domingo, 12 de novembro de 2023

12º Festival de Violeiros de Timon - Maranhão















     Às 19 horas na Praça do bairro São Benedito, teve início o 12º Festival de Violeiros Repentistas e Emboladores, grande noitada de cultura popular, show de repentes e emboladas, sob o aplauso do público presente, desfiles de motes e estilos de cantoria e emboladas de cocos e desafios , para o deleite da população. A Associação dos Poetas Populares de Timon e Região dos Cocais - ASPOPOT, agradecimentos a Deus Pai Criador aos colaboradores e a todos que contribuíram com a realização da festa, A Diretoria.

domingo, 6 de novembro de 2022

11º FESTIVAL DE VIOLEIROS DE TIMON


EDITAL:

 

 A Diretoria Executiva da Associação dos Poetas Populares de Timon e Região dos Cocais - ASPOPOT, sediada na Rua José Constâncio nº 2026 no bairro São Benedito, em Timon - MA, convoca todos os seus associados em dia com suas obrigações estatutárias, para uma Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará no próximo dia 10 do mês de abril do corrente ano, às 15 h em primeira convocação e às 16 h em segunda convocação na sua sede no endereço acima citado. Pauta do dia: "eleição e posse da Diretoria Executiva da entidade para o quadriênio 10-04-2023 / 10-04-2027. Timon - MA, 13-03-2023.  Aureliano dos Santos Oliveira. Presidente.









 
















No dia 05 de Novembro de 2022 às 19 horas teve início o 11º Festival de Violeiros da Cidade de Timon no Complexo Cultural, aconteceu  o Festival contou com a participação de violeiros repentistas e Emboladores da Região dos Cocais e de Teresina Piauí. Todas as famílias timonenses foram convidadas houve boa participação da comunidade.

Fotos do 11º Festival de Violeiros de Timon, dia 05 de Novembro de 2022 às 19 horas na praça no Complexo Cultural de Timon


quarta-feira, 23 de março de 2022

COLEÇÃO DE CORDEL DO POETA JOSÉ EDIMAR

 


















Coleção Kit com 27 folhetos em Literatura de Cordel do Poeta José Edimar, capas confeccionadas em papel cochê, tamanho 24x13. São: 02 contendo 32 páginas, 07 com 24 páginas, 13 com 16 páginas, 05 com 08 páginas. preço do kit: CR$ 100,00 (cem reais). Pedidos pelo Whatsapp - 86 98842 - 8475

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

 


EDITAL: 

 A Diretoria Executiva da Cordelaria Chapada do Corisco - Cochacor, sediada na quadra 330, casa 12, bairro Dirceu Arcoverde II, em Teresina-PI, convoca todos os seus associados em dia com suas obrigações estatutárias, para uma Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará no próximo dia 19, às 15 hs em primeira convocação e às 16 hs em segunda convocação com qualquer número de sócios, na Casa do Cantador, rua Lúcia, 1419, bairro Vermelha. Pauta do dia: "eleição e posse da Diretoria Executiva da entidade para o triênio 23-03-2022 / 23-03-2025. Teresina-PI, 02-03-2025. Joaquim Mendes Sobrinho. Presidente.


10º FESTIVAL DE VIOLEIROS DE TIMON -MARANHÃO











    Dia 06 de Novembro de 2021, a partir das 19 horas na Praça do Barro São Benedito em Timon, acontecerá o 10º Festival de Violeiros de Timon Maranhão, com a participação de violeiros repentistas da Região dos Cocais e de Teresina Piauí. Acesso livre para todos, sinta-se convidado!

Fotos do 10º Festival de Violeiros de Timon, dia 06 de Novembro de 2021 às 19 horas na praça do bairro São Benedito.



 



























sexta-feira, 13 de novembro de 2020

JOSÉ PACHECO DA ROCHA E PELEJA DE MANOEL RIACHÃO SOBRINHO E JOSÉ MANEIRO

 



JOSÉ PACHECO DA ROCHA, ou José Pacheco, como é mais conhecido, nasceu no Município de Correntes, em Pernambuco, residindo algum tempo na cidade de Caruaru, naquele mesmo Estado.Viveu muitos anos em Maceió Alagoas, vindo a falecer naquela cidade, provavelmente em 1954. Folhetos de sua autoria foram publicados pela Luzeiro Editora, de São Paulo. Recentemente, a Editora Queima-Bucha, de Mossoró (RN), publicou o folheto A intriga do cachorro com o gato. Além disso, há edições de suas obras pela Catavento, de Aracaju (SE); Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte (CE); Coqueiro, de Recife (PE), e por outras editoras.

Seus folhetos mais importantes são História da princesa Rosamunda ou a morte do gigante e A chegada de Lampião no inferno. As histórias de gracejos são um dos aspectos marcantes dos cordéis de José Pacheco, considerado um dos maiores cordelistas satíricos do Brasil. Mas o poeta se dedicou também a outros temas, como histórias de bichos, religião e romance.


Peleja de Manoel Riachão

Sobrinho com José Maneiro

Autor: José Pacheco

 

À cinco do mês passado

Eu estava em Sertãozinho

Quando regressou de Minas

Manoel Riachão Sobrinho    

Encontrou José Maneiro

Quase dar-se em descaminho

 

Manoel Riachão não conta

Os que já tem assinado

Nem José Maneiro soma

As surras que já tem dado

Se um é serra de fogo

O outro é fogo serrado.

 

O senhor João Gregório

Cidadão comercial

Fez espalhar-se a noticia

Convidando ao pessoal

Em sua casa os cantores

Deram inicio ao festival.

            01

Foi este o primeiro verso

De Manoel Riachão:

Camarada o tempo é este

Se tiver disposição

Remexa o que tem guardado

Vá despejando o surrão.

 

M — Você mandou-me e eu vou 

Arranjar seu desmantelo

Fazer você derreter-se

Como se derrete gelo

Rasgar couro e quebrar osso

Virar carnal pra o cabelo.

 

R—Homem que canta comigo

Segue por onde eu marcar

Conta os passos, pisa firme,

Corta por onde eu riscar,

Não é da forma que pensa

Nem faz o que desejar.

 

M – Eu sou o José Maneiro 

Assombro deste sertão

Sou inimigo da paz

Gosto da revolução

Dou tudo por um intriga

Sou comprador de questão,

             02

R — E eu para beber sangue

Sou igual a canguçu

Furo na goela e chupo

Como quem chupa caju

Lasco o bucho e cai o fato

Rasgo o bofe e como cru.

 

M—Já peguei um cantador

Desses que se diz da roça

Fiz-lhe um buraco no bucho

Puxei-lhe a tripa mais grossa 

Amarrei ele com ela

Botei para puxar a carroça.

 

R—Eu fiz um rombo nas costas

De um cantor desordeiro

Que quem olhava por ele

Avistava o Juazeiro

Olhando do outro lado

Via-se o Rio de Janeiro.

 

M—Maneiro quando se zanga 

Desaponta e perde a calma

Emboca no cemitério

Laça visão, pega alma,

Toca pífaro com os olhos

 E as orelhas batem palma.

             03

R—E eu estando com raiva

Até o sol desanima

Faço as estrelas baixarem

A lua transforma o clima

Viro o mundo, emborco a terra 

Derramo o que tem em cima.

 

M—No dia que eu estou

Com 3 quente e 2 queimando

Com a camisa as avessas

E o cabelo fumaçando

A vizinhança diz logo:

Maneiro está se danando.

 

R—E eu revirando a barba 

Tropeçando no falar,

Caminhando num pé só

Na ponta do calcanhar

Quem me conhece diz logo:

Riachão quer se danar.

 

M—Vamos esticar na linha

Quem for fraco se arrebente

Quero quadras em 10 pés

O tema é esse da frente

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

          04

R—Caravana cavalgada 

Congregação companhia

Carreira cavalaria

Cão colega camarada

Campo côrte cruz ilhada

Confirmador conhecente

Conjugação conferente

Carranca cruel caraça

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

 

M—Catástrofe cataclismo

Corisco constelação

Candidatura canção

Cardeal catolicismo

Capelão cristianismo

Cristandade concorrente

Crucifixo combatente

Criminalidade crassa

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

 

R—Confins cascata cabana 

Carregador costaneira

Comarca cais cachoeira 

Constantinopolitana,

Colina carmelitana

Concordável confluente

Competidor contendente

Confusão carta comparsa

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

              05

M—Caixão caixeiro correto

Caixa campa candeeiro

Caboclo crime coveiro

Cascudo corte concreto

Cascalho carvão coberto

Cavaco casca crescente

Curvado correspondente

Caçador cachorro caça

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

 

R—Cavalo casa canoa

Corcovado carretão

Cordilheira caminhão

Caverna cova cambôa

Contrição crisma coroa

Criação crença crente

Combinação calmamente

Criado copo coiraça

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

 

M—Cavouco concavidade 

Compromisso calculista

Câmbio cambial cambista

Côncavo e calamidade

Culpa culpabilidade

Casto cortês consciente.

Calmo compassadamente

Crista cocão calabaça

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

              06

R—-Camarinha calçamento 

Corredor canto calçada

Cozinha copa criada

Castelo compartimento

Cortina cofre convento

Cruzeta cravo cadente

Caramanchão cultamente

Canteiro cós e carcaça

Cachimbo café cachaça

Cadarço cordão corrente.

 

M—Vamos cantar noutro tema

Que este é muito pesado

Muito cac ateador

Além disso é enrascado

Pra cantar na letra C

Me considero esgotado.

 

R—Galinha que cisca muito

Borra a água e quebra o caco

Pois agora você diga

Certo, sem fazer buraco

Aranha arranhando a jarra

E um sapo socando um saco

               07

M—Peço que diga outra vez

Pra eu dar pela maranha

Porque não ouvi direito

Esse negócio de aranha

Aí o povo da sala

Disseram: Maneiro apanha.

 

R—Não vá fazer palhaçada 

Arrumação de macaco

Cuidado não erre o tema

É gancho pra quem é fraco

Aranha arranhando a jarra

E um sapo socando um saco.

 

M—Eu já peguei o seu tema

Botei ele no bisaco

Agora boto pra fora

Digo sem fazer buraco

Um sapo socando a jarra

Aranha comendo o sapo.

 

No desmantelo do verso

Todo povo do salão

Sorria demasiado

Em ponto de mangação

Maneiro perdeu a palma

Quem ganhou foi Riachão.

                08

I

 

-




segunda-feira, 5 de outubro de 2020

CORDEL DIGITADO VI

 

A Palestra das Três Donzelas

Erotildes Miranda dos Santos

 

Palestravam 03 donzelas

Em assunto amoroso

Uma disse: Meu paquera

É por demais  carinhoso

Nosso namoro é quente

É danado de gostoso.

 

A segunda respondeu:

Eu estou nesta jogada

Boto mesmo pra quebrar

Até alta madrugada

Nos braços do meu pãozinho

Não me lembro mais de nada.

 

A terceira deu risada

E disse: Não fico atrás

Passo a noite com Zezinho

Entre suspiros e ais

Tudo que é meu é dele

Já não me domino mais.

 

Ivone disse: Tá certo

Mas vamos voltar atrás

Não se faz toda vontade

Quando gosta dum rapaz

Pra não perder certas coisas

Que não acha nunca mais.

              01

Tereza disse: Qual nada

Eu estou com Carmelita

A moça sendo bem quente

Todo rapaz lhe palpita

Sendo fria ninguém quer

Ainda sendo bonita.

 

Eu só boto fumaçando

Ache ruim quem quiser

Quero ver pegando fogo

Dê o caso no que der

Comigo só vai assim

Pra isso nasci mulher.

 

Quem for mole que se dane

Quero ver o cabra é quente

Que chega sair faísca

Quando encostar na gente

Um deste topa comigo

Porque nós bota pra frente.

 

Carmelita respondeu:

O homem só presta assim

Que bote pra derreter

Do começo até o fim

Se eu pudesse ficava

Com todos eles pra mim.

              02

Ivone disse; Danou-se

Tu tá ficando tarada

Só quer tudo pra você

As outras ficam sem nada

Eu também gosto da coisa

Porém sou mais conformada.

 

Carmelita disse: Não

Eu nunca fui conformada

Em matéria de amor

Toda vida fui parada

Já dispensei mais de dez

Porque não deram pra nada.

 

E dispenso qualquer um

Que não mate meu intento

Pra isto tem que ser vivo

E ter bom temperamento

Pra topar meu rebolado

Que é muito violento.

 

O filho de Chico Bento

Começou me namorando

Dizendo ser uma brasa

Que só botava queimando

Mas comigo virou gelo

Só vivia cochilando.

            03

Tive que mandar embora

Pra não me aborrecer

Arranjei um tal de Zé

Da fazenda Bom Viver

Este no primeiro rounde

Botei logo pra correr.

 

Depois me apareceu

O Manoel Paquerinha

Peguei ele no estreito

Que deixei numa peínha

Só não matei desta vez

Por pedido da vizinha.

 

Tereza disse: Menina

Você é muito danada

 Mas é assim que se faz

Com esta rapaziada

Pra nenhum sair dizendo

Fulana não é de nada.

 

Eu também sou brasa viva

Meu namoro é tinino

E tenho horror a homem

Que anda falando fino

Nenhum gosta de mulher

E é por demais cretino.

               04

Meu primeiro namorado

Foi um tal de Chico Duro

Só queria namorar

Comigo no pé no muro

E dizia que namoro

Só prestava no escuro.

               

E como experiência

Nós ficamos se gostando

Com o decorrer do tempo

Ele pegou afinando

Ficou trocando das pernas

E os olhos afundando.

 

Eu aí disse pra ele:

Você não vai aguentar

Se continuar comigo

Aumenta mais seu pensar

Porque eu quando namoro

Boto pra esbruguelar.

 

Ele vendo que morria

Dali desapareceu

Nunca mais tive notícia

Também não sei se morreu

Eu aí disse comigo:

Aquele não era meu.

            05

Depois me apareceu

Por lá um paraibano

Dizendo que era o tal

Com ele não tinha engano

Mas comigo caiu duro

Também entrou pelo cano.

 

Agora eu tenho um

Que me veio importado

Este é quente demais

Parece que é tarado

Se existe satanás

É este meu namorado.

 

Tratam ele de chamego

Eu nunca vi tão danado

Mata todo meu desejo

O bicho é acordado

Só assim eu posso ver

Meu sonho realizado.

 

Este deu certo comigo

Me entende muito bem

Ele faz minha vontade

Eu faço a dele também,

Este é todinho meu

Só meu e de mais ninguém.

              06

Carmelita suspirando

Disse eu também queria

Arranjar um desse tipo

Para minha alegria

Ele quente e eu fervendo

Aí o couro comia.

 

Comia de todo jeito

Porque minha lei é dura

Se bater testa comigo

Só vai morrer na fartura

Se quiser como eu quero

Aí ninguém me segura.

 

Ivone disse: Vocês

Querem ser as maiorais

Não tem homem que resista

Quando o instinto é voraz

Pra satisfazer as duas

Só o próprio satanás»

 

Porque homem deste mundo

É asneira pelejar

Vocês botam pra correr

Quando não querem matar

Eu não sei também se o diabo

Com vocês vai aguentar.

               07

Quando as duas se casarem

Os noivos de antemão

Podem preparar as covas

E cada um seu caixão

Pois o fogo de vocês

Mata qualquer um cristão.

 

Tereza ali respondeu:

Já um pouco alterada

Nenhuma de nós tem culpa

De você não ser de nada

Nós que somos do embalo

Topamos qualquer parada.

 

Tereza e Carmelita

Saíram dando risada

Ivone junto com elas

Se conservava calada

Aquela forte palestra

Ali ficou encerrada.

 

Eu também vou encerrar

Falando das coisas belas

Que a natureza cria

E se reveste com elas

Com base no pergaminho

Escrevi este livrinho

Palestra das 03 Donzelas. – FIM

                 08


A TRISTE SORTE DE IRACEMA

Autor: João Ferreira da Silva

 

Quanto lutam  pai e mãe

Para dar conforto e trato

Ao seu filhinho querido

Pra não o ver em maltrato

Porém algum quando cresce

Logo aos pais desconhece

Se tornando um filho ingrato.

 

Filho desobediente

Que seja homem ou mulher

Destes que dizem aos pais:

Eu faço o que bem quiser

Para isto tenho idade

Farei a minha vontade

Depois venha o que vier.

 

Antes do filho nascer

Já a mãe vive sofrendo

Depois que nasce, o trabalho

Para ela vai crescendo

Depois de moça ou rapaz

Com desprezo trata os pais

É o que estamos vendo.

 

Porém como Deus vê tudo

Que seja perto ou além

Vê a pessoa que vai

E vê outra quando vem

Vê o que merece o dom

Vê o filho que é bom

E vê o ruim também.

               01

Falo sobre a Iracema

Moça bonita e capaz

Que ao lado das mais belas

Tinha perfeitos sinais

O que na vida queria

Era o luxo e a orgia

O dinheiro e nada mais.

          

Conselho de sua mãe

Ela nunca quis ouvir

Dizia muito zangada:

Eu já sei me dirigir

Mas a velha não deixava

E sempre lhe avisava

Veja onde vai cair.

 

O que a senhora quer

Nunca espere que eu faça

Gosto de cinema e festa

E do namoro na praça

Nem que chore e peça a rogo

Pode o mundo pegar fogo

E eu subir na fumaça.

 

Neste mundo o que é bom

É dinheiro e boniteza

Eu chegando a sua idade

Já não tenho mais beleza

Do mundo não levo nada

Sendo um dia desprezada

Gosto da minha riqueza.

 

Sou jovem e muito bonita

Quero me aproveitar

Quando chegar a velhice

Ninguém vem me abraçar

Toda velha é fedorenta

De qualquer forma é nojenta

Só leva a vida a rezar.

              02

Por isto nunca pensava

Que assim na mocidade

Rica forte e tão bonita

Tão cheia da vaidade

Achava que não podia

Chegar para ela o dia

De implorar a caridade.

           

Desta forma Iracema

Ia a vida desfrutando

A rapaz bonito e rico

Ela ia se entregando

Um dia não suportou

A sua honra entregou

Para o bacharel Armando.

 

Só tinha dezesseis anos

Quando se prostituiu

Nesta idade tão pequena

Onde queria, caiu

Deste dia por diante

Homem rico e elegante

Ao seu lado sempre viu.

 

Seu pai morreu de desgosto

Por se ver tão humilhado

Porque a filha querida

O fez desmoralizado

Dos amigos se escondia

O velho muito sofria

Por ser muito respeitado.

 

Sofria por ver a filha

Da alta sociedade

Atolada na orgia

Na grande imoralidade

A mãe chorando e sofrendo

Por ver a filha vendendo

A retalho a virgindade.

            03

Era ela filha única

Pra quem o pai trabalhava

Toda sua economia

Pra ela depositava

Seus gostos seu pai fazia

Mas em dinheiro e orgia

Era em que ela pensava.

             

Até que tudo saiu

Do jeitinho que queria

Os amantes encontravam

A qualquer hora do dia

O rico, o milionário

Doutor e funcionário

A ela se oferecia.

 

Então por um estrangeiro

Ela se apaixonou

E pra sair do Brasil

Ele a ela convidou

Só pela beleza dela

Prometeu dar tudo a ela

Ela com gosto aceitou.

 

Mas logo com poucos dias

Ela foi desconfiando

O estrangeiro era pobre

Dela foi se afastando

Até desaparecer

Tratou ela de atender

Alguém que vinha encostando.

 

Lhe deram casa e mobília

Carro para passear

De todo lado ela via

Rico presente chegar

Com o mundo alguém se ilude

Esquece que a saúde

Possa um dia lhe faltar.

             04

Assim estava Iracema

Vivendo no estrangeiro

Satisfeita e iludida

Com o mundo e o dinheiro

Mas Jesus, que nada esquece

No tempo certo aparece

Castigo do justiceiro.

            

Um dia chegou um homem

Na porta, ela pôde ver

Pareceu com o seu pai

Porém não podia ser

Saiu o rosto escondendo

Uma voz também dizendo

Algo vai acontecer.

 

Então neste mesmo dia

Recebeu de um conhecido

Uma carta que dizia

A sua mãe ter morrido

Disse ela: para mim

É o começo do fim

Ou um prazer destruído.

 

Logo depois de três dias

Outro homem apareceu

Deu nela tão grande surra

Que desta ela adoeceu

O que se viu desprezado

Porém veio mascarado

Ela não o conheceu.

 

Então chorando dizia:

Sei que estou derrotada

Os amantes se afastando

 Da família incomodada

Foi ela então conhecendo

Que muito estava devendo 

Começava ser cobrada.

              05

Escoriações pelo corpo

E muitas dores sentindo

Também escarrando sangue

A força diminuindo

Ninguém mais aparecia

Tudo com medo fugia

E a saúde se sumindo.

          

Os seus amantes cismaram

Nem um mais a procurava

Todos passavam por longe

Dela não se aproximava

Deitava mas não dormia

A noite toda gemia

Nem um amante chegava.

 

Então pra comprar remédio

Já foi preciso vender

Joias de ouro e brilhantes

E comprar o que comer

Pois via tudo faltando

Ela assombrada pensando

O que devia fazer.

 

Já não tenho mãe nem pai

Estou no mundo sozinha

Sofrendo em terra estranha

Meu Deus, que sorte esta minha

Se eu pudesse voltar

Talvez desse pra encontrar

Meu tio e minha madrinha.

 

Nem um dos dois me conhece 

Doente velha e esquisita

Quando saí de São Paulo

Muito nova e tão bonita

Do mundo é o que se espera

Ontem casa, hoje tapera

E mais ninguém me palpita.

             06

Fui presa mais de uma vez

Por caso de bebedeira

Tanto dinheiro que tive

Hoje nesta quebradeira

Já fui bonita e fui nobre

Ontem rica e hoje pobre

Passei do luxo, a poeira

              

Isto é exemplo pra muitas

Que pensam como eu pensei

Quem se ilude com o mundo

 Chega aonde eu cheguei

Isto serve de espelho

E quem não ouve conselho

Acha do que eu achei.

 

Quantas hoje se iludem

Com careta e com risada

Eu pensei que ia certa

Segui a estrada errada

Quando quis cuidar na vida

Foi tarde, estava perdida

O mundo não vale nada.

 

Casa bonita e mobília

Mas não podia vender

Pois não tinha documentos

Nada podia fazer

Tão doente quase morta

Uma passagem de volta

Foi o que pôde obter.

 

Quando chegou em São Paulo

Pensava, pra onde eu vou?

Pôde saber que. o tio

Dali também se mudou

Dizia ela consigo

Oh! que tão grande castigo

Deus para mim reservou.

               07

Me falta casa e comida

E até o que vestir

Quem de tudo tinha tanto

E tão depressa sumir

Conselho eu não queria

Bem que minha mãe dizia:

Veja aonde vai cair.

             

Eu em casa do meu pai

Tinha almoço, janta e ceia

O que vestir e calçar

E não via cara feia

Hoje além de não ter nome

Já passei dias com fome

Já sofri surra e cadeia.

 

Ah! se a morte viesse

Para me aliviar

Eu sei meu Deus, que mereço

Tu assim me castigar

Perdoa esta pecadora

Que hoje o tão sofredora

Quero o perdão alcançar.

 

O mundo me iludiu

Fiz o gosto da matéria

Quem ontem me adorava

Hoje me vê, diz pilhéria

Me tratava como santa

Hoje olha e se espanta

 Por me ver nesta miséria.

 

Um dia parou na porta

Da casa onde nasceu

Já era tarde da noite

Porém ela conheceu

Teve tão grande emoção

Sentou junto ao portão

Deu um gemido e morreu.

               08

 

 


SÃO SALVIANO E SATANÁS

 AUTOR: DILA


O poeta é um pintor

Nos quadros da natureza

Pinta os desenhos possíveis

De atrair com a beleza

É esse dom que emprego

Nas páginas da incerteza.

 

Cada poeta que conte

Fato histórico ou criação

Com seu pensamento livre

Vive medindo extensão

Nas correntes do destino

Forma sua coleção.

 

Por isso descrevo o plágio

De um bonito Trancoso

Dum Santo e Satanás

E cada um mais corajoso

Lutou de sócio vejamos

Qual foi o vitorioso.

 

Um era São Salviano

O mais forte agricultor

Das terras de Betábara

Satanás o convidou

Para trabalharem sócio

O santo logo aceitou.

 

Satanás disse pois bem

Salviano meu amigo

Nosso primeiro controle

É plantar Cana: lhe digo

Se você for um bom sócio

Poderá contar comigo.

                 01

São Salviano então disse:

Vamos a terra poupar

Preparara quando pronta

Foram de Cana plantar

Fizeram os trabalhos até

Ponto de colher, chegar.

 

Chegou à vez de colher

São Salviano chamou

Satanás diga-me agora

O que mais lhe agradou?

À folha à folha à folha!

Satanás lhe respostou.

 

Salviano as colheitas

Tem que ser bem dividida

O senhor citando isso

Deu certo minha medida

Um ganha rama; outro fruto

Vamos até o fim da vida.

 

Você fique com a cana

A palha serve pra mim

E mesmo seu Salviano

A cana não é ruim

A palha eu fico com ela

O sócio bom faz assim.

 

Fizeram logo a colheita

São Salviano apurou

Seu bom dinheiro na cana

E o Satanás ficou

Com a folha no relento

Veio o tempo devorou.

            02

Satanás aperreado

Falou a São Salviano

Dizendo vamos mudar

Nossa planta esse ano

Aquela planta de cana

Veio pra lascar o cano.

 

São Salviano respondeu:

Veja o que vamos plantar

Satanás disse é Fumo

O mais fácil de lucrar

Dessas nossas plantações

Agora vou desfrutar.

 

 

Plantaram fumo até

A vez de colher chegou

Disse o Santo a Satanás

Eu quero ser sabedor

Como dividimos agora

O que agente trabalhou.

 

Satanás pensou e disse

Por modo ganancioso

Eu só vou querer os paus

O senhor como jeitoso

Pode colher toda folha

Que serei vitorioso.

 

O santo colheu a folha

Satanás aperreou-se

Porque não vendeu os paus

E depois reanimou-se

Para fazer outra planta

Muito ligeiro explicou-se.

               03

Citou a São Salviano

Por duas vezes perdi

Vamos plantar Maniva

Eu agora resolvi

O santo disse: aceito

Plantará sem discutir.

 

Na colheita Satanás

Disse: não digo burrice

As outras vezes perdi

Porque usei de tolice

Quero maniva e folhas

Que não sou de meninice.

 

Serão suas as mandiocas

Que está debaixo do chão

Com as manivas e folhas

Ganho tudo sem questão

O santo fez a farinha

Satanás ficou na mão.

 

Disse: já vivo cambeta

De trabalhar tanto assim

Três vezes venho perdendo

Porém consultei a mim

Que essa sociedade

Cada vez fica ruim.

 

Respondeu São Salviano

Não deve desanimar

Ouça o adagio e grave

(Quem trabalha é pra lucrar) 

Satanás disse: é verdade

Então vamos trabalhar.

               04

Porque em nossas colheitas

Venho perdendo enrascado

Seu Salviano ganhando

Eu ficando atolado

Plantemos Abacaxi

Que nos dá bom resultado.

 

E os 02 fizeram planta

Foi uma safra arrochada

O Satanás disse colha

Essa frutinha danada

Os pés ficarei com eles

Para ganhar a parada.

 

São Salviano vendeu

O abacaxi em grosso

O Satanás com os pés

Disse: arranjei um colosso

Porque a fruta se chupa

Irei fazer um destroço.

 

Pois eu não ganhei a fruta

Mas estou certificado

Que irei aproveitar

As folhas desse danado

E depenicou todinhas

Somou valia um cruzado.

 

Assim passou 09 dias

Procurando comprador

Não achou na vizinhança

Zangou- se mudou de cor

Percorreu o universo

Voltou virado estupor

              05

Porque não achou negócio

E o sol queimou as folhas

Ele rinchava e berrava

Dizendo tem as escolhas

Que eu fiz nessas colheitas  

Só me serviram de rolhas.

 

Assim serei um maldito

Minha sorte é covarde

Minha luz já apagou-se

Abraço à barbaridade

Só me surge desvantagem

Foge de mim à bondade.

 

Dava saltos e caía

Com o rosto pelo chão

Babava soltando pragas

E com a força da mão

Puxava a calda do corpo

Rodava como um pião.

 

São Salviano avistou

Ficou sorrindo escondido

Depois de duas horas

Que tinha se divertido

Veio por traz do Satanás

Deu-lhe grito no ouvido.

 

Ele pasmou o santo disse

Você lamenta a tristeza

Eu sorrindo pela graça

Desse meu dom de riqueza

Nossa colheita é um jogo

O seu ganho é a pobreza.

             06

Satanás franziu a testa

Ficou desorientado

Dizendo com Melancia

Vamos plantar o roçado

Plantaram no tempo certo

O lucro foi arrochado.

 

Satanás disse agora

Eu não vou bancar folia

É minha todas as ramas

Fique com a melancia

Pra depois ninguém dizer

Satanás está na forquia.

 

São Salviano apurou

Sua colheita certeira

Veio o sol secou à rama

Satanás disse a porqueira

O santo respondeu logo

Vamos plantar Bananeira.

 

Fizera à planta e chegou

Ao ponto de se colher

Disse o santo: Satanás

Cuidado não vá perder

É a fruta ou à madeira

O que você vai querer.

 

O Satanás respondeu

A madeira é toda minha

Colha a fruta pra você

O santo colheu todinha

O Satanás foi agir

Pela maneira mesquinha.

               07

Cortou toda a madeira

Fez metros a bambão

Não achou quem quisesse

Um metro por um tostão

Zangou-se disse ao santo

Quero dissociação.

 

Porque completou 06 vezes

Que eu perdi pra esse santo

E sendo assim enrolado

O sócio causou-me espanto

O nome de Salviano

Me encheu pra todo canto.

 

São Salviano sorriu

Disse: estamos desligado

Fazendo o sinal da cruz

Satanás rangiu zangado

Deu um papoco e se foi

Pras trevas do seu reinado.

 

São Salviano ficou

Lutando na agricultura

E deixou labor nas páginas

Como um herói de bravura

O Satanás enraivado

Mergulhou na treva escura.

 

Deus ajudou o seu santo

Isso temos que saber

Leitores esse Trancoso

Aqui findei de escrever

Só é comum do poeta

Se obrigar a descrever.

            08