CARTA A PAPAI NOÉ (Luis Campos)
Seu moço eu fui um
garoto
Infeliz na minha infânça
Que soube que fui criança
Mas pela boca dos outo.
Só brinquei com os gafanhoto
Que achava nos tabuleiro
Debaixo dos juazeiro
Com minhas vaca de osso
Essa catrevage, sêo moço
Que a gente arranja sem dinheiro.
Quando eu via um gurizin
Brincando de velocipe
De caminhão e de gipe
Bola, revólver e carrin
Sentia dentro de mim
Desgosto que dava medo
Ficava chupando o dedo
Chorando o resto do dia
Só pruquê eu num pudia
Pegar naqueles brinquedo.
Mas preguntei uma vez
A uns fio de dotô
Diga, fazendo um favô
Quem dá isso pra vocês?
Mim respondeu logo uns três
Isso aqui é os presente
Que a gente é inocente
Vai drumí às vêis nem nota
Aí Papai Noé bota
Perto do berço da gente.
Fiquei naquilo pensando
Inté o Natá chegá
E na Noite de Natá
Eu fui drumi mim lembrando
Acordei fiquei caçando
Por onde eu tava deitado
Seu moço eu fui enganado
Que de presente o que tinha
Era de mijo uma pocinha
Que eu mermo tinha mijado
Saí c’a bixiga preta
Caçando os amigos meu
Quando eles mostraram a eu
Caminhão, carro e carreta
Infeliz na minha infânça
Que soube que fui criança
Mas pela boca dos outo.
Só brinquei com os gafanhoto
Que achava nos tabuleiro
Debaixo dos juazeiro
Com minhas vaca de osso
Essa catrevage, sêo moço
Que a gente arranja sem dinheiro.
Quando eu via um gurizin
Brincando de velocipe
De caminhão e de gipe
Bola, revólver e carrin
Sentia dentro de mim
Desgosto que dava medo
Ficava chupando o dedo
Chorando o resto do dia
Só pruquê eu num pudia
Pegar naqueles brinquedo.
Mas preguntei uma vez
A uns fio de dotô
Diga, fazendo um favô
Quem dá isso pra vocês?
Mim respondeu logo uns três
Isso aqui é os presente
Que a gente é inocente
Vai drumí às vêis nem nota
Aí Papai Noé bota
Perto do berço da gente.
Fiquei naquilo pensando
Inté o Natá chegá
E na Noite de Natá
Eu fui drumi mim lembrando
Acordei fiquei caçando
Por onde eu tava deitado
Seu moço eu fui enganado
Que de presente o que tinha
Era de mijo uma pocinha
Que eu mermo tinha mijado
Saí c’a bixiga preta
Caçando os amigos meu
Quando eles mostraram a eu
Caminhão, carro e carreta
Bola, revólver, corneta
E trem elétrico, até
Boneca, máquina de pé
Mas num brinquei, só fiz vê
E resolvi escrevê
Uma carta a Papai Noé.
E trem elétrico, até
Boneca, máquina de pé
Mas num brinquei, só fiz vê
E resolvi escrevê
Uma carta a Papai Noé.
“Papai Noé, é pecado
Os outro se matratá
Mas eu vou le recramá
Um troço que tá errado
Que aos fio de deputado
Você dá tanto carrin
Mas você é muito ruim
Que lá em casa num vai
Por certo num é meu pai
Que num se lembra de mim.
Já tô certo que você
Só balança o povo seu
E um pobe qui nem eu
Você vê, faz qui num vê
E se você vê, porque
Na minha casa num vem?
O rancho que a gente tem
E pequeno mas le cabe
Será que você num sabe
Qui pobe é gente também?
Você de roupa encarnada,
Colorida, bonitinha
Nunca reparou que a minha
Já tá toda remendada
Seja mais meu camarada
Prêu num chamá-lo de ruim
Para o ano faça assim:
Dê menos aos fio dos rico
De cada um tire um tico,
Traga um presente pra mim.
Meu endereço eu vou dá,
Da casa que eu moro nela
Moro naquela favela
Que você nunca foi lá
Mas quando você chegá
Que avistá uma paióça
Cuberta cum lona grossa
Uma porta véia de frande
Cum dois buraco bem grande
Pode batê que é a nossa.
Colorida, bonitinha
Nunca reparou que a minha
Já tá toda remendada
Seja mais meu camarada
Prêu num chamá-lo de ruim
Para o ano faça assim:
Dê menos aos fio dos rico
De cada um tire um tico,
Traga um presente pra mim.
Meu endereço eu vou dá,
Da casa que eu moro nela
Moro naquela favela
Que você nunca foi lá
Mas quando você chegá
Que avistá uma paióça
Cuberta cum lona grossa
Uma porta véia de frande
Cum dois buraco bem grande
Pode batê que é a nossa.
A
SAGA DO HOMEM JUSTO
Merlânio Maia
Contam
que um homem justo
Pai
de família honrado
Homem
de bem exemplar
Caridoso
e iluminado
Morreu
pra Terra e ao subir
Sem
saber aonde ir
Foi
dar na porta do céu
Viu
o anjo do protocolo
Com
um computador no colo
Que
o tratou como um réu
Sentou-se
numa cadeira
E um
computador ligou
Perguntou
o nome do justo
Digitou
e esperou
E
haja a máquina demorar
E o
anjo voltou a olhar
Assoprou,
deu dois suspiros
Mas
surpreso observou
Que
a máquina detectou
Que
o HD tinha vírus
Ouviu-se
um agudo apito
E a
tela ficou travada
O
anjo ligou pro arcanjo
Que
veio dar uma olhada:
-“Desligue
logo o sistema
Que
assim desfaz-se o problema!”
E o
anjo fez esta ação
Mas
quando redigitou
Não
mais ali encontrou
O
homem na relação
Mandou
logo imprimir
A
relação dos fiéis
E o
nome daquele homem
Não
constava nos papéis
E o
anjo tristemente
Disse
ao homem: - “Infelizmente
Não
lhe encontrei no papel
E
sem essa informação
Não
posso dar permissão
Pra
ninguém entrar no céu”
E o
homem resignado
Pediu-lhe
pra informar:
-
“Mas, por favor, me adiante
Devo
ir pra que lugar?”
O
anjo coçou a cabeça
E
disse: -“Não se aborreça
Vou
dizer, mas me consterno
Tenho
o dever de informar
Pois
muito bem! Seu lugar
É lá
embaixo, no inferno!”
Diante
da serenidade
O
anjo surpreendido
Ouviu
do homem: - “Pois bem!
Onde
o caminho escolhido?”
Disse
o anjo: - “É só descer
Lá
embaixo e dá pra ver
É
uma caverna escura
Nem
há controle na porta
Mas
lá a sorte está morta
Pois
a vida ali é dura!”
O
homem logo se despede
Agradece
e vai descendo
E
enfim entra no inferno
E
por ali vai vivendo
Depois
de duas semanas
Chegam
no céu caravanas
Com
o séqüito de Satanás
Param
na porta a gritar
Pedindo
pra convocar
O
santo arcanjo da paz
Diz
o diabo: - “Assim não dá
Só
pode ser terrorismo!!!”
O
Arcanjo sai e pergunta:
-
“Que é isto é anarquismo?”
E o
diabo diz: - “Quem mandou
Me
diga! Quem enviou
Aquele
agente sagaz
Que
desde a sua chegada
Está
mudando a parada
Levando
ao inferno a paz?”
“Valorizando
a equipe
Divulgando
a união
Já
mudou tudo no inferno
Desfigurou,
meu patrão
Ou
vão tira-lo dali
Ou
faço um inferno aqui!”
E o
anjo diz: -“Tenha calma
Que
eu resolvo o mitiê
Já
formatei o HD
E
sei quem é aquela alma!”
“Foi
engano aquele homem
É
puro e é muito justo!”
E
assim mandou buscá-lo
E
este veio a muito custo
Pois
no inferno ele viu
O
seu grande desafio
Do
ambiente transformar
Já
que os sentimentos seus
Sintonizavam
com Deus
Em
todo e qualquer lugar
O
reino dos céus reside
No íntimo do ser humano
São
palavras de Jesus
Resumindo
o nosso plano
Quem
faz de si esperança
Já é
pleno de bonança
E há
amor nos atos seus
Vibra
em outra dimensão
É
feliz e tem razão
Pois
já é Filho de Deus