HISTÓRIA DE JOÃO BESTA
E
A PRICESA QUE NÃO RIA
José
Edimar
Num
reino do Oriente
Na
remota antiguidade
Existiu
uma princesa
Gozando
a flor da idade
Porém
ela demonstrava
Não
sentir felicidade.
Seu
nome foi Arachely
Com
beleza sem defeito
Cabelos
e rosto lindo
Corpo
escultural perfeito
Daquelas
que todo homem
Sonha
ter do mesmo jeito.
Porém
na linda Princesa
Havia
algo diferente
Pois
nunca dava um sorriso
Não
parecia contente
Por
isso é que o rei queria
Ver
a filha sorridente.
01
O
rei sabendo daquilo
Que
a filha dele não ria
Baixou
no reino um decreto
Num
letreiro que se lia
Bem
ao lado do palácio
Por esta
forma dizia:
“Se
alguém fizer a princesa
Que
do rei é filha amada
Dá o
mais belo sorriso
Em
forma de gargalhada
Se casará
com a mesma
Dele
é ordem decretada”.
Assinando
esse decreto
No reino
então divulgou
Quem
era rapaz solteiro
Pelo
o assunto interessou
Para
casar com a princesa
Ninguém
em casa ficou.
Começou
a chegar gente
Muitos
vinham apressados
Outros
chegavam sonhando
Que
voltariam casados
Mas
a princesa não ria
Saíam
decepcionados.
02
Todos
os rapazes do reino
Daquele
tempo vieram,
Falou
o rei: falta alguém?
Os
vassalos lhe disseram:
–
Falta apenas o João Besta
Que
ainda não trouxeram.
–
João Besta aqui não virá
Disse
o rei esbravejando,
Com
ele a moça não casa
Pois
não tem ninguém faltando
A
rainha entrou no meio
Por
sua guarda chamando.
Dizendo:
chame João Besta
Que
ele também tem direito,
Por
ser solteiro e do reino
Merece
nosso respeito,
Vão
logo, disse a rainha
O
rei gritou: não aceito!
Ali
perto do palácio
Numa
simples moradia,
Morava
a pobre viúva
Enfrentando
o dia a dia,
Com
seu filho preguiçoso
Que
para nada servia.
03
João
Besta “o Borralheiro”
Assim
o povo chamava,
Numa
preguiça danada
No borralho
se deitava,
Nem
lenha botava ao fogo
Quando
este se apagava.
Por
causa dessa preguiça
Vivia
só cochilando,
No
borralho do fogão
A
pobre velha lutando,
Com
toda dificuldade
Ao
seu filho sustentando.
Pra guarda
particular
O
rei pediu apressado,
–
Pode trazer o João Besta
Aquele
é abilolado,
Os
guardas indo encontraram
No
borralho ele deitado.
Os
soldados vendo João
Sobre
o borralho quentinho,
Que
disse o palácio é frio
o chão
todo é bem limpinho
Posso
ir em uma cama,
Nos
lençóis enroladinho.
04
Os
soldados o levaram
Para
a presença do rei
Ele
gritava: me solte
Ao
palácio não irei?
Disse
o rei: solte o rapaz
Se
ele correr pegarei.
Levaram
até outra sala
Onde
se achava a princesa,
Quando
ele avistou a moça
Com
sua imensa beleza,
Como
nunca tinha visto
Tremia
só de fraqueza.
Ela
olhava para João
Ele
olhava disfarçado,
Fingindo
não perceber
Permanecendo
calado,
Disse
o rei: pode levá-lo
Que
ele é um abilolado.
Não
havendo mais ninguém
O
rei mudou seu decreto,
Chamando
homens casados
Mesmo
sem achar correto,
Não
devia usar a filha
Como
se fosse objeto.
05
Começou
a chegar homens
Vindo
de perto e além,
Para
cumprir o decreto
Casados
vinham também,
Porque
casar com princesa
Nunca
fez mal pra ninguém.
A
princesa não sorria
Por
mais que alguém quisesse,
Nem
mesmo um simples sorriso
Conseguiram
que ela desse,
Nem
por força de vontade
Com
o esforço que pudesse.
A mãe
de João Besta estava
Já
cansada de chamar,
Dizendo
assim: meu filhinho
Uma
lenha vá buscar,
Que
arranjei a comida
Falta
apenas cozinhar.
João
ligeiro respondeu:
–
Deixe de preocupação,
Só é
pra mim e a senhora
Faça
aí qualquer pirão,
Que
a gente come e se deita
No
borralho do fogão.
06
Depois
disse para a mãe:
– A senhora
não acredita,
Hoje
avistei Arachely
Que
é a moça mais bonita
Toda
vez que penso nela
O
meu coração se agita.
A
mãe insistiu dizendo:
– Se
você não me atender,
Buscando
lenha pra casa
Com
certeza não vai ter,
O
borralho pra deitar
Quando
o dia amanhecer.
Ele
ouvindo o que a mãe disse
Foi
logo se levantando,
Pondo
uma corda nos ombros
Bem
depressa atravessando
A
rua gritando alto
Só
vivia resmungando.
Ele
caminhou um pouco
Quando
no mato encostou,
Viu
que não havia lenha
Poucos
gravetos achou,
Quando
olhou lá na frente
Algo
estranho ele avistou.
07
Era na
beira dum lago
Algo
estranho acontecendo,
Tinha
um peixe fora da água
Pulando
e se debatendo,
Ele
agarrou o peixinho
E já
foi assim dizendo:
Como
é belo esse peixinho
Já
fiquei foi animado,
O
dia estava tão ruim
Não
comi nenhum bocado,
Agora
tenho certeza
Vou
comer peixe torrado.
A
mamãe está em casa
Desde
cedo agoniada,
Porque
ontem o dia todo
Enfrentou
dura jornada,
Saí
pra pegar a lenha
Pra
comer não deixei nada.
Disse
o peixe por favor
Não
me coma agora não,
Que
eu sou do reino dos peixes
Vim
aqui numa missão,
Pra
fazer a tua vontade
Quando
tiver precisão.
08
Disse
João: não acredito
Que queiras
me ajudar,
Na
vida não tenho nada
Não
vou querer te soltar,
Soltando
pode depois
Que
tu queiras me enganar?
Primeiro
quero saber
Se
você não tá blefando,
Arranje
um feixe de lenha
Pois
eu ando é procurando,
Depois
quero ir montado
Pela
cidade voando.
–
Olha a lenha ali adiante
Disse
o peixe e ele viu,
Um grande
feixe amarrado
Em
cima dele subiu,
O
feixe dali voando
Na
mesma hora saiu.
João
montado sobre a lenha
Passou
numa disparada,
Bem
na porta do palácio
A
princesa ali sentada
Vendo
aquela arrumação
Deu
enorme gargalhada.
09
Ele
ouvindo a gargalhada
Gritou
muito apressado:
Valei-me
reino dos peixes
Quando
um falou do seu lado:
– O que
queres que façamos
Faremos
o ordenado?
–
Quero que um filho meu
Na
barriga da princesa,
Se
gere e nasça importante
Entre
os filhos da nobreza,
Sendo
príncipe desse reino
Maior
símbolo da beleza.
Que
depois dele nascido
O
que se veja primeiro,
Um
livro que traz nas mãos
Também
na testa um letreiro,
“Dizendo:
este só entrego
Para
o meu pai verdadeiro”!
Disse
o peixe: será feito
Assim
como ordenou,
Vá para
casa e espere
A
contagem começou,
Com
nove meses verá
Que
tudo realizou.
10
Com
aquela gargalhada
Gritaram:
ela vai a casar,
O
rei vendo o alvoroço
Começou
a esbravejar:
–
Com João Besta ela não casa
Nem
que eu tenha que matar!
João
Besta ficou em casa
Deixando
o tempo correr,
Até
quando ouviu falar
Com a
princesa adoecer,
Ficando
tão magra e pálida
Tendo
a barriga crescer.
Todos
os médicos da corte
Diagnósticos
fizeram,
Mas
a causa da doença
Falar
ao rei não quiseram,
Pois
pra contar a verdade
Ousaram
mas não puderam.
Completando
os nove meses
Para
a criança nascer,
Quando
o rei viu o menino
Veio
quase enlouquecer,
Quis
logo matar a filha
Pôde
a rainha o conter.
11
A
rainha disse ao rei:
– O menino
tem sinais,
Pode
o pai ser encontrado
Basta
o livro que ele traz
A quem
entregar o livro
Não
haverá dúvidas mais.
Ele
ouvindo ficou calmo
Fez
nova convocação,
Dizendo: “homens do reino,
Não
falte nenhum varão,
Quero
o pai dessa criança
Pra
governar a nação!
O
recado o rei mandava
No
decreto publicado,
Porém
coitado daquele
Que
fosse o pai confirmado,
Pois
o que rei desejava
Era
matá-lo afogado.
Espalhou
- se a notícia
Começou
logo a chegar,
Jovens
de todos os cantos
Que
desejavam casar,
Com
a princesa Arachely
Para
o reino governar.
12
Cada
um tinha a certeza
Quando
ao palácio chegava,
Que
receberia o livro
Mas o
bebê não lhe dava,
Deixando
tão constrangido
Tinha
gente que chorava.
Assim
pra nenhum dos homens
Quis
ele o livro entregar,
O rei
perdeu a esperança
Do pai
do neto encontrar,
Deles
que puxavam o livro
Mas
não puderam arrancar.
Ninguém
conseguiu o livro
E o
rei ficou pensando,
Qual
seria o próximo passo
Pois
o que estava faltando,
Era pegar
o culpado
Que
já estava escapando.
Lembrou-se
ali do João Besta
A
quem nunca dava crença,
Pois
não seria problema
Trazê–lo
a sua presença,
Depois
mandava pra morte
Não
ia haver diferença.
13
Não
encontrou outro jeito
O
rei então obrigou – se,
Buscar
de novo o João Besta
Pediu
um guarda que fosse,
Pra
trazê-lo sem demora
Não
usava uma voz doce.
O
guarda ali disse: João
O
rei lhe faz intimado,
Ir
de novo a sua presença
Vá
logo ele está zangado,
Hoje
vai de qualquer jeito
No
acordo ou amarrado.
João
Besta disse: está certo
Não
quero briga pra mim,
Vamos
logo que eu quero
Que tudo
isso chegue ao fim,
Que
depois eu não vou mais
Quem
quiser que ache ruim.
Ele
acompanhou o guarda
Indo
direto ao sobrado,
Pra
onde estava o menino
Porém
foi meio cismado,
O
menino lhe avistando
Sorriu
bastante animado.
14
João
olhou para o menino
Que
sem parar de sorrir,
Com
o livro em sua mão
Já deu
pra ele sentir,
Que
o livro receberia
Até
mesmo sem pedir.
Quando
rele pegou no livro
Disse
olhando pra o rei:
–
Não tenho culpa de nada
No
palácio nunca andei,
Estou
igual ao senhor
Vim
aqui, mas nada sei.
Se aprincesa
engravidou
Mas
a culpa não foi minha,
Passo
o dia no borralho
Que tem
na minha cozinha,
Lá
não preciso de nada
Porque
tem a mamãezinha.
Mas
o rei esbravejava
E
precisava entender,
Como
o menino nasceu
Sem
nada ele perceber,
Disse
pra João como pai
Cumprirás
com teu dever.
15
O
rei já traçara um plano
Tudo
estava preparado
Colocar
João com a princesa
Do seu
filho acompanhado
Indo
os três ao meio do mar
Dentro
dum barco furado.
Pediu
que os marinheiros
Logo
providenciasse
Um
barco ornamentado
Com
tudo que precisasse
Levasse
ao centro do mar
Nele
um buraco furasse.
O
rei pensava consigo
Assim
todos morrerão
Vai
ser um golpe tirano
De
arrebentar coração
Mas
é melhor que uma filha
Envergonhando
a nação.
Os
marinheiros partiram
Como
quis a vossa alteza
Iam
conduzindo o barco
Com João
o filho e a princesa
Que
pagava sem ter culpa
Sem ter
chance pra defesa.
16
Chegando
a beira do mar
No
barco ligeiro entraram,
Outro
barco acompanhava
Quando
ao alto mar rumaram,
Depois
que furaram o casco
No
meio do mar deixaram.
Quando
João entrou no barco
Ficou
bem acomodado,
Ela
não olhava nele.
Que
estava bem deitado,
Ele
sabendo de tudo
Porém
ficava calado.
Pouco
depois começou
A
água no barco entrar,
Enchendo
por todo canto
Ela
começou a gritar:
–
Acorda João vem depressa
Que
o barco vai afundar!
Quanto
mais ela gritava
Mas era
que João fingia,
Que
dormia e com o tempo
Cada
vez o barco enchia,
– A preguiça
é quem te mata!
A
princesa assim dizia.
17
Depois
que chamou bastante
Foi
que João se levantou,
Valeu-se
logo dos peixes
Que a
água borbulhou,
Peixe
em grande quantidade
Mas
somente um lhe falou:
–
Qual é seu desejo João
O que
tanto te apavora,
Disse
ele: é que eu preciso
Que me
salve nessa hora,
Tirando
a água do barco
Depois
fechando por fora.
Disseram:
já está feito
Tudo
como nos pediu,
Logo
desapareceram
Nenhum
reboliço ouviu,
Ficando
o barco enxuto
Pois
toda água sumiu.
João
voltou a se deitar
Ficando
bem à vontade,
A
princesa perguntou-lhe
Quando
viu a novidade:
–
Como isso aconteceu
Quero
saber a verdade.
18
João
respondeu: oh princesa:
Por aqui
não houve nada,
São
peixes na piracema
Fazendo
grande zuada,
Ou
então um peixe grande
Que
deu sua rabanada
Arachely
disse: João
Veja
o que me aconteceu,
Fiquei
grávida tive um filho
O
meu pai não entendeu,
Saber
pode amenizar
Este
sofrimento meu.
João
sentiu naquela hora
A
princesa ter razão,
Contou
- lhe toda a verdade
Expondo
a situação,
Quando
ela ouviu a história
Já
maldou no coração.
Encostou
pertinho dele
Disse
assim: oh! queridinho
Preciso
receber hoje
Uma
ajuda do peixinho,
Ele igual
uma vara verde
Tremia
com seu carinho.
19
–
Desejo que eles façam
Antes
do amanhecer,
Um
palácio suntuoso
Que
mais belo venha ser,
Que
o palácio do meu pai
Para
todo mundo ver.
Eu
preciso que o palácio
Seja
construído ao lado,
Sendo
muito mais bonito
Que
meu pai seja tentado,
A visitar
bem ligeiro
Assim
que for avistado.
Será
bem ornamentado
Forrado
com fino couro,
Com
jaspe, esmeralda e sárdio
Sendo
o mais lindo tesouro,
Ter
crisólito e calcedônia
Seus
utensílios de ouro.
Quero
exigir nos talheres
Detalhes
pra admirar,
Feitos
em ouro maciço
Pois
deles vou precisar,
Deverão
encher os olhos
Da
pessoa que avistar.
20
Quero
na sala de janta
Um
quadro com nossa imagem
Em
uma grande pintura
Uma
boa criadagem,
Roupas
e lençóis de cama
Quero
de fina linhagem.
Quero
que qualquer pessoa
Que
no palácio chegar,
Mesmo
que seja meu pai
Quando
vir nos visitar
Sejamos
desconhecidos
Se
conosco ele encontrar.
– Se
for esse o seu desejo
Dessa
forma será feito,
Quando
o dia amanhecer
Estará
tudo no jeito,
Não
discuto sua vontade
Disse
ela que estava aceito.
Vou
tomar conta de tudo
Que
meu desejo já sei
Vou
dar um grande jantar
Especialmente
pra o rei
E no
jantar com certeza
Então
eu me vingarei.
21
A
princesa foi dormir
Esperando
o novo dia,
A
meia noite João falou
Tudo
como pretendia,
Os
peixes fizeram tudo
Do
jeito que ele queria.
O
rei levantou cedinho
Quando
o dia amanheceu,
Olhando
logo avistou
Um
palácio junto ao seu,
Duma
beleza tamanha
Que
ele olhou não entendeu.
Chamou
ligeiro a rainha
Para
admirar a obra,
Disse
ela: supera o nosso
Pois
beleza tem de sobra,
O
rei ficou tão zangado
Que
parecia uma cobra.
Ficou
logo atordoado
Vendo
aquele ocorrido,
Pois
durante aquela noite
Quando
havia decidido,
Expulsar
a filha e o neto
Quase
não tinha dormido.
22
Passou
quase à noite em claro
Não
conseguiu perceber,
A
construção do palácio
Só
vendo ao amanhecer,
Arquitetura
avançada
Como
pôde acontecer?
A
rainha disse a ele
–
Vamos para uma visita,
Aproveitar
logo hoje
Com
essa manhã bonita,
Porque
preciso esquecer
Minha
tristeza maldita.
Disse
o rei: não posso ir
–
Sem alguém me convidar,
Naquele
momento um guarda
No
palácio viram entrar,
Trazendo
um cartão convite
Chamando
para um jantar.
Naquele
dia a princesa
Cedinho
tinha acordado,
Mandando
o convite aos pais
Tendo
providenciado,
Tudo
com a criadagem
Para
nada dar errado.
23
O
dia estava tão lindo
Da
campina se ouvia,
Os
passarinhos cantando
João
a vontade dormia,
Por
ser muito preguiçoso
Aproveitava
o seu dia.
Coitada
e pobre da mãe
Botando
todo cuidado,
João
passou a noite fora
Tinha
o dia clareado,
Olhando
o borralho frio
Ele
não tinha deitado.
No
momento Arachely
Lembrou-se
de chamar João,
Que
ali profundamente
Dormia
no bom colchão,
Tinha
ela algo guardado
Dentro
do seu coração.
Quando
jogados ao mar
Ele
havia lhe contado,
Que para
todos morrerem
O barco
estava furado,
E não
morreram por que
Os
peixes tinham fechado.
24
Como
seu pai foi capaz
Dessa
atitude malvada,
Jogar-lhe
fora de casa
Sem
ela ser a culpada,
Matar
seu neto inocente
Que
não sabia de nada.
João
agarrado no sono
Novamente
ela chamou,
O
sol já estava alto
Dormindo
ele não notou,
Apenas
rolou na cama
Depois
que espreguiçou.
Pois
era a primeira vez
Dormindo
em cama macia,
Esticar
aquele sono
Era
o que mais pretendia,
Quanto
mais ela chamava
Mais
era que João dormia.
Depois
de chamar bastante
Foi
quando ele acordou,
Esfregou
as mãos nos olhos
Depois
que se espreguiçou,
Lembrou-se
do compromisso
Bem
ligeiro levantou.
25
Despertando
bem do sono
Novamente
conseguiu,
Ver
como era muito lindo
O
palácio que pediu,
Até
naquele momento
Outro
igual não existiu.
A
princesa disse: é hoje
Que
meu pai vai me pagar,
Nada
pode dar errado
Aqui
com nosso jantar,
Pois
o momento é chegado
Vamos
a casa arrumar.
Seremos
desconhecidos
Para
quem aparecer,
Pra
meu pai somos estranhos
Aqui
pra lhe receber,
Hoje
vai pagar a conta
Que
me deve sem querer.
Bem
no início da noite
Os
convidados chegaram,
Para
o salão principal
Os
criados os convidaram,
Com
viva e salva de palmas
Os
anfitriões saudaram.
26
Mais
tarde trouxeram o filho
João
pertinho da princesa,
Vestindo
roupas de galas
Pompas
da alta nobreza,
Saudaram
de novo ao rei
Com
a maior gentileza.
O
rei ali demonstrava
A
maior felicidade,
No
ambiente agradável
Que
lhe deixava à vontade,
Não
sabendo que mais tarde
Vinha
o preço da bondade.
Falou
ela pra criada
Que logo
a mesa botasse,
Os
seis jogos de talheres
Com
cuidado colocasse,
Naquele
lado da mesa
Onde
o rei seu pai sentasse.
Os talheres
era a tarefa
Que
os peixes iam fazer
A
princesa disse a eles
Como
imaginava ser
Botar
no bolso do pai
Sem nada
ele perceber
27
Bem
na hora do jantar
Ele
estando descuidado,
Já
de talheres no bolso
Tendo
o jantar terminado,
Dava
o alarme e com isso
Seu
pai era envergonhado.
Combinaram
com os peixes
Ela
ficou aguardando,
A
princesa o tempo inteiro
Disfarçava
conversando,
Quando
chegou a criada
Para
o jantar convidando.
Foram
à sala de jantar
Onde
estava a mesa posta,
Todo
tipo de comida
Como
gente rica gosta,
O
rei vendo achou difícil
Recusar
essa proposta.
Todos
sentaram - se a mesa
Naquele
belo jantar,
Terminando
a refeição
Antes
de alguém levantar,
A
criada da princesa
Veio
na mesa alarmar.
28
Ela
chegando encostou
Com
semblante de tristeza,
Disse:
durante o jantar
Desapareceu
da mesa,
Os
seis jogos de talheres
Da
coleção da princesa.
Nessa
hora a princesa
Na
mesa se levantou,
Pedindo
calma pra todos
Por
esta forma falou:
–
Talvez alguém descuidado
Em
algum bolso botou.
Pode
ter acontecido
Sem a
pessoa perceber,
Num
descuido ter botado
No seu
bolso sem querer,
O
rei disse: eu estou fora
Isso
um rei não vai fazer.
A
moça pediu desculpas
Por
tal acontecimento,
Mas
pediu que a vistoria
Não
fosse constrangimento,
Pois
não queria suspeitas
Ou
mesmo aborrecimento.
29
Disse
o rei: pois então façam
Seu
bolso sacolejou,
Duas
dúzias de talheres
Lá
de dentro tilintou,
O
rei se sentiu tão mal
Que
quase ali desmaiou.
Ficou
muito envergonhado
Não
conseguindo falar,
Porém
disse: não sei como
Puderam
em meu bolso entrar,
Porque
eu não coloquei
E
não vi ninguém botar.
A
princesa no momento
Já
se sentindo vingada,
Disse
ela: dessa forma
A criança
em mim gerada,
Veio
pra minha barriga
Sem
que eu soubesse de nada.
Não
sei como essa criança
No
meu ventre veio parar,
A
culpa que coube a mim
Foi
somente engravidar,
Sem
ter chance pra defesa
Tive
a conta pra pagar.
30
O
rei conhecendo a filha
Com
seu coração ferido,
Ela
sem dever pagou
Por
ele o preço exigido,
Expulsa
da própria casa
Sem
ter erro cometido.
Abraçou
a filha em choro
Pedindo
logo o perdão,
Ela
abraçou-o em prantos
Devido
a grande emoção,
A
ingratidão do pai
Perdoou
de coração.
O
rei pediu que o genro
Governasse
seu reinado,
Pois
ele tinha nobreza
Podia
ser coroado,
Mas
ele ali dispensou
Disse
não ser preparado.
– Meu
filho que é seu neto
É
herdeiro por direito
Será
ele o nosso rei
Inteligente
e perfeito
Espere
mais vinte anos
Que
será um homem feito.
31
João
presenteou sua mãe
Duma
casa mobiliada,
Serviço
de criadagem
Pra
mantê-la ornamentada,
Ela
viveu muitos anos
Sem
precisar mais de nada.
Até
hoje ninguém sabe
Qual
problema que havia,
Com
a princesa Arachely
Que
até o bendito dia,
Antes
de avistar João Besta
Porque
ela não sorria.
Depois
disso ela passou
Conviver
com animais,
Os
peixes principalmente
Sempre
na beira do cais,
Quem
via ela observava
Que
sorria até demais.
Digo
aos queridos leitores
Que
a história não inventei,
Ela
existe há muito tempo
Somente
as rimas botei,
Nem o
Besta com a preguiça
Com
a princesa fiz justiça,
Por Arachely a chamei. FIM
32
Minha avó contava essa história para mim. Com algumas diferenças e outros acontecimentos. Mas a essência bem parecida. Parabéns pelo trabalho, pude relembrar da infância e das várias histórias de Trancoso que ela contava.
ResponderExcluir