O QUE A MENTIRA FAZ
José Edimar
José Edimar
Papai
sempre me dizia:
Meu
filho não vá mentir,
Que
se a mentira sair
E
ela ter garantia,
Quem
soltou precisaria
De
umas três inventar
E
assim se transformar
Em
um mentiroso nato
Espalhador
de boato
Sem
ninguém acreditar.
Mas
acontece que a vida
Não
é como deve ser,
Me
encontrei sem querer
Em
um beco sem saída,
Com
minha sorte agredida,
Sem
dever nada fui preso,
Não
pude sair ileso
Das
minhas acusações,
Sobre
algemas e grilhões
Fui
pra prisão indefeso.
Vinte
anos me afastava
Da
minha terra natal,
No
dia das mães afinal
Muito
distante me achava,
Minha
mãe velhinha estava
Sem
de mim ouvir falar,
Pro
seu coração alegrar
Eu
não tinha condição,
No
bolso nem um tostão
Pra
seu presente comprar.
A
minha lembrança faz
Eu
querer telefonar
E
minhas noticias dar
Pois
seria bom demais,
Nenhum
presente era mais
Para
uma mãe receber
Que
do seu filho saber,
Pensando
no meu dilema,
Pra
dar o telefonema
Qual
notícia devia ser.
Enquanto
tremia na base
Falei
com o delegado
Que
estava do meu lado
Não
me veio à fala quase;
—
Escolha aí uma frase
Pra
falar pra mamãezinha
Pois
já espera na linha
Não
pode ter emoção
Que
sofre do coração
Ouve
mal e é velhinha.
Diga
qualquer coisa breve!
— Me
falou tal comissário —
Pois
na vida dum otário
Qualquer
baboseira serve
O
que diz ninguém escreve!
Foi
ali que em mim veio
Botar
mentira no meio
Pra
poder falar bonito,
Embora
fosse esquisito
Porque
mentir era feio.
Fui
logo dizendo assim:
Mamãezinha
como vai?
Diga
como está papai!
Aqui
não está ruim,
Deus
tem ajudado a mim,
Hoje
sou um homem rico,
Lhe
ouvindo agora fico,
Na
certeza que não falto!
Disse
ela: fale mais alto,
Não
estou ouvindo um tico!
Gritei
em alto bramido
Foi
aí que ela entendeu,
Muito
triste respondeu:
Seu
pai já é falecido,
Motivo
de ter morrido
Eu
nunca pude entender,
Pegou
um jornal pra ler
Só
pra ter noticias sua,
Enquanto
eu saí na rua
Tudo
pôde acontecer.
Aqui
surgiu um boato
Espalhado
por alguém
Que
você não vinha bem,
Fizeram
esse relato;
Lhe
ouvindo, o meu maltrato
Vai
ficando aliviado.
Com
isso eu fiquei calado,
Meu
corpo todo a tremer
Que
só consegui dizer:
Pode
levar delegado!
Fui
logo dizendo assim:
Mamãezinha
como vai?
Diga
como está papai!
Aqui
não está ruim,
Deus
tem ajudado a mim,
Hoje
sou um homem rico,
Lhe
ouvindo agora fico,
Na
certeza que não falto!
Disse
ela: fale mais alto,
Não
estou ouvindo um tico!
Gritei
em alto bramido
Foi
aí que ela entendeu,
Muito
triste respondeu:
Seu
pai já é falecido,
Motivo
de ter morrido
Eu
nunca pude entender,
Pegou
um jornal pra ler
Só
pra ter noticias sua,
Enquanto
eu saí na rua
Tudo
pôde acontecer.
Aqui
surgiu um boato
Espalhado
por alguém
Que
você não vinha bem,
Fizeram
esse relato;
Lhe
ouvindo, o meu maltrato
Vai
ficando aliviado.
Com
isso eu fiquei calado,
Meu
corpo todo a tremer
Que
só consegui dizer:
Pode
levar delegado!
FIM
Presente do pai para o filho:
O
FILHO E O PAI.
José Edimar
Todo
pai é consagrado
E
por Deus constituído,
Protetor
do filho amado
Mas
não é reconhecido
Pelo
valor que ele tem,
Só
pra ver seu filho bem
Se
preciso, lhe diz não!
Arriscando
a própria vida,
Abrindo
grande ferida
No
fundo do coração.
Aconteceu
no passado
Caso
muito interessante,
Um
pai honesto e honrado
Tinha
um filhinho estudante
Que
não quis mais estudar,
Pretendendo
trabalhar
Tendo
quatorze de idade,
O
pai vendo que o estudo
Para
o seu filho era tudo
Terminar
a faculdade.
Induziu
o filho amado
Para
ser-lhe obediente,
O
filho disse: eu formado
Quero
ganhar de presente,
Um
carro para passeio!
O
pai dele sem receio
O
presente prometeu.
Na
festa da formatura
Ele
somente a Escritura
Sagrada
pra o filho deu.
O
seu filho aborrecido
Não
quis saber do presente,
Deixando
seu pai ferido,
Muito
triste e descontente;
Da
festa se foi embora,
Saindo
de mundo a fora
Indo
morar bem distante;
Pra
casa não voltou mais
Nem
a notícia dos pais
Considerou
importante.
Na saída do rapaz
Tudo
ali entristeceu,
Mas
com alguns anos mais
O
pai dele adoeceu,
A
mãe foi lhe procurar,
Andou
até encontrar,
O
filho veio apressado,
Por
muita falta de sorte,
Na
casa do pai a morte
Antes
já tinha passado.
Quando
tinha seu pai vivo
Ele
em nada lhe ajudou,
Então
ficou pensativo,
Foi
quando sua mãe entrou
Trazendo
ali novamente,
O
mesmo antigo presente
Que
ele havia desprezado
Na
festa de formatura;
Abriu
para uma leitura
Aquele
livro Sagrado.
Em
uma folha, colado,
No
momento que ele abriu
Notou
um cheque assinado
Na
data que ele partiu,
Para
comprar seu transporte;
Do
pai lamentando a morte,
Sentindo
dor e saudade
No
banco o cheque trocou
E
todo o dinheiro usou
Para
fazer caridade.
FIM
Eram três árvores frondosas
Nascidas na mesma terra,
Nas encostas de uma serra
Entre fontes caudalosas;
Ali cresceram viçosas
Tangidas ao vaivém
Da mansa brisa do além
Por muitos e muitos anos
E como os seres humanos
Tinham seus sonhos também!
Cada árvore pujante
A larga fronde estendia,
Quando foi um certo dia
Uma delas radiante
Num diálogo interessante
Envolveu suas parceiras
E durante horas inteiras
A conversa transcorreu,
Cada uma o sonho seu
Segredou ás companheiras.
A primeira disse assim:
Desejo futuramente
Ser um baú reluzente
Ornado em ouro e marfim;
Para ser dona de mim
Quero uma linda princesa
Da mais sublime pureza
Que o mundo já pôde dar,
Para em meu bojo guardar
Sua preciosa riqueza!
A segunda disse: anelo
Ser o maior dos navios,
Singrar os mares bravios
Sob o firmamento belo;
Aliviar o flagelo
De quem padece aflição,
Servi-lo de condução
Para uma enseada calma,
Sanar os males da alma
E as dores do coração!
A terceira árvore disse:
Daqui não quero sair;
Desejo crescer, subir,
Com esplendor e meiguice;
Quero alcançar a velhice
Espalhando os ramos meus
Sobre os crentes e ateus
Para os homens me olharem
Lá de baixo e se lembrarem
Que no céu existe um Deus!
Muitos anos se passaram,
Todos iguais aos primeiros,
Mas um dia os madeireiros
Em torno delas chegaram,
As árvores examinaram,
Medidas foram tomadas,
Todas três foram cortadas,
Lavradas e divididas
E logo após conduzidas
A plagas ignoradas.
Para uma carpintaria
A primeira foi levada
E logo após transformada
Numa rude estrebaria.
Um dia a Virgem Maria
Num desconforto profundo
Naquele estábulo imundo
A seu filho deu a luz,
E a árvore guardou Jesus,
Tesouro maior do mundo.
Da segunda, um pescador
De recurso muito parco
Construiu um tosco barco
De muito baixo valor,
Nele fazia o labor
Pra sua manutenção;
Numa certa ocasião
Foi desse barco pequeno
Que Jesus, o Nazareno
Fez o mais belo sermão.
A terceira não servia
Para utensílios de uso,
Tornou-se objeto escuso
De velha carpintaria;
Mas por fatal ironia
Foi tirada dos pauis,
Fizeram dela uma cruz
Muito pesada e grosseira
E nessa cruz de madeira
Crucificaram Jesus!
No pequeno logradouro
O estábulo no seu bojo
Não guardou nenhum estojo
Trabalhado em prata e ouro,
Mas guardou maior tesouro,
Cristo, Deus que nos assiste,
Que do barco humilde e triste
Deu lições de amor profundo
E a cruz em todo o mundo
Faz lembrar que Deus existe!
Deixas de orgulho menina,
Tua beleza é passageira.
Se Deus te deu esta sina,
Vês que não és a primeira;
Beleza o tempo consome,
Nenhuma mulher o nome
Eternizou por ser bela
Sem possuir elegância,
Da formosura a arrogância
Degrada os méritos dela.
Ostentas um corpo lindo,
Na face ternos meneios,
Pequena blusa cingindo
A rigidez dos teus seios,
Esbelto corpo moreno,
Nos lábios negro veneno
Nos olhos brilhos fatais;
Com teu sorriso embriagas
Cavando profundas chagas
Nos corações dos mortais.
É certo que a tua beleza
Ofusca muitos olhares,
Porém a mãe natureza
Iguais a ti fez milhares;
Frívolas, tolas, vaidosas,
Que só por serem formosas
Julgam-se quase divinas;
Simples matérias humanas,
Contaminadas, profanas,
Causa de muitas ruínas.
Tu vives num pesadelo
Que muito te sacrifica,
No mais penoso desvelo,
Simulando vida rica;
No meio de muitas galas,
No burburinho das salas
Ouvindo juras falazes,
Agindo qual meretriz
E só te sentes feliz
Amando a muitos rapazes.
Tu hoje zombas de quem
Não tem igual formosura,
Só dás valor a quem tem
Boa aparência e mesura,
Além de fama e riqueza,
Menosprezando a pobreza,
O feio, o velho e o doente;
Foi teu passado obscuro
E com certeza o futuro
Também será deprimente.
Amanhã velha serás,
Sobrevirão os martírios,
Carinhos mendigarás
Na convulsão dos delírios
Prestando a todos e a tudo
Flácido corpo desnudo,
Expondo a rugosa derme
E acenando a mão convulsa,
Todos dirão com repulsa:
E quando a morte chegar,
Todos dirão com repulsa:
Detém-te asqueroso verme!
Cruel, horrenda e sisuda?
Certamente hás de ficar
Certamente hás de ficar
Pasmada, quieta, muda,
Tardiamente arrependida
Porque conduziste a vida
Por caminho degradante;
Após os teus funerais
Poucos dias e ninguém mais
Lembrará o teu semblante.
Sou pobre, mas sou poeta!
Sou pobre, mas sou poeta!
Sou venturoso, feliz!
Tenho a modéstia por meta
Tenho a modéstia por meta
E sempre me satisfiz;
Tenho sentimento nobre,
Belo, feio, rico, pobre,
Não vos faço distinção.
Muitos leitores ufanos
Daqui a duzentos anos
Meus versos declamarão!
AS 10 (DEZ) PIORES
DROGAS DO MUNDO
Joames & Messias Freitas
Após fazer um estudo
Meticuloso e profundo
Sobre o efeito das drogas
E todo o mal oriundo
Delas, selecionamos
As dez piores do mundo.
Heroína é a primeira
Nesta relação citada;
É uma droga opióide,
Pois do ópio é derivada,
Consumida natural
E também sintetizada.
No início do século XX
Tinha o uso permitido
Para a farmacologia,
Porém mais tarde, devido
Seus efeitos violentos
Seu uso foi proibido.
Heroína em forma líquida
Nas veias é injetada,
Já em pó a droga pode
Ser ingerida ou inalada,
Pela corrente sanguínea
É para o cérebro levada.
Cocaína é a segunda
Nesta nossa relação,
É uma droga alcalóide
Que causa alucinação,
Sua dependência afeta
O cérebro e o coração.
Extraída de uma planta
Natural ou cultivada,
A erythroxycum coca,
Que após ser processada
Em forma de pasta base
É comercializada.
Barbitúrico é a terceira,
Cujos princípios ativos
No centro do hipotálamo
Agem como sedativos,
Ao organismo levando
Seus efeitos depressivos.
A quarta é a metadona,
Que na Ásia é encontrada,
Também chamada de ópio,
Natural ou processada,
Pelo usuário pode
Ser mastigada ou fumada.
O álcool é a quinta droga
Nesta pesquisa da gente,
Mesmo sendo liberada
Ela é comprovadamente
A campeã mundial
Em morte, crime e acidente.
Cloridrato de cetamina
Ocupa o sexto lugar,
Tem efeito psicotrópico;
No sistema vascular
Faz aumentar a pressão
Podendo infarto causar.
As benzodiazepinas
Em sétimo lugar estão,
Por terem tranquilizantes
Na sua composição,
Nos casos de ansiedade
São de larga prescrição.
Mesmo utilizadas na
Psicofarmacologia,
Elas causam dependência,
Manifestando agonia
Física e psicológica
Ao longo da terapia.
Da Anfetamina, a oitava,
Devemos nos precaver,
Pois suprime o apetite,
O que faz emagrecer
E por anorexia
Quem usa pode morrer.
A nona droga é o tabaco,
Riquíssimo em nicotina
Que induz à dependência,
Ao usuário domina;
Por ser droga liberada
Mata mais que a cocaína.
O tabaco é uma planta
Da América do Sul, porém
Espalhou-se pelo mundo
Que em todo lugar tem,
E diversas substâncias
Cancerígenas contém.
Em décimo lugar citamos
A droga buprenorfina,
Substância venenosa
Derivada da heroína,
Como remédio tem sido
Usada na medicina.
A buprenorfina pode
Combater a dependência
Da heroína e do ópio,
Ministrada com frequência
Reduzindo a ansiedade
Nos casos de abstinência.
As drogas mais poderosas
Estão nesta relação;
Algumas delas são lícitas,
Enquanto outras não são,
Mas todas elas usadas
De formas exageradas
Provocam destruição.
O outro lado da História
Em dez pés de martelo alagoano
Inda guardo no arquivo da memória
O engodo dos livros escolares
Que do herói imbatível de Palmares
Defraudou a grandeza meritória,
Vou mostrar o outro lado da história
Com o brado de um povo soberano,
Que jamais se curvou a tal engano,
Semeado na classe dominante.
O meu verso é navalha bem cortante
Nos dez pés de martelo alagoano.
Me recordo do príncipe altaneiro
Dando o grito da tal independência,
Que depois virou uma indecência,
Alugando o Brasil ao estrangeiro.
No meu livro, vi D. Pedro primeiro
Retratado num gesto sobre-humano,
Pra depois converter-se num tirano,
Assassino cruel, escravocrata
Defensor do castigo e da chibata
Nos dez pés de martelo alagoano.
No meu livro escolar não encontrei
Nada acerca de Antônio Conselheiro,
Que bradou contra o jugo traiçoeiro,
Embutido na vil letra da Lei –
Esperando o retorno do seu rei
Pra pôr fim ao sofrimento humano,
Bastião, o guerreiro lusitano,
Da estirpe de Aquiles e Roldão,
Transformai este mar em um sertão
Nos dez pés de martelo alagoano.
Enfrentando o raio e a procela,
Desbravando o mar desconhecido,
Transportando um povo embrutecido,
Vai surgindo bonita caravela,
Com a morte sinistra, dentro dela,
Atracou neste solo Americano,
Invadido por um tropel insano,
Que irão se chamar descobridores,
Urubus imitando beija-flores
Nos dez pés de martelo alagoano.
No meu livro, eu vi em outra parte
Os valentes e fortes bandeirantes,
Corajosos e bravos viajantes,
Descendentes do deus romano Marte -
Mas agora eu digo com minha arte:
A mentira causou enorme dano;
Foram eles um grupo desumano;
De ladrões, covardes, homicidas.
Eu os chamo “bandidos, genocidas”
Nos dez pés de martelo alagoano.
Admiro Castro Alves, o poeta
Que lutou contra a vil escravidão,
Tiradentes, emblema da nação,
Que morreu sem trair a sua meta,
Conselheiro, pra nós, é um profeta
Expressando seu verbo soberano,
Chico Mendes, o grande ser humano,
Defensor da floresta e da vida.
Peço a Deus que a todos dê guarida
Nos dez pés de martelo alagoano.
(Musicado pelo poeta e intérprete João Gomes de Sá)
Nota: Gênero tradicional da cantoria de viola, aproveitado excepcionalmente pela literatura de cordel, o martelo alagoano tem esquema de rima A B B A A C C D D C. Na música popular, foi reaproveitado pelo cantor e compositor pernambucano Alceu valença. A faixa "Martelo alagoano", que faz parte do antológico álbum Cavalo de pau, traz estrofes como a abaixo reproduzida, que homenageia os grandes nomes da cantoria de viola do Nordeste:
Da cidade de Campina e do Monteiro
De Passira Panelas e Ingazeira
São José do Egito Capoeira
é viola é ganzá e é pandeiro
Salve Dimas e Pinto do Monteiro
Lourival trocadilho sobre-humano
Vitorino o teu verso tem bom plano
Oliveira Castanha e Beija-Flor
e Mocinha de Passira é um condor
nos dez pés de martelo alagoano.
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