O HOMEM DA
ROÇA
José Edimar
José foi rei
da preguiça
Detestava trabalhar
Mesmo sendo lavrador
Gostava só
de amolar
Todas ferramentas
suas
Somente para
emprestar.
Pois trabalhar
no roçado
Do serviço não
gostava,
Dizia: eu vou
amanhã
Quando a
mulher pelejava,
Mas de casa
não saía
Ela ainda acreditava.
Mas tudo muda
algum dia
Foi isso que
aconteceu,
Disse que botar
uma roça
Era maior desejo
seu,
Pensando em grande
colheita
A mulher se
convenceu.
Ela criava
galinhas
Numa grande
quantidade,
Ele fez logo
um acordo
Por ver a
necessidade,
De almoçar
todo dia
Um capão de
qualidade.
Como isso a
recompensava
Garantindo um
roçado,
Com umas
vinte tarefas
Dentro do
mato fechado,
Na colheita
deixaria
Aquele povo abismado.
01
Quando a
gente tem problema
E só pensa
em resolver,
Quando ouve
uma promessa
Ver a esperança
nascer
Duma forma
tão intensa
Que chega a se
convencer.
Ele combinou
com ela
Começar no
outro dia,
Logo que
amanhecesse
Levando ela
em companhia,
Para
escolherem o lugar
Onde sua
roça o botaria.
A mulher bem
satisfeita
Vendo a
conversa animada,
Preparou
logo um capão
A panela
recheada,
Para o
marido comer
Depois vinha
a noitada.
Ele batia a
mão nos peitos
Dizendo: a
coisa aqui vai,
Comer do bom,
do melhor
Isso é coisa
que me atrai,
Sem precisar
trabalhar
Todo dia um
capão sai.
Depois que
jantou bastante
A noite
pouco dormiu,
De manhã
acordou cedo
Ferramentas
conferiu,
Com um café reforçado
Pegou os
ferros e seguiu.
02
Ela preparou
o café
Deitou e
ainda dormia,
José saiu
tão ligeiro
E satisfeito
sorria,
Pensando
consigo mesmo
Deu do jeito
que eu queria.
Quando
chegou lá no mato
Procurou um
pau frondoso,
Que tivesse tronco
grosso
Que era
maravilhoso,
Pensou fazer
logo um cocho
Pra tirar
sono gostoso.
Baixou o
machado nele
Que o cavaco
subiu,
Da manhã ao
meio dia
A metade
conseguiu,
A mulher
veio com o almoço
O grande
salseiro viu.
José era tão
sabido
Que já tinha
combinado,
Quando
trouxesse o almoço
Já tinha um
lugar marcado,
Pra não
passar nos garranchos
Naquele mato
fechado.
Quando
chegasse ao lugar
De longe o
machado ouvia,
O eco sobre
a montanha
Toda mata
respondia,
Quem conhecesse
José
Jamais
acreditaria.
03
A mulher
pensou consigo:
Esse ano
mais ninguém
Vai fazer
como José
Preciso
tratá-lo bem,
Porque o que
está fazendo
Só e Deus e mais
ninguém.
Quis
atravessar o mato
Por ele está
demorando,
Quando ele
chegou suado
Ela foi lhe
perguntando,
Se o lugar
era distante
Onde estava
trabalhando.
José
respondeu pra ela:
– Não quero
roça pequena,
Quero umas
vinte tarefas
Porque
valerá a pena,
Onde outros colherem
dez
Vou colher uma
centena.
Disse a
mulher: sendo assim
Faça aí o
que puder,
Que a roça
sendo grande
Vai ser o que
você quer,
Cuide dela
que capão
Come a hora
que quiser.
José voltou
pro serviço
Trabalhou o
dia inteiro
Deixou o pau
bem lavrado
Fazendo um
coxo ligeiro,
Para poder
dormir dentro
Tirando sono
maneiro.
04
Todo dia ele
ia pra roça
Mas quando
chegava lá,
Dizia: esse pau
daqui
Também
aquele acolá,
Derrubo um,
depois outro
A broca
acontecerá.
Hoje não vou
fazer nada
Amanhã
quando eu vier,
Derrubarei
todos os paus
Que nesta
roça tiver,
Depois da
amanhã termino
É assim se Deus
quiser.
Passou assim
vários dias
Quando na
roça chegava,
Dizia eu não
vou agora
E novo plano
formava,
Deixando pra
outro dia
Pois a
coragem não dava.
Naquele
cocho que fez
Passava o
dia dormindo,
Numa moleza
danada
Que acabou
conseguindo,
Pegar a tal
da murrinha
Que ficou
lhe consumindo.
Mas na hora
do almoço
Corria igual
um matreiro,
Bastava a
mulher chegar
Que ele
estava no aceiro,
No primeiro
grito dela
Era o cabra
mais ligeiro.
05
A mulher era
esperta
Começou
desconfiar,
Chegava
antes da hora
Pra poder
observar,
Que é
impossível alguém
O tempo
inteiro enganar.
Ela chegava
e gritava
Cansou e não
gritou mais,
Saiu
procurando ele
Por baixo
dos matagais,
Andou que
cansou, e roça
Não achou nem
sinais.
Resolveu
seguir em frente
Encontrou o
pau cortado,
Foi pelo o
lado das galhas
Tinha sido o
pau lavrado,
Encontrou o
grande cocho
Onde ele
estava deitado.
Dormindo
sono profundo
E não tinha percebido,
Que ela
tinha chegado
Acordou
sendo agredido,
Quando ela
já metia
Uma mão no
pé do ouvido.
Ela não quis
mais conversa
Tinha o
diálogo esgotado,
Procurou
logo uma vara
Naquele mato
cortado,
Quando ele
acordou correu
Mas já era encoivarado.
06
Gritou pra
ela: o que é isso?
Ainda quase
dormindo,
Querendo se
desculpar
Olhando ela
e sorrindo,
Ela sem dar atenção
De varadas
ia cobrindo.
Foi quando
ele decidiu
Fugir pra
não apanhar,
Levantou-se
e foi correndo
Ela pôde
acompanhar
Ele enganchou-se
nos galhos
Conseguiu
ela agarrar.
Nunca pegou
uma pisa
Como levou
nesse dia,
Essa surra
foi tão grande
Pois zangada
ela batia,
E quando cansou
os braços
Arrependida
sorria.
Ficou ele
acabrunhado
Com a surra
que levou,
Estava no
chão sentado
Margareth o
levantou,
Agarrando na
mão dele
Em seguida o
abraçou.
Disse pra
ele: querido
Perdoe tudo que
lhe fiz,
Não pude me
controlar
E fazer o
que não quis,
Conheço sua
preguiça
Mas nunca
fui infeliz.
07
José lhe
abraçou também
Chorando
pediu perdão,
Porque por
sua preguiça
Causou nela
a traição,
Enganando a
esposa
Só para
comer capão.
A surra foi
um exemplo
O remédio
que faltava,
Que depois
daquele dia
Ninguém mais
lhe encontrava,
Nem mesmo para
conversa
José em casa
não parava.
Quem não tinha
conhecido
José, mas ouviu
falar,
Porque ele
ficou rico
Dedicado a trabalhar,
Preguiça na
sua vida
Nunca
encontrou mais lugar.
Porém não
foi a preguiça
Nem roça que
prometeu
Que deu o nome
que tem
Sabe bem quem
o conheceu
Mas por
enricar com roça
Que esse
nome recebeu.
Sua esposa
Margareth
Com José
tornou-se amável
Surrar deu
fim na preguiça
Fez um homem
responsável
Dando pra
sociedade
Um exemplo
bem saudável. FIM
08
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