O Rei e o Carvoeiro
José
Edimar
A
família é no universo
Primeira
comunidade,
Do
amor e vital célula
Tendo
ela capacidade,
Na educação
primeira
Pra
nova sociedade.
Na
família estruturada
A
pessoa que nasceu,
Trás
limites e respeito
Que
dentro dela aprendeu,
Valores
que no futuro
Transborda
em quem recebeu.
Quando
um filho é bem amado
Nunca
abandona seus pais,
Ao
contrário, cuida deles
Pois
tem valores morais,
Com
todo apoio e conforto
Porque
sente amor demais.
01
Num
reino muito distante
Existiu
um rei bondoso
Que
se dedicava aos súditos
Sendo
amável e cuidadoso,
Chegando
o próprio povo
Achar
o rei generoso.
Todo
ano nesse reino
Uma
festa esse rei dava,
Onde
reunia o povo
Toda
vez que festejava,
Havendo
harmonia e paz
Todo
reino se alegrava.
O
grande acontecimento
Garantia
a animação,
Bebida
e comida boa
Tinha
mais uma atração,
Encerrando
com um prêmio
Por
uma adivinhação.
Aquele
que adivinhasse
Grande
prêmio recebia,
Que
era dinheiro e roupa
E dava
o rei garantia,
Dar
durante o ano inteiro
A comida
e a moradia.
02
E
durante muitos anos
O
movimento ocorreu,
Mas chegou
em uma época
Quando
não apareceu,
Nenhuma
adivinhação
Ela
não aconteceu.
Foi
num prazo de dez anos
Que
a festa não ocorria,
Todo
povo ficou triste
Reclamando
todo dia,
A tristeza
em todo canto
Que
até o rei sofria.
A vida
ficou monótona
Não
deu para aguentar,
O
rei com armas de caça
Saiu
pra passarinhar,
Contemplando
a natureza
Para
poder melhorar.
Quando
ele andou bastante
Já
se sentindo cansado,
Sentou-se
sobre uma sombra
Quando
olhou para outro lado,
Viu
um homem trabalhando
Cantando
muito animado.
03
Ficou
o rei curioso
Pois
ali estava ouvindo,
Um
homem alegre cantando
No
mato se divertindo,
Por
causa dos dentes brancos
Viu que
ele estava sorrindo.
Levantou
devagarinho
Chegando
onde ele estava,
Perto
de uma caeira
Que
ainda fumegava,
Ele
tirando o carvão
Quando
ainda fumaçava.
Vendo
o fogo o rei falou:
–
Deixe o carvão esfriar,
Fica
mais fácil o trabalho
Depois
que o fogo apagar,
É
bom que não queima o cesto
E melhor
pra transportar.
Disse
ele: rei meu senhor
É
que estou apressado,
Trabalho
sozinho e faço
Esse
serviço pesado,
Também
tem outro motivo
Que
me mantém animado.
04
–
Vivo pagando uma conta
Desde
cedo adquirida
Essa
conta só termina
Se o
credor fizer partida,
E estou
creditando outra
Pra
pegar no fim da vida.
Disse
o rei: pois necessita
--
Dum bom dinheiro ganhar,
Acho
que com o carvão
Pra
família sustentar,
Com
certeza nada sobra
Se
ainda quer emprestar.
Disse
o homem: oh majestade
Não
me coloque em apuro,
Pois
desse carvão depende
Meu
passado e meu futuro,
Com
juro eu pago uma conta
E a outra
empresto a juro.
– Me
conte isso direito
Disse
o rei, quero entender,
Como
paga a parte a juro
Quando
começou dever,
E o
que vem emprestando
Quando
pensa em receber?
05
Respondeu
o carvoeiro:
–
Antes que eu fosse nascido,
Meu
pai me alimentou
Pra que
eu crescesse nutrido,
Quando
precisou de mim
Não
me fiz de esquecido.
Meus
pais hoje estão comigo
No
sustento estou mantendo,
Não
podem mais trabalhar
Todo
dia estão comendo,
E
assim estou pagando
Aquilo
que estou devendo.
A
conta é paga com juros
Foi
adquirida quando,
Esperavam
eu nascer
Dali
foi acumulando,
Enquanto
eles viverem
Essa
conta vou pagando.
O
dinheiro que empresto
Vem
sendo depositado,
Num
lugar muito seguro
Por
ninguém será roubado,
Quando
eu precisar recebo
Por
enquanto está guardado.
06
Os
meus filhos no futuro
Saberão
que sustentei,
Então
me sustentarão
Com
certeza eu saberei,
Que
já estou recebendo
Tudo
quanto emprestei.
O
rei ficou tão perplexo
Que
se sentia suspenso,
Levara
a maior lição
Sentia
seu corpo tenso,
Sem
saber o que falar
Passava
no rosto o lenço.
Quando
passou um bom tempo
Foi
que começou falar,
Oferecendo
dinheiro
Para
poder lhe ajudar,
De
maneira alguma podia
Aquela
história contar.
E
jurou pena de morte
Se
ele contasse um dia,
Porém
deu uma condição
Como
ele escaparia,
Se
contasse aquela história
Qual
jeito perdoaria.
07
Perguntou
o Carvoeiro:
–
Como poderia ser,
Disse
o rei mostrando rosto:
– Se
cem vezes puder ver,
Meu
rosto conte a vontade
Que
nenhum mal vou fazer.
– Se
meu rosto por cem vezes
Avistar
vai perdoado,
Do
contrário você morre
Lhe
deixo logo avisado,
Vou
indo e só voltarei
Para
matá-lo enforcado.
Quando
o rei saiu dali
Começou
ele a pensar,
Que
nunca o rei veio ali
Querendo
lhe visitar,
Agora
ou guarda o segredo
Ou o
rei manda matar.
Ainda
deixou dinheiro
Mas
é pequena a quantia,
Não
tenho pra quem contar
Parece
que o rei sabia,
Por
isso é que seu segredo
Aqui vai ter garantia.
08
–
Melhor mesmo é trabalhar
Vou
cuidar do meu carvão,
De
onde sai meu dinheiro
Pra
minha alimentação,
E
dos que de mim dependem
Essa
é minha obrigação.
Quando
o rei chegou à corte
Estava
muito contente,
Com
nova adivinhação
Mandou
reunir sua gente
Dizendo:
vamos ter festa
Tudo
vai ser diferente.
O
que estou trazendo agora
Não
vi nada parecido,
Se
alguém souber explicar
Vai
ter nome conhecido,
Dentro
e fora desse reino
Pra
nunca ser esquecido.
Vale
pra qualquer pessoa
Que desse
enigma souber,
Dando
resposta correta
No
momento que disser,
Vai
desfrutar nesse reino
De
tudo que aqui tiver.
09
Virá
pra esse palácio
Consigo
eu dividirei,
Sendo
nosso adivinhão
Com
muito gosto darei,
As regalias
que são
Garantidas
a esse rei.
Quero
dar quatro semanas
Pra ninguém
ficar de fora,
O tempo
é suficiente
Não
dar pra perder a hora
Ouçam-me
com atenção
O
que vou falar agora:
– Sustento
minha família
Trabalhando
muito duro,
Pagando
conta passada
Dinheiro
emprestado a juro,
E
vou emprestando outra
Pra
garantir meu futuro.
Com
salário é equivalente
Dum
trabalhador braçal,
Sustento
minha família
Meu
passadio é normal,
Pagando
e empresto a juro
Desse
mesmo capital.
10
Disseram:
é Impossível
Pra
alguém se sustentar,
Com
salário tão pequeno
Comer
e ainda pagar,
Dinheiro
emprestado a juro
E
sobrar pra emprestar.
Disse
o rei: antes da festa
Vocês
precisam saber,
Da resposta
que preciso
Procurem
compreender,
Se alguém
for inteligente
Tem
tempo pra responder.
Todos
foram para casa
Assim
que o rei terminou,
Tinha
um vassalo da corte
Que
a noite inteira passou,
Em
procura da resposta
Mas nada
lhe adiantou.
Nos
primeiros quinze dias
Todos
quase não dormiram,
Procurarando
dia e noite
Todos
eles insistiram
Empenhado
o tempo inteiro
Porém
nada descobriram.
11
O
vassalo já cansado
Porém
não quis cochilar,
Saiu
cedinho de casa
Foi
no mato procurar,
Uma
resposta sensata
Pois
queria decifrar.
Andou
de manhã e a tarde
E
saiu no carvoeiro,
Que
trabalhava apressado
No
rojão o dia inteiro,
O
vassalo ali perdido
Por
dentro do tabuleiro.
– De
onde você vem vindo?
O carvoeiro
perguntou,
Parece
que está perdido
Mas
já que aqui chegou
Precisando
duma ajuda
Me diga,
que pronto estou.
Respondeu:
ando perdido
De
tanto virar o mato,
Há
vários dias não durmo
Com
meu rei fiz um contrato,
Pra
desvendar um enigma
Tenho
que cumprir meu trato.
12
Mas
acho muito difícil
Ter
quem possa esclarecer
Aqui
dentro desse mato,
Já
quis me arrepender,
Talvez
seja uma invenção
Não
há quem possa saber.
Mas
se aparecesse alguém
Que
esse segredo me desse,
Que
eu pudesse lhe explicar
Na
hora que o rei quisesse,
Garanto
que eu pagaria
Todo
valor que pudesse.
Perguntou-lhe
o Carvoeiro:
–
Diga-me se pagaria
Com
cem moedas de prata
Que
além do valor do dia
Trouxesse
o rosto do rei
Como
a maior garantia?
O
vassalo respondeu:
–
Sou bem capaz de pagar,
Cem
moedas como disse
Se acaso
alguém me contar,
Revelando
o tal segredo
Que
o prêmio eu possa ganhar.
13
Dou-lhe
ainda a garantia
De
nunca contar ao rei
Do
segredo revelado
Como
a resposta encontrei
Embora
ele me aperte
Juro
que não contarei.
Quis
saber logo o segredo
Estava
muito apressado,
Disse
o carvoeiro: calma
Que
ele será revelado,
Que
não vou manter comigo
Nenhum
segredo guardado.
O
vassalo assim falou:
–
Vivo sempre trabalhando,
Pra
sustentar a família
Pouco
dinheiro ganhando,
Pagando
o que devo a juro
E a
juro ainda emprestando.
É
essa a adivinhação
Que
o nosso rei propôs,
E
pediu pra corte inteira
Uma
resposta depois
Quando
ele fizer a festa
Do
enigma que propôs.
14
O carvoeiro
então disse:
–
Pois me apareça aqui,
Venha
trazendo as moedas
Do
jeitinho que pedi,
Depois
do fim da semana
Pode
vir que consegui.
Lembre-se
das cem moedas
Fique
sabendo o senhor,
Por
mim só serão aceitas
Não
importando o valor,
Precisa
ter num dos lados
O
rosto do imperador.
Assim
os dois combinaram
O
vassalo então saiu,
Quando
chegou na cidade
Cem
moedas conseguiu,
No
dia determinado
Para
o encontro partiu.
Quando
chegou lá no mato
Encontrou
o carvoeiro,
Cuidando
do seu carvão
Que
nem ligou pra o dinheiro,
O
vassalo pensou logo:
–
Esse aí trapaceiro!.
15
Chegando
ao final do dia
O
vassalo impaciente,
Quando
veio o carvoeiro
Dizendo-lhe
sorridente:
–
Queria ver se o senhor
Era
um homem persistente.
Pois
é nessa garantia
Que
eu pretendo apostar,
Que
é pra chegar na corte
Disso
sempre se lembrar,
Nosso
acordo é um segredo
Pra
o rei não desconfiar.
Estou
correndo perigo
Por
está traindo o rei,
Mas
estou fazendo isso
Porque
de nada gostei,
Da
resposta que me fez
Ouça
bem o que falei:
–
Veja que o pobre trabalha
E não
ganha quase nada,
Porém
do pouco que arranja
A
família é sustentada,
Ele,
mulher pai e mãe
Também
toda filharada.
16
E
quando acontece isso
Tudo
vai realizado,
O
dinheiro pago a juro
É
ter seus pais sustentado
E
quando alimenta os filhos
É o
dinheiro emprestado.
Que
os filhos no futuro
Também
vão lhe sustentar,
O
vassalo ouvindo isso
Começou
a gargalhar
Voltou
feliz com a resposta
Querendo
o prêmio ganhar.
Só
faltava uma semana
Ninguém
de nada sabia,
Ele
já tinha a resposta
Esperava
aquele dia,
Como
estava muito eufórico
Pulava
só de alegria.
Quando
passou a semana
Chegou
o dia sagrado,
Tudo
quanto precisava
Foi
sendo organizado,
Que
alguém trouxesse a resposta
Era
na festa aguardado.
17
Quando
a festa começou
Todo
mundo apreensivo,
Que
ninguém tinha resposta
Fosse
o rei compreensivo,
Talvez
a preocupação
Fosse
por esse motivo.
Naquela
hora o rei chegou
Pediu
pra música parar,
E
falou: chegou a hora
Pra
quem sabe adivinhar,
Preciso
duma resposta
Vamos
ver quem vai falar.
Ficaram
todos calados
O
rei ali aguardando
A
resposta do enigma,
Estava
se inquietando
Quando
o vassalo partiu
Para
o seu lado acenando.
O
rei pediu ao vassalo
Pra
que se adiantasse,
Que
a resposta do enigma
Com
calma o povo aguardasse,
A corte
inteira esperava
Era
bom que escutasse.
18
Disse
o vassalo: senhores
Em
nome da realeza,
Vossa
real majestade
Prometo
usar de franqueza,
Garantida
em juramentos
Dadas
pela Vossa Alteza.
Com
garantias do rei
Ele
começou falar:
–
Com o meu salário tenho
Que
a família sustentar,
E
pagar dinheiro a juro
E sobrar
para emprestar.
E a
resposta do enigma
Traz
no significado,
Os meus
pais me sustentaram
Foi
o dinheiro emprestado,
Hoje
eu sustentando eles
Pago
a conta do passado.
Essa
conta vem com juros
Porque
não existe um prazo
Ela
é paga em hora certa
Pois
nunca tolera atraso,
Só termina
com a morte
Não
acaba noutro caso.
19
Dinheiro
emprestado a juro
É o
mesmo investimento,
Dou
sustento aos meus filhos
Até
chegar o momento,
Que
eu não possa trabalhar
Eles
me darão sustento.
Disse
ele: rei meu senhor
A
resposta é essa aqui,
E na
presença de todos
Seu
enigma eu respondi,
Mas
me recuso a dizer
De
que forma consegui.
Toda
assembléia de pé
Gritou
entusiasmada:
– Nosso
rei garantirá
Não
precisa dizer nada,
Só a
resposta interessa
E
essa, aqui já foi dada.
Disse o rei: não é preciso
Tudo foi esclarecido,
Mas somente ele sabia
Que tinha sido traído,
Saiu sorrateiramente
Sem ninguém ter percebido.
20
Na manhã do outro dia
Com as armas foi ao mato,
Pois não pretendia deixar
Aquele assunto barato,
Procurava o carvoeiro
Para esclarecer o fato.
Chegou lá e o carvoeiro
Nas caeiras não estava,
Já sabendo que o rei
Bem cedo lhe procurava
Apareceu só à tarde
Mas o rei inda o aguardava.
Vendo o rei quis disfarçar
Mas o ele gritou ligeiro,
– Você hoje é réu de morte
Mas me diga carvoeiro,
O que fez trair seu rei
Quanto ganhou em dinheiro?
Respondeu-lhe: o carvoeiro
Nenhum dinheiro daria,
Para eu trair Vossa Alteza
Que não me perdoaria
Caso eu pegasse o dinheiro
Seja
qual fosse à quantia.
21
O rei disse: não podia
Nossa resposta contar,
Só se visse por cem vezes
Meu rosto em algum lugar,
Do contrario não existe
Outra forma de escapar.
Ele ali virou o saco
De moedas sobre o chão,
Dizendo: veja o senhor
Olhe com toda atenção,
Que elas trazem seu rosto
Reconheça no brasão.
O rei quase que desmaia
Quando o rosto apareceu,
Num dos lados da moeda
E ali reconheceu,
Que o carvoeiro ganhava
De novo o dinheiro seu.
Disse o rei: oh carvoeiro
Ninguém pode te ganhar,
Além de escapar da morte
Grande soma vai levar,
E agora és convidado
Pra no palácio morar.
22
Foi o carvoeiro em casa
E contou todo ocorrido,
Fez o convite a família
Deixou tudo resolvido,
Na corte pela a princesa
Foi
seu povo recebido.
Tissadê era a princesa
Filha do rei e solteira,
No palácio ela morava
Sentia-se prisioneira,
Não se divertia em festas
Não amava a brincadeira.
Por ser linda despertou
No vassalo uma paixão,
Dedicada aos seus estudos
A ninguém dava atenção,
Ele para conquistá-la
Não perdeu a ocasião.
O rei sem pensar naquilo
Nada lhe preocupava,
O vassalo muito esperto
Do momento aproveitava,
Sem perder nenhuma chance
A princesa a cortejava.
23
Aproveitando as delícias
Que no palácio existia,
Levando vida de príncipe
Mas o que ele fazia,
Cortejando a Tissadê
Despertando simpatia.
O rei que não tinha um príncipe
Pra governar seu reinado,
Aceitou que o vassalo
Com a filha fosse casado,
E ficasse governado
Com Tissadê ao seu lado.
No palácio o carvoeiro
Esqueceu da profissão,
Sendo cidadão do reino
Cuidou da animação,
Quando fosse festejar
Não fabricou mais carvão.
Nessa história só o rei
Que tinha tudo e perdeu,
O carvoeiro sendo esperto
Ganhou o dinheiro seu,
E o vassalo a princesa
O poder e a realeza
Tudo que ao rei pertenceu. FIM
24
Nenhum comentário:
Postar um comentário