quarta-feira, 8 de julho de 2015

TENENTE ZÉ RUFINO - TENENTE JOÃO BEZERRA - A FORÇA DAS VOLANTES





















TENENTE ZÉ RUFINO




Nas Forças de Operação
Pra perseguir bandoleiros,
Numa das suas volantes
Enfrentando os desordeiros,
Se encontrava Zé Rufino
Matador de cangaceiros.

Em vinte de fevereiro
Data de seu nascimento,
José Osório de Farias
Foi o nome do rebento,
Mil novecentos e seis
Deu-se o acontecimento.

E o grande Pernambuco
Foi seu Estado natal,
Terra de homens valentes
Do cangaço natural,
E no Estado da Bahia
Tornou – se o policial.
               
De José Osório, o nome
Foi por Rufino alcunhado,
No comando das volantes
Por que era um bom soldado,
De Tenente a Coronel
Foi ele patenteado.

Ninguém nunca ouviu falar
Dum homem assim tão valente,
Comandando as volantes
Que fosse uma serpente
Como foi o Zé Rufino
Para matar tanta gente.
                
Cangaceiros valentões
Que muita gente matou,
No bando ou fora deles
Na briga nunca apanhou,
Porém com esse Tenente
Quando veio se enrolou.

José Osório vivia
Na vida de sanfoneiro,
Não gostava de usar armas
Ser polícia, ou bandoleiro,
Seu negócio era a sanfona
Pois era bom forrozeiro.
            
Nas terras do Pajeú
Região onde tocava
Ribeiras e outras cidades
Festas sempre ele animava
Como arrimo de família
Dessa forma sustentava.

Tocava em muitas festas
Por que tinha liderança,
De cinco seis em seguida
Todos davam confiança,
Onde estava Zé Osório
Com certeza tinha dança.
               
Foi animando esses bailes
Que conheceu Lampião,
Teve o primeiro convite
Feito pelo Capitão,
Para ingressar no seu bando
Mas, Osório disse não!
              
Lampião foi convidado
Para uma festa em Salgueiro,
Quem animava o casamento
Era Osório o sanfoneiro,
Que dispensou o convite
Não queria ser cangaceiro.
                 
Responde a Lampião
Que a mãe era de idade,
Seus irmãos eram pequenos
Sua a responsabilidade,
E também para usar armas
Ele não tinha vontade.

Depois num segundo encontro
Convidou-lhe novamente,
Ele deu umas desculpas
Por ter negócio pendente,
Lampião marcou ligeiro
Outro encontro mais na frente.
                  
Osório sem interesse
Queria ser dispensado,
Nunca quis ser cangaceiro
Nem queria ser soldado,
Não queria lhe acompanha-lo
Não estava interessado.
             
Esse encontro aconteceu
Em Belém do Cabrobó,
Lampião muito zangado
Não pretendia ter dó,
Quatro cabras atrás dele
Não deixou Osório só.
              
Ele viu que Lampião
Não ia lhe desculpar,
Encostou ligeiro nele:
-- Pensando vão me matar
Morro, mas tenho certeza.
Que o Chefe vou levar.
             
Lampião vendo o perigo
Foi logo lhe dispensando,
Mas Osório era sabido
Ali estava escapando,
Sentiu que não dava mais
Pra continuar a tocando.

Com mais um ano na frente
Que encontrou Lampião,
Pra poder se livrar dele
Resolver essa questão,
Decidiu ir pra polícia
Era a única solução.

Porque se José Osório
Andasse  de tocador,
Lampião bagunçaria
Por que era um matador,
Na polícia o perseguido
Passava a perseguidor.
              
No dia dois de janeiro
Trinta e quatro, ano exato,
Do século que foi passado
Ele assinou o contrato,
Assentou praça e honrou
Não deu pra farda maltrato.

Passou a compor as Forças
De Operação do Nordeste,
E na volante baiana
Combateu, passou no teste,
Soldado valente honra
Sempre a roupa que lhe veste.

Adentrou na Força Pública
Do Estado da Bahia,
Matou muitos cangaceiros
Que não lembrou a quantia,
Muito poucos no cangaço
Não temeram a valentia.

Engajou – se na polícia
Começou como sargento,
Matou alguns cangaceiros
Teve o reconhecimento,
Passou para Oficial
Com esse acontecimento.
                  
Passou a subtenente
Logo depois recebeu,
De oficial graduado
Zé Rufino o nome seu,
O Tenente mais valente
Que o nordeste conheceu.

Ele nunca sentiu medo
Na luta que enfrentava,
Pois dentro do tiroteio
Bala não lhe intimidava,
Sentia muito prazer
Quando um bandido matava.
            
De oficial da polícia
Ele teve a garantia,
De Tenente fez carreira
Graduação recebia,
Chegando a ser Coronel
Da polícia da Bahia.
                
Comandando uma volante
Por todos era temido,
Venceu muitos bandoleiros
Matando sem ser vencido,
E retirava a cabeça
Do cangaceiro abatido.
              
Volantes encarregadas
De perseguir Lampião,
E cangaceiros valentes
Que assombravam o sertão,
Não perdia um momento
Encalçando um valentão.

Desfalcou foi muitos bandos
Que andavam no Sertão,
 Matou ele o Mariano
Pai Vei e também Pavão,
Bando que há treze anos
Andava com Lampião.
                
Combates mais perigoso
Enfrentando seus rivais,
No Estado do Sergipe
Deu – se uma luta voraz,
Esse foi em Maranduba
E morreu gente demais.
              
Na Lagoa do Paruá
Outro combate arrochado,
Esse também em Sergipe
Com mortos pra todo lado,
Não foi vencido, mas viu
Muito sangue derramado.
                 
Cangaceiro mais valente
Pra ele foi Saracura,
Cumprir ordens do Patrão
Tornava-se fera pura,
Pois tinha disposição
Não temia cara dura.
              
Disse ele que: -- Lampião
Quando tinha interesse,
Pra brigar brigava mesmo
Não tinha quem lhe vencesse,
Enfrentava até o diabo
Caso ele aparecesse.
                
Zé Rufino era inimigo
Do temido Capitão,
Também valente e temido
Ele próprio deu razão,
Que ninguém era valente
Igualmente Lampião.

Combateu o Zé Sereno
Com seu bando destemido,
Na Fazenda Crauá
Barra Nova foi abatido,
Balearam um soldado
Foi Novo Tempo ferido.
                

Esse episódio é chamado
Fogo de Domingo João,
Por que das metralhadoras
Brasas saiam em rojão,
Combate esse que foi
O último de Lampião.
                  
Quando Lampião Morreu
Tinha um encontro marcado,
Com Corisco e com seu bando
Tinha o próprio convidado
Antes que eles chegassem
Em Angicos foi cercado.
                
Lampião mandou convite
Que estava esperando,
Pra cuidarem de Rufino
Que vivia atrapalhando,
“ O pato que virou ganso”
Não estava lhe agradando.

Corisco lendo o bilhete
Sabendo o desejo seu,
Querendo setenta homens
Foi assim que ele escreveu,
Mas antes desse encontro
João Bezerra apareceu.
              
Com a morte de Lampião
Todo plano foi mudado,
Corisco chegando achou
O bando dilacerado,
Saiu dali como louco
Prometendo ser vingado.

Corisco na sua loucura
Acabou com muita gente,
Arrasou família inteira
Inda mandou ao Tenente,
E degolava as cabeças
Mostrando ser insolente.

Passado tempos depois
Corisco foi baleado,
Esse tiro foi vingança
Pois ele tinha matado,
Três membros duma família
O tiro veio dum soldado.

Esse tiro foi terrível
Quebrou um braço e a mão,
Os ossos se esbagaçaram
Presos só por um tendão,
Deixando como aleijado
Sem nenhuma condição.
               
Corisco estava doente
Não queria se entregar,
Sofreu muito na viagem
Começou a melhorar,
Mudou de indumentária
Para poder escapar.

Queria mudar de vida
Deixar cangaço de lado,
Porém da sua viagem
Zé Rufino foi avisado,
Como ia levando ouro
Tinha que tomar cuidado.

Partiu de Jeremoabo
Com destino a São Francisco,
Sabia que o cangaceiro
Era valente e arisco,
O Tenente era implacável
Não temia qualquer risco.

O cangaceiro mais famoso
Que faltava em sua lista,
O Tenente desejava
Obter essa conquista,
Mas sabia que era difícil
Pegar um estrategista.
               
Chegando a Djalma Dutra
Teve apoio dum Sargento,
Arranjaram um caminhão
Pronto pra qualquer momento,
O chofer do carro tinha
Da local conhecimento.

 A volante foi formada
De quinze homens ou mais,
Todos eles preparados
Que Corisco era voraz,
Logo que raiasse o dia
Pretendiam ir atrás.

Todo mundo ali sabia
Que Corisco tinha coragem,
Pra lutar era disposto
E não era pabulagem,
Mas ele estava doente
E cansado da viagem.

Ele estava na pousada
De uma velha fazenda,
Onde o velho fazendeiro
Mandou armar sua tenda,
Descansando com a mulher
Que preparava a merenda.
                
Iriam passar a noite
E seguir de manhãzinha,
Eles estavam arranchados
Numa casa de farinha,
Sem imaginar que a sorte
Estava muito mesquinha.

Não foram naquele dia
Por um motivo qualquer,
Aproveitaram o descanso
Ele junto com a mulher,
Porém ninguém vai em frente
Se a sorte não quiser.

Já estava escurecendo
Quando ouviram um caminhão,
Dadá notou que os macacos
Vinham de armas na mão,
Correu até seu marido
Procurando salvação.

Inda fugiu com Corisco
Mas logo foi baleada,
Caiu sem poder correr
A perna estava quebrada,
Ele com um tiro nas costas
Encerrou sua jornada.
             
Reconhecendo Rufino
Com muita raiva tremia,
Chamando-o de cachorro
Que sempre lhe perseguia,
Só ia se fosse morto
Vivo não se entregaria.

Dadá com raiva xingava
De maneira muito hostil,
Desafiando e pedindo
Tem homem dê-me um fuzil,
Talvez seja essa a mulher
Mais valente do Brasil.

Zé Rufino era valente
Mas ele não desejava,
Matar Corisco e sabia
Que o Cangaceiro lutava,
Se possível até a morte
Que vivo não se entregava.
              
A lista que Zé Rufino
Tinha na recordação:
-- Meia Noite, Catingueira
Pai Vei e também Pavão.
Canjica e Barra Nova
Sabonete e Azulão.
              
Corisco o mais famoso
Da lista que apresentou,
Maria Dórea e Mariano
Esse dois também matou,
Zepelim e Zabelê
Do resto não se lembrou.
                              
Ser matador de Corisco
Deu-lhe reconhecimento,
Patente de Coronel
Trouxe enriquecimento,
Não deixou também seu nome
Ficar no esquecimento.

Na luta contra o cangaço
Nas volantes combateu,
Enfrentando o banditismo
Que era o ofício seu,
Exterminando o cangaço
Só deixou quando venceu.
               
Comprou algumas fazendas
No Estado da Bahia,
Perto de Jeremoabo
Onde tranquilo vivia,
Faleceu já bem idoso
Da família em companhia.
               FIM




                
               






                
               

















TENENTE JOÃO BEZERRA
(José Edimar Mendes Barbosa
LITERATURA DE CORDEL

Um assunto interessante
Que tem prendido a atenção
De muitos estudiosos
É o cangaço no Sertão
Vou tratar de João Bezerra
Matador de Lampião!

Muitos falam do cangaço
E enaltece o cangaceiro
Quero falar das volantes
Do soldado verdadeiro
Que com a vida defendeu
O Nordeste brasileiro!

Na polícia alagoana
João Bezerra foi fiel
Delegado e comandante
Desenvolveu seu papel
Elevando sua carreira
De sargento a Coronel
                
Em vinte e quatro de junho
Seu nascimento é marcado
Ano: um oito nove oito
Do século que foi passado
Mesmo ano de Lampião
Pernambuco o mesmo Estado!
                 
Foi na Serra da Colônia
Local por Deus escolhido
Afogados da Ingazeira
Município definido
Pra que João Bezerra fosse
Naquele tempo nascido!
                 
Ele tinha seis irmãos
Que a casa dividia
Cícero, Amaro e Vitalina.
José, Manoel e Maria.
Toda criançada junta
Numa enorme estripulia!

Desde o tempo de criança
Desejava aprender ler
Carta de ABC e lápis
Levava sem esquecer
Consigo o tempo todo
Para poder aprender!
                
Criança hoje não trabalha
Porem João já trabalhava
Criação e agricultura
Onde ele se destacava
Com oito anos de idade
Ao pai dele acompanhava!
                
Aos quatorze João Bezerra
Fugiu da casa dos pais
Para a Capital Recife
Onde na pedra do cais
Carregou muito carvão
E outros serviços mais!
               
Ainda trabalhou sendo
Ajudante soldador
E também na linha férrea
De dormente assentador
Na pedreira e na lavoura
Também foi trabalhador!

Passou apenas um ano
E novamente voltou
Chegando em casa Bezerra
Com o dinheiro que arranjou
Uma pequena bodega
Bem sortida ele montou!
                 
Foi primo em segundo grau
Do famoso Antônio Silvino
Chamado: “Rifle de Ouro”
Atirador genuíno
Que lhe ensinou o ofício
Desde o tempo de menino!
               
E mais tarde novamente
Foi para outra região
Princesa na Paraíba
Trabalhar com um cidadão
Coronel José Pereira
Inimigo de Lampião!

Morando com o Coronel
Longe da terra natal
Conseguiu um grande feito
Foi valente e genial
Matou uma grande onça
Que assustava o local!
                
Dizimando as criações
Das fazendas do lugar
Seu nome ficou famoso
Quando conseguiu matar
Que criadores vieram
Para lhe presentear!
              
No Estado de Alagoas
Sua carreira começou
Entrando na Força Pública
Nas volantes se integrou
Em dezenove e somente
Com três anos incorporou!
                 
Em dezenove de março
Do ano de vinte e dois
Sendo segundo sargento
Na policia se compôs
Como primeiro Tenente
Quatorze anos depois!
              
De cinquenta homens valentes
As volantes  eram formadas
Com tudo bem planejado
Todas elas bem armadas
Policiais das cidades
Foram nelas engajadas!

João Bezerra um perspicaz
 Extremo observador
Cuidadoso e empenhado
Incansável lutador
Estrategista sensato
Muito bom planejador!
                              
Teve sua participação
Também em várias missões
A partir de vinte cinco
Em Sergipe suas ações
Combate à coluna Prestes
E outras Revoluções!

Na revolução de trinta
Governo Washington Luís
Na Constitucionalista
São Paulo, sul do país.
Cumprindo com seu dever
Que o regulamento diz!

Enfrentou com as volantes
Saindo da Capital
Quase sem ter estrutura
De transporte e pessoal
As cidades e as caatingas
Com a força policial!
              
A partir do ano trinta
No segundo Batalhão
Santana do Ipanema
Só naquela região
Enfrentou onze combates
Com o bando de Lampião!
                
No ano de trinta e três
Foi Bezerra nomeado
Pra Prefeito Interventor
Por que era preparado
Pra Cidade de Piranhas
Lugar que seria casado!
                
Com Cyra Gomes de Brito
Teve vida abençoada
Casaram – se em Piranhas
Alagoas Terra amada
No ano de trinta e cinco
Daquela época passada!
                  
João Bezerra obstinado
Enfrentando o cangaço
No encalço dos bandidos
Pra casa não tinha espaço
Nasceu a primeira filha
Sem poder dar um abraço!

Ele também foi Maçom
E membro muito aplicado
Naquela instituição
Tendo sido elevado
Para o décimo oitavo Grau
Foi seu nível contemplado!
                
Doze vezes delegado
Todas por nomeações
Passou por muitas cidades
Nas diversas regiões
Do Estado de Alagoas
Dos Marechais valentões!

Dezenove nomeações
Recebeu para o comando
Da polícia de Alagoas
E por está ocupando
Pequeno espaço talvez
Seu nome esteja faltando!

Durante toda carreira
Enfrentando desafios
Nas caatingas e nas matas
Nas cidades e nos rios
Conheceu muitas vitórias
Teve muitos elogios!

Do comandante recebeu
Um elogio especial
Teve elogio também
Do Interventor Federal
Também teve o elogio
Do Governo Estadual!
              
Do General do Exército
E também do Presidente
Getúlio Dorneles Vargas
Por ter sido eficiente
E também foi graduado
Recebendo mais patente!

Inacinha mulher de Gato
Em estado interessante
Na fazenda Retiro estava
Com oito meses gestante
Quando o Tenente Bezerra
Chegou com a sua volante!
                
Vinte e oito de setembro
Gato veio pra buscá – la
Pediu ajuda a Corisco
Desejava resgatá – la
Mas ao invadir Piranhas
Na luta foi morto a bala!
                
Gato entrou covardemente
Para invadir a cidade
Matando onze pessoas
Sem a haver necessidade
Sendo sede de volantes
Não teve facilidade!
               
Sequestrar Cyra Bezerra
Era o pensamento seu
Para fazer uma troca
Porém não aconteceu
Com um balaço nas costas
Três dias depois morreu!

Depois dessa invasão
Os cercos foram apertados
Lampião também deixou
Coiteiros organizados
Para apoiar o seu bando
Espalhados em três Estados!
                 
Nos Estados de Alagoas
Do Sergipe e da Bahia
Lampião vinha driblando
As volantes dia a dia
Sólida rede de coiteiros
Dando toda garantia!
             
Bezerra era dedicado
Profissional destemido
Em um dos muitos combates
Quando ele saiu ferido
Lampião vendo as sequelas
Deu-lhe logo um apelido!
                 
Lhe chamava de “Cão Coxo”
Demônio em forma de gente
Bezerra sabendo disso
Reagia rapidamente
Chamando ele de “Cego”
Para não ser diferente!

Em Serrinha do Catimbau
Maria foi atingida
Por um tiro e mais tarde
Parece que a ferida
Fazia ela escarrar sangue
Piorando a sua vida!
              
Coronel Hercílio Brito
Sergipano cem por cento
Deu apoio a Lampião
Ela teve o tratamento
Recebeu em Propriá
Seu restabelecimento!
              
Lampião pra batizar
Tinha ganhado uma criança
Da fazenda Pedra D`Água
Delfina por confiança
E o combate de Angico
Acabou essa esperança!
              
Prometeu pra fins de julho
Com o retorno de Maria
Que novamente a fazenda
Na data retornaria
Batizariam a criança
Do jeito que ela queria!

Candeeiro ex – cangaceiro
Disse sendo entrevistado
Que Lampião, daquela vida
Estava muito cansado
Desejava ir embora
Viajar pra outro Estado!

Lá e cá no São Francisco
Não estava mais gostando
De Alagoas pra Sergipe
Todo tempo despistando
Do Pernambuco a Bahia
As volantes lhe cercando!

O Tenente João Bezerra
Sentiu a necessidade
Ir a Pedra de Delmiro
Que era outra Cidade
Com a Volante e o Ferreira
Pra maior tranquilidade!
                 
Dos cangaceiros de Angico
Pedro Cândido era o coiteiro
Comprando queijo na feira
Para o amigo cangaceiro
Joca Bernardes sabendo
Denuncia o companheiro!

Com inveja do vizinho
Talvez por sua amizade
Com Lampião e seu bando
Por essa possibilidade
Formulou uma denúncia
Procurou logo a cidade!

Na delegacia estava
No seu plantão o Sargento
Tenente Bezerra andava
Em outro destacamento
Disse: aperte que Pedro tem
Lampião nesse momento!

Aniceto apressadíssimo
Para não ver tempo gasto
Sabendo que Lampião
Era bandido nefasto
Telegrafou pra Bezerra
Dizendo: tem boi no pasto!
                
Bezerra entendeu a mensagem
Embora codificada
Voltou ligeiro a Piranhas
E pra ninguém falou nada
Trouxe duas metralhadoras
Necessárias pra jornada!

Foram buscar Pedro Cândido
Para ser interrogado
Porém ele negou tudo
Mas sendo subjugado
Com o punhal na costela
Não pode ficar calado!

Na tarde de vinte e sete
Partiram com três volantes
Bezerra, Ferreira de Melo.
Aniceto, comandantes
Para a Grota de Angico
Que chegariam em instantes!
                 
Dois dias antes do combate
O Corisco esteve junto
Com Lampião em Angico
Pra resolver um assunto
Disse que lá parecia
Com uma cova de defunto!
                
Talvez por esse motivo
Resolveu não demorar
Quis aguardar Labareda
Que demorava a chegar
Foi pra margem alagoana
Para poder esperar!

Maria Bonita voltou
Estava recuperada
Cabelo em corte moderno
Tendo a fúria assanhada
Lampião não concordou
Deu com ela uma brigada!
                
Na noite de vinte e sete
Maria subia e sentava
No alto com Sila e Dulce
De longe uma luz brilhava
Acendendo e apagando
Pois a volante chegava!
                            
Pensando ser vagalumes
Naquilo não insistiram
Falavam se fosse presas
Sobre aquilo discutiram
Fumaram foram pras tendas
Todas deitaram e dormiram!
                  
Todos na grota de Angico
Não puderam perceber
Deitaram às vinte e duas horas
E dormiram pra valer
Acordaram às cinco horas
Vendo o dia amanhecer!

E para Nossa Senhora
O Ofício eles rezaram
Não demorou muito tempo
Quando os tiros começaram
Só alguns deles fugiram
E onze mortos tombaram!

Lampião, Maria Bonita.
Nove deles, um soldado.
Morreram nesse combate
Bezerra foi baleado
E o final do cangaço
Foi ali determinado!

O Coronel João Bezerra
Cumpriu com seu ideal
Seu premio foi vinte cinco
Contos de réis no total
Morreu no ano setenta
Com honras de Oficial!
            FIM