MOTE:
TODO PAI MERECE SER
POR NÓS
HOMENAGEADO.
Ter uma
festa animada
Nem que
seja só no dia
Ele
merece alegria
E uma
vida abençoada
Pois
sua data é sagrada
Nela
sempre estou ligado
Não
deixo ela ser passado
Sem
nada desenvolver
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
O pai
cuida do seu filho
Alimenta
e dar escola
Com
carinho ele controla
A vida
dele no trilho
Para
que ele tenha brilho
Seja um
homem respeitado
Que o
filho sendo amado
Jamais
irá se esquecer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Pai é
sinônimo de vida
De
conforto e amizade
Sua
responsabilidade
É
proteger sua guarida
Para a
família querida
Sendo
muito dedicado
Prestando
todo cuidado
Na
labuta do dever
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Papai
tem feito por mim
Coisa
que eu não mereço
Sou
feliz e agradeço
Comigo
pensando assim
Deus é
muito bom pra mim
Oh meu
Deus muito obrigado
Já
cresci e sou mimado
Em mim,
criança pai ver
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Tem
tanto filhos ingratos
Que
depois do pai velhinho
Esquece
todo carinho
Dedicando
só maus tratos
Se ouve
tantos relatos
De pais
sendo desprezados
Extorquidos, humilhados
Já
cansado de sofrer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Quem
tiver o pai consigo
Nunca
lhe negue um abraço
Lhe
afague o cansaço
Ofereça
o ombro amigo
Para
servir de abrigo
Para
quem está cansado
Deixe
sempre amparado
Quem
lhe ajudou a viver
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Quem
teve pai e perdeu
Hoje
vive na saudade
O pai
na eternidade
E no
sofrimento seu
É por
que nunca esqueceu
De quem
viveu ao seu lado
Dando
amor dando cuidado
Para
nunca lhe perder
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Papai
está com noventa
E é
muito convencido
E diz
ter juvenescido
Se
sentindo com sessenta
Sua
passada está lenta
Ainda
cuida do gado
Não esquece
do roçado
Nunca
deixa se abater
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
O pai é
tão amoroso
No
cuidado do filhinho
Dar
amor e dar carinho
Que
todo pai é jeitoso
Cria
seu filho dengoso
Que se
torna tão mimado
Que um
pai apaixonado
Jamais
irá perceber
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Um pai
é muito querido
Por
tudo que ele faz
Tendo
um filho já rapaz
Dele
não fica esquecido
Se o
filho e correspondido
Tendo
uma dama ao seu lado
O pai
de tão animado
Vai o
bolso dele encher
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
O pai
por amar demais
É bem
cheio seu coração
Pra o
filho faltando o pão
Nele
faltando os reais
Em vez
de perder a paz
Se vira
pra todo lado
Deixa o
filho saciado
Sem
precisar mais comer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
O pai
abre o coração
Tendo
seu filho presente
Nunca
dar uma serpente
Se ele
vem pedindo um pão
Nem dar
um escorpião
Nem
zanga sendo cobrado
Deus
nele é representado
Seu
filho, seu bem querer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
O pai é
um timoneiro
Levando
a embarcação
Nunca
deixa a condução
Por que
ele é verdadeiro
Mesmo
com pouco dinheiro
Se
mantém equilibrado
Não
deixa o barco parado
Nem
subir e nem descer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
A maior
felicidade
É o pai
está presente
Filho tendo
o pai ausente
Sente
dor sente saudade
Com o
pai na eternidade
Tem o
coração quebrado
O peito
todo rachado
Que não
para de doer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
O pai é
pessoa amada
Com o
seu filho querido
Pra não
vê-lo aborrecido
E nem
provocar zoada
Pro
filho não fala nada
Embora
ele esteja errado
Sempre
gentil educado
Para
não lhe aborrecer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
Por
isso esse personagem
Que
todo filho quer bem
Pelo o
amor que ele tem
Merece
nossa homenagem
Seria
uma sacanagem
Se ele
não fosse lembrado
Pois
quem tanto tem lutado
Não dar
pra gente esquecer
Todo
pai merece ser
Por nós
homenageado!
A CHAVE
DEBAIXO DA PORTA
Autor: Rafael Neto.
Escutem
o testemunho
Duma velhinha
vivida
Correndo
para salvar
Sua
netinha querida
E como
a dor não muda
Foi à
procura de ajuda
No centro
de uma cidade,
E a velhinha
analfabeta
Queria livrar
sua neta
Duma triste
enfermidade.
Correu a
cidade inteira
Foi grande
a sua peleja
E logo a
boca da noite
Viu uma
bonita Igreja
Veja a
coisa como é
Para quem
tem muita fé
Um grande
segredo tem,
Para amenizar
a dor
Entrou e
disse ao Pastor
Eu quero
orar também.
E a
velhinha matuta
Quando começou
orar
Disse Deus,
não te conheço
Mas eu
ti peço a chorar
Acabe esse
meu drama
Minha neta
está de cama
Não come
apenas vegeta,
Minha casa
é bem pertinho
Vou te
ensinar o caminho
Vá lá
curar minha neta.
Moro na
rua do ônibus
Em frente
da passarela
Vizinha
de Conceição
Numa casinha
amarela,
Pequena
suja e torta,
E é
debaixo da porta
Que o
Senhor vai encontrar
Uma chave
amarelinha
E quando
sair da casinha
Ponha no
mesmo lugar.
Quando a
velha disse amém
Encerrando
a oração
Foram muitas
gargalhadas
Foi grande
a gozação
E a
velhinha calada
Saiu e
não disse nada
Voltou para
a moradia
Mas como
era à noitinha
Sua chegada
à casinha
Só se
deu no outro dia.
Chegando
em casa que viu
A netinha
na janela
Estupefata
pergunta
O que
aconteceu com ela
Ela diz
estou curada,
Não estou
mais adoentada
Um anjo
me reviveu
A velha
sem forças na junta
Abre a
boca e lhe pergunta
O que
foi que aconteceu
Ela disse:
ontem eu vi
Um grande
brilho de luz
Um moço
todo de branco
Como um
anjo de Jesus
Me curou
na mesma hora,
E mandou
dizer a senhora
Que a
fé é quem nos conforta
E ainda
disse em voz suave
Eu não
esqueci da chave
Botei embaixo
da porta.
JESUS,
SÃO PEDRO E O FERREIRO DA MALDIÇÃO
Franscico Sales Arêda
Quando
Jesus e São Pedro
pelo
mundo viajaram
em casa
de um ferreiro
uma
tarde eles chegaram
e pra
descansarem um pouco
nessa
casa se arrancharam.
O
ferreiro muito alegre
deu uma
boa hospedagem
para
Jesus e São Pedro
descansarem
da viagem
e
tratou muito bem deles
com
toda camaradagem
E Jesus
aproveitou
enquanto
estava hospedado
e falou
com o ferreiro
lhe
mostrando muito agrado
para
ferrar o burrinho
que ele
andava montado
O ferreiro
interessado
fez o
serviço ligeiro
porém
Jesus disse a ele:
— Aqui
não tenho dinheiro
mas te
sirvo em três pedidos
pode
dizer o primeiro
O
ferreiro olhou para Cristo
e
começou a sorrir
depois
disse: muito bem
tenho
três coisas a pedir
porque
sei que o senhor
pode
isto me garantir
— Vamos
lá disse Jesus
diga
que farei urgente
mas
antes dele falar
São
Pedro tomou a frente
e
disse: Amigo ferreiro
me ouça
primeiramente
É
verdade que não sei
qual
sua finalidade
porém
lhe dou um conselho
com
toda sinceridade
peça-lhe
o reino do céu
pra sua
felicidade
O
ferreiro disse: Eu não
que céu
não enche barriga
e
olhando pra Jesus
lhe
disse: Mestre me diga?
se pode
dar-me uma coisa
que me
serve e não periga
Jesus
disse: é qualquer coisa
que
quiser pode falar
disse o
ferreiro: Pois bem
quero
que quem se sentar
no
banco da minha tenda
só saia
quando eu mandar
—
Prometo, disse Jesus
a outra
coisa qual é?
—
Pede-lhe o reino do céu
São
Pedro gritou com fé
disse o
ferreiro: Ora esta?
não me
interrompa seu Zé
— Este
céu que você fala
não
está em meu caderno
e
também não há certeza
desse
monumento eterno
eu
morto posso seguir
para o
céu ou pro inferno
A outra
coisa que quero
é muita
mais verdadeira
eu
quero é que quem subir-se
naquele
pé de figueira
não
desça sem minha ordem
fique
lá a vida inteira
—
Concedo, disse Jesus
falta a
última vamos ver
—
Pede-lhe o reino do céu
São
Pedro tornou dizer
—
Enxerido! — disse o ferreiro
deixe
de se intrometer
Já lhe
disse: duas vezes
que não
quero seu tesouro
eu
quero é ver quem entrar
naquele
saco de couro
fique
dentro até morrer
pra
pagar o desaforo
Jesus
concedeu também
e
montou-se no burrinho
acompanhado
de Pedro
seguiu
pelo seu caminho
e o
ferreiro ficou
pensando
em casa sozinho
Ele
pensando dizia:
— Fui
muito tolo e sem calma
porque
não pedi a ele
riqueza
para ter palma
venha
agora o satanás
que lhe
vendo a minha alma
— Pra
que diabo me serve
banco
nem pé de figueira
e saco
sem ter dinheiro
de que
serve esta porqueira
quero é
ser rico e gozar
seja de
qualquer maneira
—
Portanto se há inferno
apareça
o satanás
e se
for como alguém diz
que ele
tem força capaz
traga
dinheiro que a gente
qualquer
um negócio faz
Quando
o ferreiro findou
de
dizer esta heresia
satanás
apresentou-se
lhe
fazendo cortesia
e
disse: pronto ferreiro
compro
por qualquer quantia
Dinheiro
tenho de sobra
dou-te
uma soma sem fim
exija
quanto quiser
que
servirei sem pantim
pois a
alma dum ferreiro
vale
tudo para mim
Até
traçarem o negócio
disse o
satanás: vou dar-te
uma
riqueza assombrosa
pra
gozares em toda parte
mas
quando inteirar dez anos
— Eu
venho para levar-te
— Você
faça o que poder
em dez
anos de riqueza
coma,
beba e vista bem
desfrute
toda grandeza
que com
dez anos completo
você
vai sem ter defesa
— Muito
bem, disse o ferreiro
a ordem
será cumprida
com dez
anos de riqueza
posso
gozar minha vida
a alma
não vale nada
já
vendi está vendida
Satanás
abriu um livro
com
três palmos de altura
e
disse: para o ferreiro
— A
minha parada é dura
assine
aqui que preciso
levar
sua assinatura
O
ferreiro assinou-se
no
livro preto infernal
o
satanás deu o visto
comprovando
o edital
e
deu-lhe logo mil contos
tudo em
moeda legal
No
outro dia amanheceu
num
palácio monstruoso
forrado
de ouro e prata
com um
jardim majestoso
pra todo
lado ele via
um
lustro maravilhoso
Com um
quilômetro ao redor
o
palácio era cercado
pelo um
rio caudaloso
banhando
por todo lado
pra
todo canto ele via
o sol
nascendo dourado
Tudo
quanto precisasse
lhe
chegava sem demora
no seu
palácio forrado
de ouro
por dentro e fora
era
dizer: — Quero isto
chegava
na mesma hora
Assim
passou o ferreiro
dez
anos de regalia
feito
um fidalgo opulento
tendo
tudo que queria
até que
venceu-se o prazo
satanás
chegou no dia
—
Pronto amigo, disse ele
nosso
prazo está vencido
disse o
ferreiro: Está certo
o
prometido é devido
mas já
tinha feito um plano
para
deixá-lo iludido
Com
muito agrado mandou
o
satanás ir entrando
e
começou a tapiar-lhe
muitas
histórias contando
e o
satanás satisfeito
pelo o
terreiro esperando
E no
banquinho da tenda
mandou
ele se sentar
foi
tratar de seus negócios
e toca
o diabo esperar
quando
foi sair do banco
não
pode se levantar
Passou
três dias sentado
rogando
praga e gemendo
esconjurando
da sorte
chorando
e se maldizendo
depois
chegou o ferreiro
e assim
lhe foi dizendo:
— Amigo
velho você
já me
esperou a vontade
e
quanto o nosso negócio
tenho
uma novidade
se você
não aceitar
perdemos
nossa amizade
Pois eu
só te solto agora
se
prometeres me dar
outro
prazo de dez anos
pra eu
viver e gozar
se não
o mundo se acaba
sem
mais nunca te soltar
Satanás
aí conheceu
que
tinha sido traído
mas
queria se ver solto
aceitou
logo o pedido
foi
esperar mais dez anos
pro
caso ser resolvido
E o
ferreiro ficou
gozando
cada vez mais
dentro
da riqueza e luxo
como
sempre o rico faz
que até
se esqueceu
do
trato com satanás
Porém
no segundo trato
satanás
chegou vexado
o
ferreiro disse a ele
sei que
é hoje estou lembrado
mais
inda quero que dê-me
mais um
dia de agrado
Hoje é
meu aniversário
é a
festa derradeira
que eu
faço nesta vida
vou
brincar a noite inteira
me
espera até amanhã
trepado
nesta figueira
Satanás
se trepou
e lá
ficou esperando
o
ferreiro cá embaixo
com os
amigos farrando
passaram-se
oito dias
festa e
brinquedo rolando
Com bebida
música e dança
o samba
rolava grosso
dia e
noite sem parar
só se
ouvia o alvoroço
e o
ferreiro gritando:
— Vou
gozar enquanto moço
E o
infeliz satanás
por
entre as folhas metido
sem
poder descer da árvore
no mais
horrendo alarido
babava
e rangia os dentes
como
quem estava mordido
Se
lastimava dizendo
— Ah,
ferreiro desgraçado
o que
estás me fazendo
eu
tenho tudo guardado
quando
chegar no inferno
eu me
vingo condenado
Aí
chegou o ferreiro
sorrindo
lhe disse assim
— Vou
fazer outro pedido
se você
negar a mim
neste
pau fica pra sempre
transformando
num cupim
Satanás
disse: O que é
que me
pedes tão contente
o
ferreiro disse: eu quero
outros
dez anos somente
que
vinte anos não deu
pra
gozar perfeitamente
— Ou dá
ou ficas aí
sem te
arredar um momento
quando
esta árvore morrer
ficarás
sobre o relento
transformado
em cupim
exposto
a chuva e o vento
Ele
apulso combinou
outros
dez anos esperar
sendo
solto foi embora
e o
ferreiro foi gozar
mais
dez anos de conforto
com
orgia e paladar
Até que
venceu-se o prazo
do
último trato que fez
satanás
disse: é hoje
que
trago aquele freguês
eu
quero ver se ele ainda
me
engana mais outra vez
Mesmo
na hora da ceia
ele
bateu no portão
e
disse: amigo ferreiro
você
hoje vai ou não?
não me
venha com lorota
nem tem
mais arrumação
Por
duas vezes você
me
enganou mesmo direito
com
suas conversas moles
me
enrolou peito a peito
mas
hoje venho disposto
levá-lo
de qualquer jeito
O
ferreiro resondeu-lhe
com a
voz muito arrastada
— É
verdade meu amigo
já lhe
dei muita massada
eu vou
só trocar a roupa
para
seguir a jornada
— Os
dois tratos que quebrei
isto
nada quer dizer
bem
sabe que todo moço
com a
vida tem prazer
mas já
estou com sessenta
posso
desaparecer
— E por
favor eu lhe peço
não
tome por desaforo
enquanto
eu troco de roupa
vá
buscar todo meu ouro
que
está numa mochila
naquele
saco de couro
O
satanás sem pensar
no saco
de couro entrou
para
tirar o dinheiro
e a
mochila encontrou
porém
não pode sair
que o
saco se fechou
Ficou
preso satanás
ao
grande saco de couro
bramindo
e esconjurando
com o
maior desadouro
embolava
pelo chão
bufando
que só um touro
E dizia
ele eu já sei
que
preso aqui vou ficar
a
ferreiro desgraçado!
pois
tornou me enrolar
foi a
alma mais difícil
que já
vi pra se ganhar
— Toda
vez que venho aqui
este
infeliz me enrola
com o
banco e pé de figueira
deu-me
chute e jogou bola
e agora
pra completar
me
trancou nesta sacola
— Mas
se um dia eu pegar
aquele
cabra ladrão
nas
profundezas do inferno
mesmo
no meio do porão
verá
com quantos garranchos
se faz
um ninho de cancão
Dentro
do saco de couro
ficou
preso o satanás
e o
ferreiro estudando
um
plano muito sagaz
por ser
a última vez
não
podia enganar mais
Preparou
depressa a saia
e
ajeitou bem o fole
pegou o
satanás e disse
— Você
aqui não se bole
eu vou
botá-lo no fogo
para
fazer um controle
com
saco dinheiro e tudo
Agarrou-se
pelo o meio
tocou
no fole e na saia
e o
malho batendo em cheio
gritou:
Me solta ferreiro
que
nunca mais te aperreio
Quanto
mais o satanás
ao
ferreiro pedia
mais o
ferreiro queimava
e o
martelo batia
voava
casca de fogo
e o
moleque fedia
Depois
o ferreiro disse:
— Te
solto se garantir
nem com
vida nem com morte
nunca
mais me perseguir
satanás
disse: Prometo
nunca
mais quero te ouvir
— Pode
ficar descansado
com toda
sua riqueza
e
morrer quando quiser
que eu
juro com certeza
riscar
seu nome do livro
pra não
vê-lo em minha empresa
Disse o
ferreiro: Está certo
porém
passe um documento
como
perdeu a questão
não
quer me ver um momento
faça
logo e se assine
com
todo esclarecimento
O
satanás assinou-se
e deu
tudo por perdido
ficou o
ferreiro lá
de
riqueza prevenido
morreu
com noventa anos
nunca
mais foi perseguido
Mas
depois que ele morreu
foi ao
céu pediu morada
São
Pedro bateu-lhe a porta
não
deixou tomar chegada
o
ferreiro disse a Pedro:
Você
não é camarada
São
Pedro aí respondeu:
— Você
não quer salvação
vá se
arrumar com seu banco
pé de
figueira e surrão
e
depois com satanás
com que
fez arrumação
O
ferreiro ouvindo isto
disse a
Pedro: Você é
um
santo bruto orgulhoso
e
portanto eu já dei fé
que
onde tem corta jaca
ninguém
pode tomar pé
— Fique
com sua porqueira
que não
quero mais nem vê-lo
e agora
mesmo eu vou
ao
inferno conhecê-lo
se
satanás não quiser-me
vai se
dar um desmantelo
Quando
chegou foi batendo
no
portão de satanás
um
diabo veio a porta
e
disse: Daí pra trás
que
quem fez como você
do
inferno é incapaz
Seja
incapaz ou não seja
abra a
porta pra eu entrar
se não
abrir entro apulso
que não
venho de alisar
satanás
disse: Eu duvido
você na
porta cruzar
— Pode
desaparecer
da
porta de Lúcifer
vá
procurar os seus bens
e viver
onde quiser
que um
enrolão do seu jeito
o
satanás não o quer
Eu não
estou esquecido
do seu
banco desgraçado
pé de
figueira e o saco
aonde
sofri trancado
portanto
desapareça
cabra
enrolão descarado
Disse o
ferreiro: Ora bolas
que
tanta história e suspeita
vou ao
céu Pedro expulsa
no
inferno o diabo enjeita
eu já
vi que essa gente
comigo
está com despeita
Minha
vida foi novela
de uma
ponta a outra ponta
depois
de morto inda querem
comigo
fazer afronta
e já
que todos me odeiam
vou
viver por minha conta
Assim
ficou o ferreiro
sem
achar colocação
nem no
céu nem no inferno
não
encontrou proteção
ficou
vagando e se chama
Ferreiro
da maldição
Fartura brinde do céu
Salvação é coisa boa
A maldição
representa
Logo do que vive à toa
Espalhando entre os
maus
Sua maldita sua coroa
JESUS
CRISTO, SÃO PEDRO E O LADRÃO
Manuel de Almeida Filho
Jesus Cristo andou no mundo
Ensinando aos malfeitores
Com exemplos e milagres
Convertendo os traidores
No fim ainda deu a vida
Em favor dos pecadores
Os seus exemplos nos chegam
Através da sua glória
Onde muitos malfeitores
Inda alcançaram a vitória
Como esse que eu conto
Nessa pequena história
Jesus fez uma viagem
Com São Pedro certo dia
Por necessidade entraram
Numa grande travessia
Para salvarem um ladrão
Que só para o mal vivia
Mas São Pedro ignorava
O que ia acontecer
Porque Jesus não lhe disse
Para ele não temer
No meio da travessia
Começou escurecer
São Pedro tremendo disse:
- Estou morrendo de fome
Muito cansado e com sede
Só o medo me consome
Se não surgir uma casa
A onça hoje nos come
Jesus disse: a tua fome
Muito breve terá fim
"Ó homem de pouca fé"
Por que és tão fraco assim?
Estás tão desanimado
Que não tens fé nem em mim?
Porém adiante viram
Uma casinha surgir
São Pedro disse: eu não posso
Assim de noite seguir
Vou ficar naquela casa
Para comer e dormir
Manuel de Almeida Filho
Jesus Cristo andou no mundo
Ensinando aos malfeitores
Com exemplos e milagres
Convertendo os traidores
No fim ainda deu a vida
Em favor dos pecadores
Os seus exemplos nos chegam
Através da sua glória
Onde muitos malfeitores
Inda alcançaram a vitória
Como esse que eu conto
Nessa pequena história
Jesus fez uma viagem
Com São Pedro certo dia
Por necessidade entraram
Numa grande travessia
Para salvarem um ladrão
Que só para o mal vivia
Mas São Pedro ignorava
O que ia acontecer
Porque Jesus não lhe disse
Para ele não temer
No meio da travessia
Começou escurecer
São Pedro tremendo disse:
- Estou morrendo de fome
Muito cansado e com sede
Só o medo me consome
Se não surgir uma casa
A onça hoje nos come
Jesus disse: a tua fome
Muito breve terá fim
"Ó homem de pouca fé"
Por que és tão fraco assim?
Estás tão desanimado
Que não tens fé nem em mim?
Porém adiante viram
Uma casinha surgir
São Pedro disse: eu não posso
Assim de noite seguir
Vou ficar naquela casa
Para comer e dormir
Jesus disse: Eu vou também
Para a casinha marcharam
Lá foram bem recebidos
Boa comida jantaram
E depois em boas redes
Todos dois se agasalharam
Aqui vou fazer um ponto
Para poder explicar
Que o dono dessa casa
Vivia de hospedar
Quem passava na estrada
Para matar e roubar
De madrugada saía
Muito adiante esperava
Em um pé baraúna de
Quando o seu hóspede passava
Ele com um bacamarte
Com um só tiro matava
Depois que roubava tudo
O cadáver conduzia
Enterrava muito perto
Num cemitério que havia
E chamava de caçada
Tão grande selvageria
Na noite em que Jesus
Com São Pedro fez pousada
Na casa desse assassino
Ele foi de madrugada
E ficou na baraúna
Botando a sua emboscada
Jesus acordou-se cedo
E por São Pedro chamou
Despediu-se da mulher
Pelo homem perguntou
Ela disse: o meu marido
Muito cedo viajou
Foi fazer uma caçada
Só à tarde vem chegando
Jesus Cristo que sabia
Onde ele estava esperando
Agradeceu a mulher
E foi com São Pedro andando
Mais adiante avistaram
Ele lá de prontidão
Por detrás da baraúna
Com o bacamarte na mão
São Pedro disse: Senhor
Acolá tem um ladrão
Para a frente eu não vou mais
Pelo que lá estou vendo
Já sinto o sangue fugindo
E o coração morrendo
A vista ficando escura
E todo corpo tremendo
Jesus disse: Vamos Pedro
Deixa de tanto pavor
Lá estou vendo um cavalo
E não um salteador
Me diz onde está a fé
Que tens em teu Criador?
São Pedro disse: É verdade
A fé vale em toda a parte
Porém um ladrão daquele
Atira com muita arte
A fé não livra ninguém
Da boca dum bacamarte
Jesus disse: Mas ali
Não vejo nenhum ladrão
Saiu puxando São Pedro
Pegado por u'a mão
São Pedro fazendo força
Enterrando os pés no chão
De fato, quando chegaram
No canto tinha um cavalo
O ladrão foi transformado
Sem sentir nenhum abalo
Jesus disse: este animal
Agora vamos levá-lo
Vai ali corta um cipó
Faz um cabresto ligeiro
Que vamos os dois montados
Porém, eu monto primeiro
Na frente e você atrás
Na garupa do "sendeiro"
São Pedro fez o mandado
Depois os dois se montaram
O cavalo era possante
Todo o dia viajaram
Às cinco e meia da tarde
Em um engenho chegaram
Era tempo de moagem
No engenho "Canta Galo"
Quando o proprietário
Foi avistando o cavalo
Bonito, gordo e possante
Ficou doido pra comprá-lo
Falou a compra a Jesus
Porém Jesus disse: não
Lhe alugo por um ano
Se o senhor tem precisão
Por cinco contos de réis
Por menos nem um tostão
O homem pensou consigo:
- O aluguel é barato
Porque o cavalo é gordo
Não precisa muito trato
No meu carrego de cana
Ele vai pagar o pato
Disse a Jesus: eu aceito
O negócio companheiro
Jesus disse: com um ano
A quinze de fevereiro
Venho buscar o cavalo
E receber o dinheiro
Assim Jesus entregou
O cavalo e foi embora
São Pedro com muita raiva
Por que ia a pés agora
Era andando e reclamando
Todo instante toda hora
O senhor de engenho que
Pôs o cavalo na cana
Debaixo de uma cangalha
Sete dias na semana
Correndo de dia a noite
Numa vida desumana
No prazo Jesus chegou
O cavalo estava em pó
Todo arranhado e ferido
Que quem visse tinha dó
Magro que só um graveto
E a barriga dando nó
O senhor de engenho disse
- Me venda agora o cavalo
Jesus disse: Não senhor
Agora eu vou levá-lo
Tratar os seus ferimentos
Para depois engordá-lo
Jesus pegou o cavalo
E recebeu o dinheiro
Se despedindo do homem
Montou-se muito ligeiro
Pôs São Pedro na garupa
E viajou o dia inteiro
Mais ou menos às seis horas
No mesmo canto chegaram
Debaixo da baraúna
Lá o cavalo deixaram
Seguiram e na mesma casa
Do ladrão se hospedaram
Estava a mulher de luto
Vendo Jesus conheceu
Disse: hoje faz um ano
Que meu marido morreu
Foi "caçar" de madrugada
Por lá desapareceu
Jesus disse: o seu marido
Graças a Deus está vivo
Pelos crimes praticados
Passou um ano cativo
Nisso ele entrou em casa
Muito triste e pensativo
Viu Jesus e relembrou
Sua sentença tirana
De passar um ano inteiro
Sem a sua forma humana
Transformado num cavalo
E mais carregando cana
No outro dia Jesus
Saiu do seu agasalho
Chamou o ladrão e disse:
- Seu esforço não foi falho
Eis aqui o seu dinheiro
O fruto do seu trabalho
Receba seus cinco contos
E vá trabalhar com gosto
Que é no trabalho honesto
Aonde o homem acha encosto
Coma o seu pão honrado
Com o suor do seu rosto
Disse isso e despediu-se
Com São Pedro viajou
O ladrão foi trabalhar
Como Jesus ordenou
Nunca mais roubou ninguém
Até que Deus o chamou
Aqui se prova que o roubo
Leva o homem à desventura
Muito sofre quem não deixa
Esta vida de amargura
Isto só faz quem entende
Deus dá a quem se arrepende
A eternidade pura
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