MINGO, 8 DE MAIO DE 2011
A LENDA DA MÃE
Merlânio Maia
Mãe é tesouro sagrado
Que Deus botou nesse mundo
Fulgor dos céus oriundo
Trazido ao lodo da Terra
Toda mãe tem uma linha
Direta com o Criador
Pois só ternura e amor
O seu coração encerra
Dizem até que quando o homem
Criou-se das mãos de Deus
Ao ver os caminhos seus
Escutava do Divino:
- Pra Terra te enviarei
Muito frágil chegarás
Mas lá iniciarás
As lutas do teu destino
Derramarás muito choro
Pisarás pedra e espinho
Duro será teu caminho
Na busca da perfeição
Porém lá não estarás só
Antes mandarei alguém
Será teu Anjo do bem
A te dar o coração
E eis que te receberá
Enfrentando a própria morte
Um Anjo amoroso e forte
Pra toda necessidade
Seu seio há de te nutrir
Te fará andar, falar,
Sonhar e te preparar
Para ter felicidade
Fará todo sacrifício
Pra que tenhas segurança
Viverá da esperança
Será a tua guarida
Meu caminho ensinará
Velando em noite inteira
Sobre tua cabeceira
Pra te ver feliz na vida
E o homem encorajado
Logo indagou ao Senhor:
- Oh! Meu Deus, meu Criador
E quem tanto amor encerra,
Que Anjo será por mim?
E assim falou-lhe o Senhor
- Seu nome aqui é AMOR
Pra ti será MÃE na TERRA!
Fonte: BLOGGER: POESIA POPULAR NORDESTINA
ORIGEM DA CANTORIA, DO CANTADOR E DA VIOLA
ORIGEM DA CANTORIA, DO CANTADOR E DA VIOLA
ORIGEM DA CANTORIA, DO CANTADOR E DA VIOLA - A nossa poesia
popular floresceu em Provença, sul da Franca, no Século XI, através dos
trovadores Regréis e Jograis. Na Espanha a poesia floresceu através dos
palacianos. Foi em Homero, maior dos rapsodos, cantando as façanhas de Ulisses
diante de Circe e do gigante Polifemo, que Virgílio encontrou a fonte
inspiradora para a realização de sua obra monumental. Eram os trovadores da
Provença, que levaram a alegria aos senhores feudais, enclausurados nos seus
castelos de guerra. Enfim, foi Dom Diniz, maior monarca da Dinastia de
Borgonha, que se proclamou discípulo dos provinciais, em suas cantigas de amigo
e de amor. Todavia, ninguém melhor do que o poeta Antônio Ferreira, de
Portugal, falou de sua grandeza, quando disse: Regeu, edificou, lavrou, venceu,
honrou as musas, poetou e leu". A fusão da poesia local portuguesa com a
poesia dos Trovadores Jograis de Provença fez surgir novas formas poéticas de
linguagem de seus famosos poetas: João Soares de Paiva, Paio Soares de
Traveiros e outros. "Mas, coube ao Brasil o privilégio do aparecimento do
legitimo cantador de Viola, com Gregório de Matos Guerra, que deixava a
Universidade de Coimbra fazendo verso* de protesto a direção daquele
estabelecimento de ensino. Nascido na Bahia, no Sec. XVII e o primeiro doutor
brasileiro. Seguido pelo Padre Domingos caldas Barbosa, que, também,
improvisava ao som da viola". (1). A poesia, atravessando a fase colonial,
veio alcançar seu apogeu na pequena Paraíba de Augusto dos Anjos e de José
Américo, pois quiseram as divindades do Olimpo que, naquele torrão, bendito
pelas sacrossantas musas di longínquo Parnaso, nasceram os maiores cantadores
que tem notícia na história do folclore nacional. "No Nordeste, os
jesuítas catequizavam por meio da poesia por ficar mais fácil de conservar a
mensagem na memória, seguindo assim o estilo da Grécia Antiga". (2).
Ninguém melhor do que o cantador, pode sentir a variedade de quadros de que o
cotidiano nos apresenta. Traz dos sertões para as cidades o retrato da
natureza, na sua expressão criadora, bem como o do rigor que castiga dentro de
suas leis imutáveis. No entender de alguns estudiosos (intelectuais) o cantador
tem uma imagem completamente distorcida da sua formação verdadeira. Isto porque
já foi registrada a presença de cantadores caracterizados de vaqueiros, por
incumbência de pessoas que fazem folclore com pouca profundidade no assunto.
Então havemos de concluir que o cantador, o legítimo repentista, e o mais feliz
dos imortais, porque seu mundo não é o da maldade, não é do egoísmo, e, sim, o
doce paraíso das imaginações criadoras. Citaremos a sábia e patriótica
expressão de Antônio Girão Barroso, conhecido escritor cearense: "Ai do
país que abandona as raízes da cultura". A cantoria de versos*
improvisados ao som da viola é uma arte que floresceu no meio rural do
Nordeste, especialmente no sertão, e que só aos poucos vem conquistando público
das grandes cidades. A razão principal desse fato e possivelmente, o número
crescente de pessoas que se deslocam do interior para as metrópoles em busca de
melhores condições de vida, e levando consigo hábitos culturais profundamente
enraizados. "No começo deste século, a figura tradicional do cantador era
a do indivíduo de inteligência aguda, escassas condições financeiras, muitas
vezes analfabetos ou pouco letrados, cantando de feira em feira seus versos*
geniais que garantiam a própria subsistência". (3). Embora o tema - nomes
e datas fundamentais em torno dos poetas populares no Nordeste - já tenha sido
rastreado por numerosos autores, vamos resumir o que Atila de Almeida
condensou, a propósito, em recente ensaio intitulado "Réquiem para a
Literatura Popular em verso*, também dita de cordel", in "Correio das
Artes", João Pessoa, 01.08.1982. "1830 é considerado, historicamente,
o ponto de partida da poesia popular nordestina. Em torno dessa data nasceram
Urgulino do Sabugi - o primeiro cantador que se conhece - seu irmão Nicandro,
ambos filhos de Agostinho da Costa, o Pai da Poesia Popular". (4).
Nascidos na Serra do Teixeira (PB), entre l840 e 1850, foram seus
contemporâneos os poetas Germano da Lagoa, Romano da mãe D'Agua e Silvino
Pirauá. E já contemporâneos destes, Manoel Caetano e Manoel cabeleira. São os
mais antigos cantadores conhecidos, todos chegando a década que se iniciou em
1890. A década que começou em 1860 viu nascer grandes nomes, como João
Benedito, José Duda e Leandro Gomes de Barros. Mais adiante, na década que se
iniciou em 1880, nasceram Firmino Teixeira do Amaral, João Martins de Ataíde,
Francisco das Chagas Batista e Antônio Batista Guedes. Diferente do que
acontecia em qualquer parte do Brasil, sabe-se que no Nordeste, o cantador
independia de acompanhamento. No fim de cada pé, terminando-se cada linha do
verso*, dava um arpejo na viola ou rebeca. Entre um verso*(estrofe*) e o
seguinte, entoado pelo antagonista executava-se algum trecho musical, alguns
comparsos. "Os velhos cantadores do Sertão Nordestino do Brasil só tocavam
as violas ou soavam os pandeiros nos intervalos dos cantos. Desafio*
simultaneamente acompanhado da viola é posterior a 1920 " (5). "
Nossos repentistas, cantadores e poetas populares, foram, no entanto, até cerca
de 1920 ou de 1930, uma expressão de intelectuais dos sítios, das fazendas, das
vizinhanças, do mundo em que vivera. Os desafio*s dos violeiros são tão velhos
quanto o mundo" (6). A viola, como as demais criações do homem, tem sua
presença marcante desde sua criação, até os dias atuais. A viola é um
instrumento de caráter onomatopáico*, embora haja quem lhe atribua origem
germânica. É a designação genérica de uma família de instrumentos de corda,
tocados com arco de crina, produzindo som mais melancólico, menos claro e de
timbre nasal. O primeiro instrumento do cantador sertanejo parece ter sido a
viola, menor que o violão (guitarra espanhola), do qual não há notícia, entre
nós, antes do Sec. XVIII. A viola de pinho, viola de arame, com 5 ou 6 cordas
duplas, é citada entre outros aqui, pelo Padre Fernão Cardim. Antigamente,
depois de cada vitória o cantador amarrava uma fita colorida em suas
cravelhas*. Entre os poetas populares, ainda preserva-se algumas superstições
quanto ao uso da viola. Diz-se que esse instrumento sofre a influência da lua.
Na lua nova e na força da lua não se guarda viola afinada, porque ela pode
ficar corcunda, entortar e rebentar as cordas. Madeira para viola deve ser
cortada nos meses que não tem "r": maio, junho, julho e agosto, e na
minguante, para nunca apanhar caruncho* . Há um certo consenso entre os cantadores,
que o repentista que se preza não carrega viola debaixo do braço, e sim, na
mão, segurando-a pelo braço. A viola é uma mulher e quem sai com ela na rua, a
leva de braço dado. A axila é lugar de escorar a muleta e não a viola, que
carregada debaixo do braço fica reumática, não afina mais, fica mancando das
cordas. A viola foi difundida na Europa no Sec. XIV. Ela surgiu depois da
rebeca* medieval e antes da atual família de violinos. É possível que tenha
sido o primeiro instrumento de cordas que o Brasil conheceu, importado de
Portugal. Os jesuítas a empregavam nos seus trabalhos de catequese junto com o
pandeiro, tamborim e a flauta de madeira. Lendo a antologia de nossos poetas
populares, constatamos que somente três cantadores, não apropriavam-se do
recurso da viola: Inácio da Catingueira( Manoel Luis de Abreu), negro,
ex-escravo; e Fabião das Queimadas ( Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha),
norte-riograndense, que cantaram no século passado, utilizando um pandeiro e
Cego Aderaldo (Aderaldo Ferreira de Araujo), que cantava acompanhado ao som de
sua rabeca* . A cantoria quase sempre dura duas horas, as vezes até noites
inteiras. Geralmente, o desafio* se desenrola num tremendo duelo, numa
verdadeira briga poética, cuja arma o verso* rápido, gracioso e pitoresco, cheio
de vivacidade e vigor. Os cantadores do Ceará e dos Estados Nordestinos,
diferem muito dos cantadores de outras regiões do país, pelas modalidades que
adotam e pela melodia que acompanham os seus repentes, ao calor das pelejas*.
"Nas festas populares, nos festejos folclóricos é indispensável a presença
desses trovadores, um dos pontos altos do folclore cearense". (7).
CONCEITO DE CANTADOR - VISÃO DOS MESTRES Silvio Romero, foi o nosso primeiro
homem de letras a se interessar pelos motivos populares, inserindo em livros e
lendas, as superstições, os cantos e contos populares no Brasil. Segundo ele, o
cantador é homem de poucas letras, rústico, sem conhecimento de gramática ou
quase sempre analfabeto; e o cantador violeiro, intérprete fiel, dos costumes, das
histórias e do heroísmo de seu povo, esse audaz e intrépido povo nordestino. Na
visão de Luís Câmara Cascudo, que tem dedicado a maior parte de sua vida ao
folclore, assim define cantador: - "Representantes legítimos de todos os
bardos menestréis". Gustavo Barroso, falando sobre a poesia popular,
afirma " a poesia é sempre obra de indivíduos cultos ou semicultos, que
desce ao povo, se batiza nas águas lustrais de seu oralismo e se espalha pelo
mundo como um pólen fecundante". Manoel Bandeira, nome respeitabilíssimo
de nossas letras, confessa-se humilde, diante do cantador, conforme registro
que fez em seu livro estrela da Tarde: " ... que poeta é quem inventa em
boa improvisação, como faz Dimas Batista e Otacílio, seu irmão, como faz
qualquer violeiro, bom cantador do sertão". Guilherme Neto conceitua os
cantadores, ou violeiros repentistas, são cantores populares, os geniais poetas
e versejadores do sertão. Andam sempre em duplas, com a viola dentro de um
saco, muitas vezes a pé, ruminando o debate, preparando perguntas, arrumando as
idéias, dando asas a imaginação. "cantador ou simplesmente repentista -
poeta popular da região nordestina, que ao som da viola, duplado, decantam seus
versos*, encantando os rincões brasileiros". (15). Na concepção de Leonardo
Mota (Dr. Leota), anos a fio empreendeu várias excursões pelo "interland*
cearense ", vendo de perto, anotando e escrevendo as mais belas sugestivas
páginas do folclore brasileiro, como sendo a figura do cantador violeiro, o
representante legítimo do povo nordestino - são os poetas populares que
perambulam pelos sertões, cantando versos* próprios e alheios; mormente os que
não desdenham ou temem o "desafio*", peleja* intelectual em que,
perante o auditório, ordinariamente numeroso, são postos em evidência os dotes
de improvisação de dois ou mais vates matutos. Segundo Luis Wilson, o cantador
é como o rapsodo canta acima do tom em que o instrumento é afinado e abusa dos
agudos. É uma voz hirta, dura, sem sensibilidade, sem floreios, sem doçura.
Canta quase gritando, as veias intumescidas pelo esforço, a face congesta, os
olhos fixos para não perder o compasso, não musical, que para eles é quase sem
valor, mas a cadência, o ritmo, que é tudo. No entendimento de Pedro Ribeiro,
no livro intitulado: "Nos Caminhos do Repente", de sua autoria,
equivale dizer cantador ou violeiro, para definir como sendo o representante
máximo do repente. Com invulgar poder criativo, os menestréis do passado
ampliaram consideravelmente o acervo do repente com a criação de novos estilos.
Na visão de Orlando Tejo, no livro: "Zé Limeira, poeta do absurdo",
sintetiza o que vem a ser cantador: Os cantadores constituem imensa legião de
homens que amam, sonham, sofrem e brincam de viver no mundo, pescando estrelas,
caçando ilusões, plantando tardes, colhendo auroras, levando a sua imagem sutil
e profunda, tímida e vigorosa ao povo ávido de poesia que os ouve embevecido.
Inúmeras são as conceituações desses rapsodos da poesia nordestina, se levarmos
em consideração a expressão literal da palavra e a função desses mensageiros do
improviso e da felicidade. A pesquisa não deteve-se muito a outras concepções
de pesquisadores de cultura popular, por considerar que o assunto será bastante
enfatizado nas páginas seguintes da monografia, procurando mostrar a
importância do poeta-repentista do nordeste brasileiro. ESTILOS DE CANTORIAS
Origem de alguns gêneros e outros estilos de cantoria A região nordestina
assinalada pelo estigma da seca, marcada no quadro dantesco do sertão adusto,
com suas árvores atrofiadas e nuas, é a terra onde nascido e vivido, sofrendo e
cantando, os maiores valores da poesia popular, expoentes da inteligência
inculta, mestres consumados nos repentes, insuperáveis nos improvisos. Diversos
são os gêneros da poesia popular do nordeste brasileiro. Além de vários gêneros
poéticos adotados pelo violeiro sertanejo, cantando só, ou alinhando em dupla
para o desafio*. Estas não se acorrentaram a regras imutáveis,
inexpressivamente sem vibração. Ao contrário, quase todas as formas vem evoluindo,
adquirindo plasticidade, tomando feição renovadora, apurando o estilo,
progredindo. Essas matizes, muitas vezes revelando um colorido cintilante,
ostentando o poder imaginativo, comparativamente aos arranjos musicais
celebrizando compositores, atestam o processo evolutivo, reformista, na arte de
cantador nordestino, no decurso do século vigente. A cada estilo de cantoria,
para tornar mais fácil ao leitor entender a sua conceituação, exemplificamos
com glosas* e repentes de vates nordestinos, decantados na Região Jaguaribana.
Entre as criações dos poetas clássicos, que vieram a ser usadas pelos nossos
repentista, estão as modalidades a seguir especificadas: SEXTILHAS -Talvez, por
ser mais fácil, seja o gênero mais preferido pelos nossos cantadores, principalmente
no início das apresentações. Seu criador foi Silvino Pirauá Lima. A sextilha é
uma estrofe* com rimas deslocadas, constituída de seis linhas, seis pés ou de
seis versos* de sete silabas, nomes que tem a mesma significação. SETE LINHAS
OU SETE PÉS - No inicio do século atual, o cantador alagoano Manoel Leopoldino de Mendonça Serrador fez uma
adaptação a sextilha, criando o estilo de sete versos*, também chamado de sete
pés, rimando os versos* pares até o quarto, como na sextilha; o quinto rima com
o sexto, e o sétimo com o segundo e o quarto. MOURÃO - Muito interessante é o
Mourão, gênero que se canta em dialogo. Sua forma originaria, de seis versos*,
foi substituída pela de cinco, ainda no século passado. O Mourão, na sua
essência, conceitua-se como o desafio* natural. Gênero poético dos mais
difíceis nunca desdenhado pelos nossos repentistas, ajusta-se melhor a denominação de trocadilho, porque, em
dialogo, os articulistas se revezam nos versos* e nas estrofes*. Exemplificamos
aqui, apenas uma de suas variantes, no caso, "o mourão voltado".
DÉCIMA - embora de origem clássica, é a décima um estilo muito apreciado, desde
os primórdios da poesia popular, principalmente por ser o gênero escolhido para
os motes, onde os cantadores fecham cada estrofe* com os versos* da sentença
dada, passando a estância a receber a denominação de glosa*. GALOPE A BEIRA MAR
- Gênero muito apreciado pelos apologistas da poesia popular, juntamente com o
martelo, recebeu a denominação de décima de versos* compridos. O galope e assim
chamado em virtude de ser empregado mais em temas praieiros. Foi criado pelo
repentista cearense "Zé Pretinho", natural da cidade de Morada Nova.
TOADA ALAGOANA - é um gênero pouco usado, porém muito bonito, em virtude das
rimas encadeadas de forma agradável a toada. REMO DA CANOA - Estilo originário
das emboladas de côco, recentemente adaptado para as cantorias de viola, uma
inovação do poeta repentista Ivanildo Vilanova. Sua toada melodiosa é muito
bonita e suave, sendo bastante apreciada pelos apologistas da poesia popular.
BRASIL CABOCLO - Considerado um dos estilos mais preferidos pelo repentista
nordestino. Consiste em uma estrofe* de dez versos* de sete sílabas, semelhante
ao estilo da décima, isto é, seguindo o mesmo sistema das estrofes* de dez
linhas. MARTELO AGALOPADO - O martelo atual, criação do genial violeiro
paraibano Pirauá Lima, e uma estrofe* de dez versos*, em decassílabos,
obedecendo a mesma ordem de rima dos versos* da décima. Todavia, sua
denominação não vem do fato de ser empregado como meio de os cantadores se
martelarem durante suas pugnas*. Sua significação esta ligada ao nome do
diplomata francês Jaime de Martelo, nascido na segunda metade do Sec. XVII, que
foi professor de Literatura da Universidade de Bolonha, portanto, o criador do
primeiro estilo. O BOI DA CAJARANA - A transformação de mote em estilo da
cantoria tem sido a principal criação da Literatura de Cordel Oral, nas últimas
décadas do século XX.De autoria de Ivanildo Vilanova e Adauto Ferreira,
originou-se do mote: "Eu quero o boi amarrado/No pé da cajarana. A
consagração do estilo foi muito rápida, mesmo com a quebra da métrica no
segundo verso* do mote. O QUE É QUE ME FALTA FAZER MAIS - Derivado da décima, O
Que é Que Me Falta Fazer Mais, é um mote decassílabo, que transformou em gênero
pela extraordinária aceitação popular. Rico em conhecimentos e doce em
musicalidade, tende a permanecer por muito tempo, na primeira linha da
preferência dos amantes da cantoria. GEMEDEIRA - Pela própria denominação do
gênero, vemos que serve para temas gracejantes. É a gemedeira um estilo de
poesia, caracterizado pela interposição de verso* de quatro, ou, raramente duas
silabas, entre a quinta e a sexta linha das sextilhas, formado pelas
interjeições: " ai e ui! ou ai! hum! Esse estilo, geralmente é cantado de
forma jocosa e humorística. QUADRÕES - ao longo do tempo, o quadrão tem sido o
gênero a receber o maior numero de alterações, não só na sua forma interna,
mas, também, na estrutura das estrofes*, em geral. REBATIDO - É originário da
oitava com versos* septíssilabos. Os versos* dois e quatro terminam,
obrigatoriamente com "ido", para rimar com estribilho "No
oitavão rebatido", na última linha da estância. DEZ PÉS DE QUEIXO CAÍDO -
este gênero, ainda em voga, esta incluído na décima, apresentado, no final de
cada estrofe*, este estribilho: " Nos dez de queixo caído". ROJÃO
PERNAMBUCANO - Diz-se de uma estância de dez versos* heptassílabos nos dois
últimos versos*, repetidos pelos cantadores. Esse gênero foi gravado pelos cantadores
Ivanildo Vilanova e Severino Feitosa. ROJÃO QUENTE - É mais uma das recentes
criações originárias do mote, que vem, ultimamente, oferecendo novos estilos ao
já expressivo acervo do repente. Coqueiro da Baia/quero ver meu bem agora/quer
ir mais eu vamos/quer ir mais eu vambora. A obrigatoriedade de metrificação é
apenas para a sextilha, que utiliza versos* sete sílabas, com a CANTORIA mesma
métrica e acentuação. Estilo bastante utilizado para encerrar as cantorias. Não
há na Literatura Popular Nordestina, uma divisão clássica da cantoria de viola,
propriamente dita, dentro do seu aspecto conceitual. Consultando diversos
autores do gênero, concluímos que nas cantorias de Literatura Oral do Nordeste,
encontramos dois tipos de poesias; um, tradicional que está sempre na memória
dos cantadores, e que serve justamente para encher o tempo, denominada de
"Obra Feita"; outro, é o improvisado, é o repente, o verso* do
momento, dito face um fato momentâneo, ou a propósito de uma pessoa presente.
Este último é o autêntico improviso, muito comum, sobretudo no desafio*.
Conversando com poetas-repentistas e apologistas da poesia matuta, foi possível
identificarmos os tipos de cantorias mais utilizados da atualidade, sem
prejuízo do conceito retro-citado. Essas conceituações, podem ser modificadas,
é lógico, com um estudo mais acurado sobre o assunto. A divisão abaixo, a nosso
modo, parece ser a que mais retrata a realidade presente, sem contudo, perder a
essência da poesia decantada e improvisada ao som da viola. (Ouvindo
atentamente as pessoas consultadas, constatamos que a cantoria pode ser
classificada em seis variantes a seguir: I) Pé de Parede; II) Dos Compadres;
III) Especial; IV) Ocasional; V) Convencional; e VI) De Feira. Para melhor
entendimento do leitor, procuramos definir cada uma das modalidades, consoante
declarações dos entrevistados, objetivando dar uma noção geral das variedades
de cantorias no Nordeste Brasileiro. 1) Cantoria "Pé de Parede" -
Essa modalidade freqüentemente utilizada, após o término dos festivais de
violeiros. Os poetas-repentistas são solicitados para fazerem suas
apresentações para um pequeno número de apologistas admiradores da poesia
matuta. Geralmente, apresenta-se duas ou mais duplas, com a utilização da
famosa bandeja*. É chamada Pé de Parede, pois, os cantadores ficam encostados
em uma parede, sentados em duas cadeiras, sem recurso de som ou palco de
cantoria. 2) Cantoria dos Compadres - É a forma que está mais sendo utilizada
atualmente. O cantador aproveitando o espaço radiofônico de seu programa, para
marcar cantoria com compadre, amigo e/ou parente próximo, de livre e espontânea
vontade, sem o prévio entendimento com o dono da festa. Essa foi a única
maneira que o repentista encontrou para realizar as suas cantorias. 3) Cantoria
Especial - Como o próprio nome diz, ela é realizada em circunstâncias
especiais. É muito comum esse tipo de cantoria em festas de casamento,
batizado, bodas de ouro, aniversário, etc. O promovente contrata os
poetas-repentistas por um preço justo e convida amigos e parentes das
localidades próximas a se fazerem presentes a festa. 4) Cantoria Ocasional - É
pouco usual nos dias atuais, todavia, ainda é praticada em algumas regiões do
país. É aquela em que o cantador viajando; chegando a um determinado lugar,
pede autorização ao dono da casa para realizar uma cantoria. Este, aceitando o
pedido, responsabiliza-se por convidar amigos e vizinhos da localidade, para
assistirem a peleja*. 5) Cantoria Convencional - É a chamada famosa cantoria
tradicional. Com o advento da televisão, do rádio, do cinema, etc., se não
houver um incentivo por parte dos órgãos competentes, tende a desaparecer com o
passar dos tempos. Consiste na porfia* em que o promovente convida os
poetas-repentistas para decantarem em sua residência, por uma quantia
pré-estabelecida entre as partes, para uma platéia de apologistas presentes ao
embate-poético. Essa gradativamente está sendo substituída pela cantoria dos
compadres. 6) Cantoria de Feira - É aquela em que seu desenlace se dá em feiras
livres ou em botecos e bares adjacentes. Muito embora seja bastante utilizada
por alguns violeiros, no entanto, não é apreciada pela maioria dos menestréis
da viola. Essa forma de cantoria é muito criticada pelos cantadores
profissionais, pois, consideram um desagravo a profissão de cantador, haja
vista, que a noção que se tem é que essas pessoas cantam seus verso*s por uma
quantia ínfima de dinheiro, prejudicando os grandes talentos da poesia popular
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