a criança
Deixando o punhal cravado.

Jogou na primeira sala
Sem desistir da jornada
Revirando a casa inteira
Porém não encontrou nada
De procurar se cansou
Sem dinheiro ele ficou
Feito uma fera assanhada.
                
De caçar tanto o dinheiro
Não viram o tempo passado
Dinheiro não tinha em casa
Estava depositado
Procurando insistiram
Só pararam quando viram
Que alguém tinha chegado

Joãozinho seguiu viagem
Já estava bem distante
Pensava muito em Rosinha
Quando viu naquele instante
Seu cavalo refugar
Cavar o chão relinchar
E não dar um passo adiante.

Apertou nele as esporas
Ele não lhe obedeceu
Puxado pelo o cabresto
Foi inútil o esforço seu
Quando resolveu voltar
Viu o cavalo disparar
Como nunca aconteceu.

Sem chicote e sem esporas
Numa carreira disparada
Que quando chegaram em casa
Era três da madrugada
Vendo a casa toda acesa
Ele exclamou com surpresa
Rosinha ainda acordada!
                  
Viu o seu portão quebrado
Dois vultos sair correndo
Foi sacando o seu revólver
Na noite eles se escondendo
Fez a arma detonar
Conseguindo acertar
Ainda nada entendendo.

Entrando ligeiro em casa
Foi a mulher procurar
Passando a primeira sala
O calçado quis pregar
Era a criança que estava
No sangue dela marcava
O seu rastro no lugar.

Seguiu direto pro quarto
Viu a porta escancarada
O quarto desarrumado
A porta também quebrada
Começou queimar a alma
Não pode manter a calma
Ver Rosinha ensanguentada.

Agiu igualmente um louco
Com a alma muito ferida
Por causa do seu trabalho
Sua mulher perdeu a vida
Com seu coração quebrado
Porque não tinha encontrado
Junto à filhinha querida.
              
Se sentindo amargurado
No desespero ele chorou
Novamente veio pra sala
E seu rastro observou
Com o sangue no chão marcado
Também com o punhal cravado
A filhinha ele encontrou.

Foi ao terreiro sentindo
Muita dor no coração
Olhando para os bandidos
Os dois caídos ao chão
Quando as máscaras retirou
Na mesma hora notou
Ser seu pai e seu irmão.

Chorou porque os bandidos
Que ele tinha matado
Era o pai e o irmão dele
Pra quem tinha confiado
Os cuidados de Rosinha
Mataram ela e a filhinha
Oh que gênio desgraçado!

Ficou muito atordoado
Depois daquele ocorrido
Quase perdeu o controle
Seu mundo estava perdido
Seus nervos virou bagaço
Da família todos os laços
Tinha desaparecido.
             
Joãozinho foi á polícia
Contou o que aconteceu
Entregou-se a prisão
Porém ninguém lhe prendeu
Sem a esposa e sem filha
Ele seguiu outra trilha
Dali desapareceu.

Saiu montado a cavalo
Daquela delegacia
Lamentando a triste sorte
Foi aquele o pior dia
Pegou um novo caminho
Precisava andar sozinho
Com a tristeza em companhia.

Quando foi menino pobre
Sofreu por necessidade
Nunca pensou que riqueza
Trouxesse infelicidade
Que inveja e ambição
Fosse encher o coração
Do pai com tanta maldade.

Ninguém ouviu mais falar
Qual foi dele, a trajetória
Mamãe contava pra gente
Guardei tudo na memória
Disse ela, que um violeiro
Cantando com o companheiro
Divulgava a triste história.
              F I M




Pedro Apóstolo, príncipe dos apóstolos (José Edimar)






















Eu vou contar uma historia
Que é uma verdade incrível,
Dum homem que sobre a Terra
Viveu o que é impossível,
Ficar no lugar de Cristo
Quando foi homem visível.

Isso só aconteceu
Por que Cristo quis assim,
Durante Sua vida pública
Ensinou-lhe até o fim,
Pra ser pescador de homens
Dizendo: - Vinde após mim.

O seu nome foi Simão
Sua profissão, pescador,
Genesaré grande lago
Que da pesca era o setor,
Com o irmão e dois amigos
Enfrentaram esse labor.
              
O pai de Simão foi Jonas
Que em Betsaida morava,
Cidade da Galileia
Perto do lago ficava,
Como era pescador pobre
Toda hora trabalhava.

Os irmãos João e Tiago
Pescaram na companhia,
Do velho pai Zebedeu
E aquela pescaria,
Como uma sociedade
O sustento garantia.

Quando o homem é pescador
O que gosta é de pescar,
Simão num pequeno barco
Gostava de trabalhar,
Mas num pescador de homens
Nunca pensou se tornar.

Foi um sujeito bem simples
Meio impulsivo e teimoso,
Tipo muito falador
E bastante genioso,
Em caráter um pouco fraco
Porém muito generoso.
               
Pedro pra Cafarnaum
Com a sogra foi morar,
Jesus foi de Nazaré
Também viver no lugar,
E curou a sogra dele
Quando foi lhe visitar.

Esse assunto começou
Com João Batista pregando,
Junto ao lago e seus discípulos
Quando Jesus foi passando,
-- Eis o cordeiro de Deus!
Disse: - Pra Ele apontando.

 Enquanto ainda falava
Seus discípulos já partiram,
Jesus vendo perguntou-os:
-- Que procurais? Eles ouviram
Apenas disseram: - Mestre!
E junto a Ele seguiram.

Lhe perguntaram: - Onde moras?
-- Vinde e vede!, respondeu,
André irmão de Simão
João filho de Zebedeu,
Depois André foi a Simão
Falar o que aconteceu.
              
- Encontramos o Messias!
André pra Simão falou,
Foram juntos verJesus
Que pra Simão Ele olhou,
Dizendo: - lhe - Tu és Pedro
O nome dele Mudou.

Jesus estava escolhendo
Discípulos para ensinar,
Andando pela Judeia
Pedro foi lhe acompanhar,
Quando Ele foi mais distante
Pedro resolveu voltar.

Com alguns dias depois
Pedro numa pescaria,
Trabalhou a noite inteira
Já amanhecendo o dia,
Nenhum peixe aquela hora
Na sua rede aparecia.

Quando ele avistou na praia
Um homem que apareceu,
Era Jesus que chegava
Pedro não reconheceu,
Perguntou Ele: - Tem peixes?
Mas Pedro não respondeu.
                    
 Das três pescas milagrosas
Que Jesus realizou,
Esta aqui foi à primeira
Onde Ele multiplicou,
Peixe em grande quantidade
Que quem viu se admirou.

Já estava amanhecendo
E o trabalho foi pesado,
Nem Pedro nem seus amigos
Tinham um só peixe pescado,
Durante a noite inteira
Por isso estava zangado.

Jesus entrando na barca
Pedindo que se afastasse,
Buscasse águas profundas
A rede nela lançasse
-"Mestre!, passamos toda a noite
Sem que um peixe pescasse.

 Em atenção a Jesus
Todas as redes lançaram,
Encheram de tal maneira
Quase os panos se rasgaram,
Peixes numa quantidade
Que todos se admiraram.
                                  
Caindo aos pés de Jesus
Pedro, dizendo ao Senhor:
-Mestre afasta-te de mim
Sou um grande pecador,
- Levanta Simão! Ele disse:
- De ti farei pescador.

- Serás pescador de homens
Jesus assim respondeu:
Pedro foi o seguidor
Mais fiel que aconteceu,
Durante a vida terrena
Com Ele permaneceu.

E pregando as multidões
Jesus sempre preferiu,
Quando no barco de Pedro
A quem Ele distinguiu,
Muita consideração
Quem leu a Bíblia sentiu.

Cristo andando sobre as águas
Resolveu também testar,
Da fé de Pedro o tamanho,
Pedindo para ele andar
Vindo ao encontro Dele
Pedro só fez afundar.
             
Levado ao monte Tabor
Para que acompanhasse,                
Visse a Transfiguração
Quando Ele manifestasse,
Toda a Sua divindade
Pedro ali testemunhasse.

Quando Deus ,apresentava
Na Sua Transfiguração
Moisés o Filho e Elias
E Jesus com toda unção
Fechando leis e profetas
Abriu graça com salvação.

Cristo quis saber de si
Aos discípulos perguntou
Que pensava Dele o povo
Cada um lhe respostou:
- Jeremias ressuscitado
Ou Elias que voltou.

- E vocês digam o que acham?
Lhes perguntou novamente,
Pedro tomando a palavra
Disse instantaneamente:
-- Tu és o Cristo de Deus!
Sendo categoricamente.
                         
Com a resposta de Pedro
Disse Ele --Tu és feliz,
-- Simão filho de Barjonas
Nem carne ou sangue ti diz,
Mas meu pai que estás nos céus
Que revelar-te assim quis.

Disse a Ele: -- Tu és pedra
-- Na qual edificarei,
Minha Igreja e sobre ela
 A morte não deixarei,
Prevalecer, e do Hades
Também ela livrarei.

-- As chaves do Reino dos céus
Nas tuas mãos Eu vou dá,
O que ligares na terra
Nos céus também ligará,
Se desligares na terra
Nos céus se desligará.

Jesus falou sobre sí
Disse: - Ser o pão da vida,
Assim a sua carne ser
A verdadeira comida,
E o Seu sangue também
A verdadeira bebida.
                          
Todos escandalizados
Da sua presença saíram,
Ficando somente os doze
E todo discurso ouviram,
Jesus perguntou pra eles:
-- Porque também não fugiram?

Simão como porta voz
Profetizou muito bem:
-- Senhor a quem nós iríamos!
Pois não existe em ninguém
Palavras de vida eterna
Somente Tu és quem tem.

Sobre os fragmentos Coptas
Que se mantém conservados,
A ordenação dos apóstolos
Neles são encontrados,
Sendo apócrifos não se encontram
Junto aos canonizados.

Diz que: - Jesus sobre a pedra
Começou a abençoar,
Simão Pedro e falando:
-- Célebre Eu vou ti tornar,
Que nenhum mal desse mundo
Poderás te atrapalhar.
                            
-- Dirigirás a tua palavra
Para as grandes multidões,
Dos irmãos em todo mundo
Sem dele as preocupações,
Quanto ao desviar da luz
Em qualquer das tuas ações!

-- Curva tua cabeça Pedro
Que sobre ti levantou,
A mão direita do Pai
Que Ele te abençoou,
Como chefe dos Apóstolos
Meu Pai a ti consagrou.

--Vinte e quatro anciãos
Seus perfumes derramaram,
Sobre tua cabeça ungindo
Como chefe ti aclamaram,
E bendizendo ao meu pai
Triságios todos cantaram.

-- Tesouros celestes todos
Lá nos céus se alegrarão,
Potestades, dominações
As vossas chaves darão,
Poder a língua de Pedro
Sobre vós dominarão.
                         
 -- Paraíso alegra - te
Alegra - te toda  terra,
Amenti cobre teu luto...
Com essas palavras encerra,
A ordenação de Pedro
E Jesus faz e não erra.

Porém as fraquezas dele
Eram visíveis também,
Quando Jesus disse que
Iria a Jerusalém
E sofreria até a morte
Pedro disse não convém.

Pelos Sumos sacerdotes
Jesus disse: - Vou morrer,
Pedro ouvindo disse logo:
-- Deus Ti livre de sofrer
Não permita que aconteça
Contigo esse padecer.

Jesus lhe repreendeu
Por esta forma assim
Afasta - te satanás
Sai para longe de mim
Que são palavras dos homens
Pois Deus acha isso ruim.
                         
Quantas vezes perdoar
Simão Pedro perguntou?
-- Sete vezes está bom!
Não!, Cristo afirmou:
-- São setenta vezes sete
Desta forma Ele ensinou.

Cristo falou: -- Nesta noite
-- As coisas aqui mudarão,
Serei motivo de queda
Todos de mim fugirão,
Fere - se o Pastor, as ovelhas
Todas se dispersarão.

Pedro disse: - Para mim
-- Queda Tu nunca serás!
Mas Jesus lhe respondeu:
-- Esta noite tu farás,
Antes que o galo cante
Três vezes me negarás.

Certa vez João e Tiago
A Jesus acompanharam,
Enquanto Ele estava orando
Eles no sono pegaram,
O Mestre chamou três vezes
Mesmo assim não vigiaram.
                               
Jesus falou a - Simão:
-- Satanás veio reclamar,
Quer joeirar-te igual trigo
Para tu não fracassar,
Orei por ti e terás força
Pra teus irmãos confortar.

Lavando os pés deles disse:
Hoje -- Não vão entender,
Pedro não queria deixar
Jesus só fez responder,
--Não lavo os pés mas comigo
Parte também não vai ter.

Quando Cristo estava preso
Pedro sentou lá em frente,
Observando e uma criada
Lhe falou rapidamente,
Tu és um discípulo Dele
Pedro negou de repente.

Mas quando saiu dali
Outra mulher encontrou,
Disse ela: - Andava com Cristo
Novamente ele negou
Depois negou a terceira
Foi quando o galo cantou.
                   
 Jesus antes da ascensão
Por três vezes perguntou,
Amas - me mais que estes
Pedro triste demais ficou,
Como pastor das ovelhas
Por três vezes o confirmou.

Logo após a ascensão
Simão Pedro promoveu,
A eleição de Matias
Ao lugar que pertenceu
A Judas que entre os doze
O Senhor mesmo escolheu.

Na festa de pentecostes
Em Jerusalém pregou,
Para a grande multidão
Muita gente aceitou,
Foram umas três mil pessoas
Que no dia se batizou.

Por volta da hora nona
Pedro e João vinham subindo,
Para oração no Templo
Um coxo vivia pedindo,
Junto da porta formosa
Percebeu que vinham vindo.
                        
Implorou por uma esmola
Pedro vendo a condição
Disse: - Nem ouro nem prata
Comigo não levo não,
Tenho Jesus Cristo e dou - te
Disse lhe: - Estendendo a mão.

Foram presos Pedro e João
Por ordem dos fariseus,
Os sacerdotes do Templo
Com apoio dos saduceus,
Por ensinarem que Cristo
Quem ressuscitou foi Deus.

Converteram uns cinco mil
Eles ficaram zangados,
Pedro pregava pro povo
 Deixando-os irritados
-- Por ajudar um enfermo
Nós somos interrogados!

Certa vez pra Samaria
Pedro e João viajaram,
Para dar o Espírito Santo
Aos que já se batizaram,
Simão mago quis comprar
O dom que apresentaram.
               
 Pedro falou para o mago
--Tu julgas poder comprar,
O dom de Deus com dinheiro
Fim, tu e ele vão levar,
Que bens espirituais
Não é pra negociar.

Pedro se achava em Lida
Sua fama se espalhou,
Por causa dum paralítico
Que na cidade curou,
Devido sua pregação
Muita gente conquistou.

Depois foi levado a Jope
Quando ainda estava em Lida,
Onde ressuscitou Dorcas
Que estava falecida,
Foi grande acontecimento
Quando ela tornou a vida.

Doentes foram trazidos
No lugar que ele estava,
Ou colocado nas ruas
Por onde ele passava,
Acreditando que a sombra
Dele, ao passar curava
                             
Foi chamado a Cesareia
A casa dum Centurião,
Que ajoelhou-se aos seus pés
Num sinal de adoração,
 -- Sou como tu, falou ele:
Pode levantar do chão.

Pra todos aconteceu
Batismo no Espírito Santo,
Quem se achava na casa
Cornélio alegrou - se tanto,
Conhecendo que a Igreja
Já chegava em todo canto.

Com este acontecimento
Surgiu logo outra questão,
Não aceitar na igreja
Alguém sem circuncisão,
Pedro se viu obrigado
Fazer nova explicação.

Chegando a Jerusalém
Ele contou essa história,
- Cristo ao morrer numa cruz
Deu para o mundo a vitória,
A ninguém, fez acepção
Ressuscitou para glória.
                              
 Pedro viajou bastante
Procurando novos ares,
Anunciando a Boa Nova
Fazendo por terra e mares.
Realizando prodígios
Nos mais diversos lugares.

Na Galácia e Capadócia
No Ponto e outras cidades,
Da Ásia Menor a Grécia,
Em várias localidades
Também na Fenícia e Chipre
Fundando comunidades.

Desde o tempo de Estevão
A Síria foi conquistada,
Na cidade Antioquia
Foi a Igreja fundada,
Como Sede para o mundo
Naquela época passada.

Chegando a Jerusalém
Ele foi pra detenção,
Tiago morto a espadas
O que era irmão de João,
O anjo do Senhor veio
Soltar Pedro da prisão.
                            
Pedro sendo libertado
Foi pra casa de Maria,
Que era mãe de João Marcos
Ao vê-lo naquele dia,
Rosa ali não se conteve
Por sentir tanta alegria.

Em vez de abrir a porta
Saiu pra dentro correndo,
Dizendo: - É Pedro lá fora
Ninguém nada entendendo,
Enquanto isso ele lá fora
Continuava batendo.

Saindo daquela casa
Foi para Roma em seguida,
Na cidade o Evangelho
Fez logo em contrapartida,
Os nobres se converterem
Tendo que mudar de vida.

Muitos parentes de César
Também a fé abraçaram,
E por causa disso Cláudio
Junto ao senado aprovaram,
Decretos contra os judeus
E da cidade os expulsaram.
                              
Voltando a Jerusalém
Naquela comunidade,
Tinha muitas discussões
Dentro daquela cidade
Os judeus já convertidos
Discordando da verdade.
                  
Reuniram-se os Apóstolos
Pra tratar dessa questão,
Com os anciãos do povo
Começou uma discussão,
Pedro levantou no meio
Falando pra cada irmão.

Dizendo do meio deles:
Vós sabeis todos, irmãos,
Deus me escolheu dentre vós
E pôs sobre as minhas mãos,
Da minha boca saísse
O evangelho aos pagãos.

Jerusalém no concílio
Não buscou ecumenismo,
Suas resoluções fizeram
Separar o cristianismo,
Das confusões geradas
Junto às leis do judaísmo.
                    
 Depois da morte de Cláudio
Pedro voltou novamente,
Chegando a Roma encontrou
Um rei e inexperiente,
Aprendendo a governar
Botou a Igreja em frente.

No ano sessenta e um
Começou a sua escrita,
Foi Marcos no próprio punho
Enquanto Pedro é quem dita,
Para os povos estrangeiros
Que ali na cidade habita.

A segunda carta escrita
Falando do ser humano,
Do final e da verdade
Do poder do Soberano,
Foi vista em noventa e cinco
Tempo de Domiciano.

Falando da vigilância
Que o povo deve manter,
Fala também da sua morte
Que vai logo acontecer,
Lembrando do Tabernáculo
Onde cumpre o seu dever.
                              
Nero em sessenta e quatro
Lançou a perseguição,
A maior até o seu tempo
Quatro anos a duração,
Tocou fogo em Roma e pôs
Toda culpa nos cristãos.

O tirano Nerus César
Que a história conheceu,
Seiscentos sessenta e seis
Em números latinos deu,
Besta fera do Apocalipse
Que o Apóstolo escreveu.

Pedro sofreu o martírio
Pelos seus perseguidores,
Mas na sua comunidade                       
Deixou evangelizadores,
Com as ovelhas do Senhor
Os cuidadosos pastores.

Pedro na hora da morte
Pediu para o malfeitor,
Que de cabeça pra baixo
Lhe pregasse por favor,
Que não se achava digno
Morrer como seu Senhor.
                         
De cabeça para baixo
Morreu pregado na cruz,
Bem na hora da sua morte
Surgiu um clarão da luz,
Lembrando as últimas palavras
Que ele ouvira de Jesus.

Digo: - Em verdade em verdade
Enquanto moço, tiveres,
Tu, ti cingirás e irás
Para o lugar que quiseres,
Velho, outros te vestirão
Levarão onde não queres.

De Toscana na Itália
Lino que era conhecido,
Por Pedro ambém por Paulo
Para a fé foi convertido,
Ocupou o lugar de Pedro
Sendo por ele escolhido.

Pedro, Lino e Anacleto
Clemente, Alexandre, Sisto,
Aniceto, Pio, Telésforo,
Higino, Victor, Evaristo,
Sotero, Urbano, Zeferino
Eleutério, Antero, Calisto.
                      
 Lúcio, Cornélio e Estevão 
Dionísio, Caio, Fabiano,
Marcelo, Félix, Eusébio
Marcelino, Eutiquiano,
Sisto Segundo e Melquíades
Trinta e dois com Ponciano.

Nesta lista que apresento
São Bispos martirizados,
Todos da Igreja em Roma
Que dela foram arrancados,
Durante as perseguições
São todos santificados.

A Santa Sé apostólica
É um Trono cobiçado,
Nenhum império durou
O quanto ela tem durado,
Muitos cristãos até hoje
Sentem raiva do papado.

A Igreja segue em frente                                 
Falso profeta não toma,
Duzentos sessenta e seis
São dos Papas toda soma,
Jerusalém, Antioquia
Roma, Avignon e Roma.
           FIM