terça-feira, 9 de dezembro de 2014

BRANCA FLOR E RAIO DE LUZ OU A FILHA DO PESCADOR.



BRANCA FLOR E RAIO DE LUZ
OU A FILHA DO PESCADOR
José Edimar

No reino do Mar Azul
O brilho da realeza
Sempre era estendida ao povo
E agradava a nobreza
Reinando paz e harmonia
No centro da natureza

Nas manhãs de cada dia
Que um novo sol brilhava
Com as palhetas douradas
Toda a relva despertava
Quando toda natureza
Na jornada começava

De longe se ouvia o canto
Eram aves campineiras
Codornizes e Sabiás
Bem-te-vis e Lavandeiras
E sons de águas descendo
No rumo das cachoeiras
            
A brisa fresca cedinho
Trazendo aroma das flores
Ouvia – se o som das asas
Dos Colibris voadores
Da flor, o néctar, as abelhas.
Enchendo seus colhedores

Nessa hora santa e bela
Cupido o deus do amor
Muito cuidadosamente
Como bom rastreador
Flechou logo um coração
Como exímio atirador

A menina Branca Flor
Nessa hora despertava
No frescor da natureza
Porém não imaginava
Que a flecha do Cupido
No seu peito penetrava
            
Ela ficava deitada
Vendo clarear o dia
E quando ela levantava
Para o seu jardim seguia
De lá avistava o pai
Que do mar aparecia
           
Seu pai era pescador
Cedo voltava do mar
Com redes cheias de peixes
Difícil de carregar
Por isso que a menina
Sempre ia lhe ajudar

Ajudando com as redes
Quando do barco desceu
Um filhote de golfinho.
Junto à rede apareceu
Sem seu pai, se dar conta.
Somente ela percebeu

O peixe estava brincando
E ela não falou nada
Tomou conta dos peixes
Era uma luta pesada
Levando o golfinho junto
Pra começar a jornada

A menina Branca Flor
Tinha também a missão
Limpar os peixes com o pai
Ajudando na função
Ser filha dum pescador
Impunha tal condição
                
Depois de limpar os peixes
Foi perceber no final
Que o filhote de golfinho
Continuava ainda igual
O momento que chegara
O que seria anormal

Resolveu não cortar ele
Dá - lhe outro tratamento
Diferente dos demais
Levou-o naquele momento
Colocou dentro da água
Próximo do seu aposento

Ele caindo na água
Moveu-se rapidamente
De branco ficou bem claro
Como o sol resplandecente
Olhando ele, ela ficou.
O tempo todo sorridente
                
A menina Branca Flor
Quando acordava cedinho
Corria para o local
Que colocara golfinho
E brincava ali com ele
Conversando bem baixinho
                 
Não deixava nenhum dia
Sem ir à beira do mar
Chamava - o Raio de Luz
Vendo a água se agitar
Seu brilho logo fazia
Toda água clarear

Ela avistando dizia
- Vem que tua Branca Flor
Chegou pra te visitar
Porque és merecedor
De receber cafuné
Com recheio de amor

Passou assim mais de ano
Todo dia visitando
Ao falar- Raio de Luz
É Branca Flor te chamando
Antes de fechar a boca
O peixe vinha chegando
               
Tudo mudou quando um dia
A menina adoeceu
Pediu para uma empregada
Pra cuidar do peixe seu
Ensinou como fazer
Mas, ela não obedeceu.
            
A inveja sempre foi
O mal da humanidade
Muitas vezes camuflada
A pura perversidade
Pra satisfazer a quem
Vive cheio de maldade

Transformada numa ação
O que é ruim aparece
De onde ninguém espera
É ali que acontece
O dano sofrido é grande
Que quem passa não esquece

A empregada invejosa
Tinha raiva da menina
Seu chamego com o peixe
Incomodava a ferina
Com essa oportunidade
Mudou ligeiro, a rotina
             
Aquele momento era
Por ela já esperado
Quando chamou o peixe
Que ele veio apressado
Ela atacou com um pau
Deixando ele machucado
             
A empregada levava
Notícias diariamente
Com relatório diário
Para a menina doente
Com isso a Branca Flor
Ficava sempre contente

A menina Branca Flor
Quando se recuperou
Daquela doença dela
E da cama levantou
Correu pra beira do mar
E por Raio de Luz chamou

Dizendo -- Raio de Luz
Branca Flor veio te ver
Chamou por diversas vezes
Sem o peixe aparecer
A menina entristeceu
Não vendo ele responder
               
Depois que chamou bastante
Foi que o peixe apareceu
Quebrada uma barbatana
A menina resolveu
Perguntar para saber
Como aquilo aconteceu
                 
Disse ele - Foi à empregada
Que veio me atacar
Ferido acaba o encanto
Me defendo se viajar
Pro reino Céu Cristalino
Do outro lado do mar

Fui transformado em peixe
E dentro do mar jogado
O pescador me salvou
Na rede vim agarrado
Mas, levar você não posso
Pois morrerei afogado

Quando chegar ao meu reino
Terminará todo encanto
Preciso lhe esperar
Por que saberei o quanto
Sofro se casar com outra
E me acabarei em pranto
                 
Sabia que lá no reino
Ia haver seu casamento
Um acordo entre reinos
Grande acontecimento
Queria que Branca Flor
Chegasse até momento
             
Caso ela desejasse
Encontrá-lo novamente
Viajasse até seu reino
Numa terra diferente
Chamado Céu Cristalino
Era em outro Continente

Se ela chegasse antes
De haver o ocorrido
Ele então daria um jeito
Não teria lhe esquecido
Com outra não casaria
Disso estava convencido

Dizendo isso saiu
De mar adentro nadando
Branca Flor vendo sair
Nas águas se ocultando
Voltou para casa triste
Chegou ainda chorando

Porém não quis mais deitar
Foi direto para o jardim
Conversando com as flores
Consigo pensando assim
Ficar sem Raio de Luz
A vida vai ser ruim
            
Se pedisse ao seu pai
Ele jamais deixaria
Procurar aquele reino
Sozinha não poderia
Era uma grande aventura
Que ninguém ajudaria

Muitos dias passou triste
Sem deixar desconfiança
No seu quarto a meia noite
Chorava como criança
Porém um dia acordou
Renovando a esperança

Um grande navio no porto
A noite havia ancorado
Ela teve uma ideia
Para ter bom resultado
Ir visita-lo e saber
Se faltava empregado

Chegando lá ela soube
Algo muito interessante
Que precisavam de moças
Com porte muito elegante
Para servir refeição
Cozida no restaurante
                
Ela conseguiu uma vaga
E para casa voltou
Pediu permissão aos pais
Suas coisas arrumou
Embarcando no navio
O trabalho começou

Esse navio andava
Em uma longa excursão
Viajando dia e noite
De uma a outra nação
Só aportava em cidades
Onde tinha permissão

Muitos nobres viajavam
Com toda tranquilidade
Donos de grandes fortunas
Tinham essa necessidade
Andar conhecer o mundo
Poder viver a vontade

Dessa forma Branca Flor
Conseguiu sua passagem
Trabalhando no navio
E fazendo sua viagem
Querendo chegar ao reino
Nunca perdeu a coragem
             
Vamos deixar Branca Flor
E falar de Raio de Luz
Que voltou para o seu reino
A história lhe faz jus
Que seu destino seria
Conduzido por Jesus

Ele viveu encantado
Por doze anos corrido
Sem viver em seu palácio
Dentro do mar escondido
Porém o encantamento
Por ele fora vencido

Tudo por que um monarca
Vindo de outro reinado
Desejando unir os reinos
Queria lhe ver casado
Com sua filha e por isso
Deixou o príncipe encantado

Raio de Luz não aceitando
Recebeu encantamento
Porém com tempo contado
Quem, esperava o momento
Era o rei que desejava
Terminar o casamento
             
Raio de luz sabendo disso
Resolveu se esconder
No campo entre os plebeus
Sem se dar a conhecer
Por dois anos esperando
Branca Flor aparecer

Quando apareceu na corte
Houve grande movimento
O palácio encheu de gente
Chegando a todo o momento
Uma semana de festas
No maior contentamento

Dois anos lhe afastava
Da sua querida amada
De tanto ele pensar nela
Tinha a alma dilacerada
Ela só pensando nele
Tava de alma cansada

Com a chegada do príncipe
O casamento, marcaram
Para seis meses depois
O prazo que concordaram
Não pode ele fazer nada
Pois os seus pais apoiaram
                    
Mas existe algo importante
Bem sabe disso o leitor
Por mais que haja armações
Só existe um vencedor
Tendo força absoluta
Não há quem vença o amor

Passaram - se cinco meses
Quando o príncipe adoeceu
Sofrendo de um mal súbito
De repente apareceu
Os médicos não descobriram
Qual era o problema seu

Foi com a doença do príncipe
O casamento adiado
A moça que ia casar
Perdeu todo rebolado
O rei pai dela ficou
Muito mais agoniado

Branca flor servindo mesas
Numa delas pressentiu
Tripulantes conversando
De perto ela não saiu
O que falavam do príncipe
Toda conversa ela ouviu
                  
Tinha o Navio ancorado
No reino Céu Cristalino
Vindo para o casamento
Do herdeiro genuíno
Branca Flor sabendo disso
Mudou logo o seu destino

Resolveu deixar a lida
Antes do amanhecer
Indo direto ao palácio
De tudo pode saber
Também arranjou emprego
Pra poder permanecer

Fingiu-se de enfermeira
Do assunto conhecia
Levaram, ela pro quarto
Do príncipe foi companhia
Cuidar da doença dele
Que chorou de alegria

Ele contou pra sua mãe
Como a moça lhe encontrou
Depois com a chegada dela
Da doença lhe curou
A mãe criou um enigma
Uma saída arranjou
            
No dia do casamento
Muita gente reunida
Trazendo um baú de ouro
A mãe entrou em seguida
Dizendo a chave é de bronze
A de ouro foi perdida

Mas o Príncipe disse – Não!
Acabei de encontrar
Tendo agora a verdadeira
Eu não posso dispensar
E consulto a minha corte
Qual das duas devo, usar

Toda corte respondeu
A primeira meu Senhor
Trouxe Branca Flor e disse
- É meu verdadeiro amor
Todos gritaram – Ela é digna
Do nosso imperador

Esclareceu toda história
Todos ali concordaram
Branca Flor foi à rainha
A outra eles dispensaram
Uma semana depois
Os dois jovens se casaram.
           F I M