sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Meus Cordéis





























Cantoria de viola alegria do povo


Cantoria de Viola:
Expressão de alegria
e esperança do povo nordestino
Prof. JOSE MARIA TENORIO ROCHA

"Ante-ontem, minha gente
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição
Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão
Quer a rima fosse em inha
Quer a rima fosse em ão,
Caíram rimas do céu,
Saltavam rimas do chão.

Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta, não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha saldação".

Estas décimas foram compostas por um dos
maiores poetas eruditos da língua portuguesa de
todos os tempos -Manuel Bandeira- para exaltar um
dos gêneros poético-musicais folclóricos mais
importantes do Nordeste do Brasil- A Cantoria de
Viola.
A emoção que esse tipo de expressão cultural
causou ao poeta maior, também chega a sensibilizar
o poeta popular, quando reconhece ter produzido
um repente que considera obra-prima, que tenha
causado admiração a um auditório lotado.
Agradecido pelas ovações recebidas, o poeta
credita à viola a inspiração recebida, e acarinha seu
instrumento companheiro, com versos como estes
de Dimas Batista Patriota:

"Velha viola de pinho, companheira
De minh' alma, constante e enternecida,
Foste tu a intérprete primeira
Da primeira ilusão da minha vida" (1)

Dentre as variadas formas dos cantares
folclóricos nordestinos, a Cantoria de Viola
desponta como uma dessas formas de expressão
poética que emociona e traduz de forma definidora o
gosto, a vida e a alma dos nordestinos.
Seus cantos são feitos de repente, de improviso,
e isso dá a essa forma musical o caráter de canto
mágico, importante, só acessível para os eleitos, ou
para os bem-nascidos musicalmente. Homens que
não precisaram entrar em escolas de música para
aprender essa arte/ciência. Seres talhados para
dizer musicalmente e em versos que variam dos
mais simples aos mais bem elaborados em
estrutura formal, aquilo que, com dificuldades,
dizemos em prosa.
Essa arte, de bases tão nordestinas, tão
nacionalistas, tem suas raízes na Idade Média,
embora não esqueçamos que na Antiguidade já
existiam formas de desafios entre os gregos da Era
Clássica.
Da Pe n í n s u l a I b é r i c a , n a e r a d o s
descobrimentos, veio a informação poético-musical
que se aclimatou bem no Nordeste, e por toda parte
as sextilhas, as gemedeiras, os martelos, os
galopes, os desafios, marcam profundamente a
presença desses músicos maravilhosos porque
simples, puros, eleitos para traduzir essa arte
singular, o canto com cheiro de gente, o canto de
bases e raízes tão nossas, o canto para a denúncia
do que está estabelecido de forma não conveniente;
o canto para a libertação.
Discorrendo sobre a figura do cantador nordestino
e fazendo possíveis ligações comparativas
através de fatos semelhantes em diversos
quadrantes do universo, Câmara Cascudo asse-
7
vera ser o cantador um "descendente do Aedo da
Grécia, do rapsodo ambulante dos Helenos, do
Gleeman anglo-saxão, dos Moganis e Metris
árabes, do velálica da índia, dos Runóias da
Finlândia, dos bardos armoricanos, dos escaldos da
Escandinávia, dos menestréis, trovadores, mestres-
cantadores da Idade Média. Canta ele, como há
séculos, a história da região e a gesta rude do
homem. É a epea grega, o barditus germano, a
gesta franca, a estória portuguesa, a xácara recordadora".
(2)
A VIOLA
Em importante pesquisa, onde a observação
participante foi o elemento decisivo, Roberto Nunes
Correia traçou um roteiro que passa a ser um guia
seguro para entendermos a trajetória da viola
através de dez séculos de História. Deixemos que o
pesquisador demonstre essa viagem.
"No início do século VIII, os árabes invadiram a
Península Ibérica e muito provavelmente
introduziram nessa região um instrumento bastante
difundido entre eles, o alaúde. No contato com o
povo ibérico, este instrumento sofreu várias
modificações e mais tarde recebeu o nome de "Vihuela",
que teve no século XVI sua grande fase".
"Nesta época encontramos a vihuela de 6
ordens de cordas usadas pelos músicos, e a vihuela
de 4 ordens de cordas, também chamada de
"guitarra" usada pelo povo".
"Como vemos, a guitarra era a mesma vihuela
sem a sexta e a primeira (prima) cordas. É
interessante notar que estes instrumentos só
possuíam 10 trastes, o que ocorria também na "viola
meia regra" encontrada no nosso sertão".
"Na segunda metade do século XVI, a guitarra
substituiu progressivamente a vihuela e, com a
adição de uma quinta corda (adicionando-se a prima
da vihuela a guitarra), o instrumento adquiriu uma
categoria artística bem maior. Essa guitarra dotada
de uma quinta corda teve tanto êxito, que os
guitarristas de todos os países a adotaram e a
denominaram "guitarra espanhola".
"Em 1586, a guitarra já contava definitivamente
com 5 ordens de cordas. A exceção da prima, que
era simples, a segunda e a terceira ordens afinadas
em uníssono, e a quarta e quinta em oitavas (...)".
"Em Portugal, este instrumento, dotado de mais
1 corda (prima), adquiriu o nome de "viola",
passando a ter 5 cordas duplas (...) No século XVII,
o número de cordas aumentou para 12, com a
adição, de 2 bordões, conservadas as ordens já
existentes (...). No século XVIII, a transformação da
guitarra espanhola em sua forma atual de cordas
singelas (com o acréscimo do Ml grave) fez surgir
em língua portuguesa a designação de
violão para o instrumento que em espanhol
continuou sendo chamado de guitarra". (3)
Em comentários técnicos sobre o som desse
instrumento, o etnomusicólogo nordestino Antonio
José Madureira assim se expressou:
"Pelo fato de suas cordas serem de aço e
ordenadas em pares, seu som nos lembra o cravo,
antigo instrumento europeu. Acredito, porém, que
sua expressividade seja maior, pois a viola permite o
PORTAMENTO e o VIBRATO".
"Ao contrário do que acontece com a viola
paulista e a mineira, a afinação da viola nordestina
não varia. A relação entre suas cordas asse melhase
à do violão, com algumas particularidades: a
cantador afina a viola de um ponto a dois acima do
diapasão normal, facilitando assim a tonalidade em
que canta; e o primeiro par é afinado uma oitava
abaixo. Raras vezes esse primeiro par é usado, mas
essa afinação tradicional é mantida". (4)
Em relação á afinação da viola nordestina,
Orlando Tejo informa que os cantadores que se
acompanham de viola de 10 cordas ou 5 duplas
preferem a afinação em MI-SI-SOL-RÉ-LÁ e os que
tocam com violas de 12 cordas ou 6 duplas, MI-Lá-
RÉ-SOL-SI-MI, permitindo ao instrumento ter uma
maior sonoridade.(5) A musicóloga paulista Oneyda
Alvarenga concorda com o segundo informe e
acrescenta um dado: é a afinação em LA-RÉ-SOLSI-
MI. (6)
No início de qualquer cantoria ou no intervalo
entre uma estrofe cantada e outra, os cantadores
tocam um trecho musical instrumental a que
chamam de "baião de viola" ou "ponteado". Esse
ponteado que dá ao instrumento características de
solista, é, segundo Rossini Tavares de Lima, "uma
verdadeira dedilhação", onde o tocador fere as
cordas com 1 só dedo, dando resultado melódico ou
polifônico". (7)
Em comentário sobre o papel da música na
cantoria de viola, informa a musicóloga Dulce
Martins Lamas que "na cantoria, a música tem um
papel secundário, simplemente realça o ritmo
poético, vez que o cantador tem como principal
objetivo (...) mostrar sua capacidade inventiva, sua
presença de espírito, sua habilidade de criação
poética.
"O importante é a significação do texto rimado,
quer seja no sentido narrativo ou no aspecto de
improvisação, feito com as mais variadas medidas
poéticas, cabendo à linha melódica apenas
ressaltar ou apoiar o ritmo da palavra".
"O ritmo da cantoria satisfaz principalmente as
necessidades da acentuação métrica das palavras.
(...) A rítmica da cantoria é oratória, provém
directamente da prosódia, tal como todo o
8
3
9
canto que se praticou até o Renascimento e, ainda
hoje, se conserva no Canto Gregoriano (...)".
"Embora o ritmo seja livre (...) obedece a uma
lógica. Suas unidades de tempo integram-se ao
esquema poético e estão preconcebidas na
consciência do cantador, pela sua própria natureza
intuitiva (...)".
Os violeiros "cantam como se estivessem
falando. Daí o canto ser nasalado. Podemos mesmo
concluir ser a impostação nasal o fator que contribui
para que o cantador passe horas a fio, cantando e
improvisando, sem demonstrar fadiga".
Discorrendo sobre a melodia, afirma ainda:
"Assim como a poesia, a melodia tem elementos
preexistentes. Ainda que se verifiquem processos
de inventiva, são mais de detalhes, de nuances,
do que de conjunto. Pode-se dizer que há uma
estrutura, uma base fixa, à qual se incorporam, sob
a inspiração, a necessidade do momento ou a
emoção, pequenos desenhos, ligeiras variações,
que emprestam às formas tradicionalmente
estabelecidas uma constante imagem de
renovação. Esses fatores de acréscimo ou
transformação contribuem para que a melodia
nunca se repita da mesma maneira (...)".
"Eles não obedecem aos paradigmas de uma
afinação universal, ou aos ensinamentos
institucionálizados, às medidas sonoras
controladas por diapasão, como na música
estudada. Sobretudo, não repetem uma melodia
escrita, porém a música que conservam por tradição
oral, sujeita portanto a todas as contingências do
improviso". (8).
Na estrutura melódica que serve de fundo aos
cantares dos violeiros existem sobrevivências
advindas do período medieval, época do movimento
trovadoresco europeu. Esse movimento surgiu na
França e teve duas ramificações, uma no norte e
outra no sul, com os Trouvères e os Troubadours,
respectivamente.
Os Trovadores faziam a poesia e também, como
os rapsodos gregos, compunham a música. "Está
portanto, na criação e divulgação da canção popular
dos séculos XI e XII, uma das mais significativas
contribuições dos trovadores franceses".
Durante os séculos XV e XVI na Europa, a
viola foi instrumento muscial popularíssimo. No
século XVI, esse instrumento atingiu seu esplendor
em Portugal, segundo se vê nos Autos de Gil
Vicente. Daquele país chegou ao Brasil, sendo
aceito como instrumento de base para o
acompanhamento de muitos cantares folclóricos,
convindo lembrar que entre os instrumentos
musicais das orquestras jesuíticas estava a viola,
além do pandeiro, tamboril e flauta, segundo
Câmara Cascudo. (9)
Os estudiosos brasileiros são acordes em
afirmar que a cantoria de viola surgiu na Serra do
Teixeira, ponto culminante da Paraíba, nos
primeiros quartéis dos séculos XIX, sendo o
primeiro cantador Romano do Teixeira ou Romano
da Mãe-D'Água (Francisco Romano Caluete), autor
do próprio vocábulo Cantoria. (10)
A cantoria de viola assume aspectos bem
distintos em termos de Brasil; assim, enquanto no
Nordeste ela é improvisada, mesmo entendendo
que os violeiros cantam versos anteriormente
aprendidos, a que chamam de balaio, a maioria de
sua produção é feita de repente, com temas,
assuntos criados 'a base do acontecimento do
momento.
No Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, o que
aparece, ao invésda poesia de improviso é a moda
de viola, decorada; é a chamada poesia de bancada
(embora esse termo seja mais bem empregado para
a chamada de Literatura de Cordel).
Além das diferenças em termos de criação
poética, há outra que convém ressaltar: enquanto
no Nordeste o violeiro, embora cantando em dupla,
cada um tem a sua vez de cantar, o companheiro faz
o acompanhamento. No Sudeste/ Centro-Oeste, as
duplas cantam em forma de dueto e recebem nomes
como Tonico e Tinoco, Milionário e Zé Rico, etc.
Atualmente, por influência dos programas de
rádio e televisão do tipo "Som Brasil", por exemplo,
os violeiros nordestinos estão a querer abandonar o
improviso e a cantar a chamada de "Poesia Matuta",
forma de composição poética não improvisada, que
soa falso, por não retratar bem o seu universo
cultural, mas, por se assemelhar as modas de viola.
Essas maquinações aparecem por influência da
Indústria Cultural, que procura, de forma ideológica,
nivelar todas as peculiaridades culturais, e nessa
homogeneização traz a morte verdadeira das coisas
que são genuinamente nossas.
No estudo "Puizia Populá x Poesia Popular",
chamamos atenção para esse fato. (11)
Embora sendo considerada arte importante pelo
povo e prezada pelos estudiosos da cultura
brasileira, da música, da literatura, a cantoria de
viola sente-se marginalizada ou ideologicamente
ignorada pelas elites culturais do país.
Compreendendo essa situação de descaso e
abandono e tentando solucioná-la, 12 duplas de
violeiros, seleccionados entre 40, fizeram uma
excursão da cidade de Olinda (PE) à Brasília, nos
meses de janeiro e fevereiro de 1979, passando
pelas principais capitais brasileiras, onde se
10
apresentavam, tencionando chegar até a capital da
República, onde entregariam ao então Ministro da
Educação e Cultura um manifesto contendo várias
reivindicações, entre elas a legalização da profissão
de violeiro e inclusão da poesia de cordel e da
cantoria de viola nos currículos escolares dos vários
níveis.
O cantador Ivanildo Vila Nova, comentando a
viagem e o saldo conseguido com a empreitada,
assim se expressou: "Nossa excursão não foi um
passeio, teve (...) o objetivo de protestar contra essa
situação".
Outro cantador, Lourival Batista, depôs: "Em
nenhuma oportunidade fomos vaiados. No país em
que a vaia é instituição e o popular não merece,
geralmente, muito respeito, isso é mais do que
consagrador".
2 dos organizadores dessa viagem dos violeiros,
Braulio Tavares e Giuseppe Baccaro, questionando
a situação discorrem sobre os propósitos. Afirma o
primeiro: Não se deve esquecer que isso é um tipo
de espetáculo artificial e que o verdadeiro
espetáculo do violeiro é a cantoria".
O segundo, incisivo, propõe respostas a sérias
perguntas: "Que fizeram os eruditos para proteger a
cultura do povo? Por que o turismo sempre interfere
negativamente na cultural popular, uma vez que,
"para finalidades turísticas", esta é sempre
condicionada, mutilada e enfeitada? (12)
Em Alagoas a entidade que cuida e tenta
defender essa arte tão significativa é a Associação
de Violeiros e Trovadores de Alagoas, criada em 20
de janeiro de 1976, e sediada na Secretaria de
Cultura de Alagoas (Rua Pedro Monteiro, 108,
Maceió-AI).
Essa A.V.T.A. que temos a honra de ter ajudado
a criar, tem como líderes os violeiros Raul Vicente de
Queiroz, João Procópio e Tiago Mar-celino, além de
outros.

OS GÊNEROS POÉTICOS NA
CANTORIA DE VIOLA

Em estudo sobre os Gêneros Poéticos na
Cantoria de Viola correntes em Alagoas, concluímos
que existem 7 formas básicas de estruturas poéticas
e 18 formas variando das primeiras, obedecendo a
este esquema:

Sextilhas Sextilha
Gemedeira
Mourões Mourão de sete
Mourão trocado
Oitavas Oito a quadrão
Quadrão Paulista
Quadrão Mineiro
Quadrão-do-Vale-Tudo
Oitavão Rebatido
Nove Linhas Toada Alagoana
Décimas de sete sílabas Dez a quadrão
Dez de queixo caído
Mourão voltado
Mourão perguntado
Décimas de 10 sílabas Martelo à desafio
Martelo agalopado
Martelo alagoano
Martelo miudinho
Galope à beira-mar
Doze Linhas Mourão do Você cai.
(13)
Afora essas 20 subdivisões existem várias
outras que são pouco usadas, como Meia-quadra,
Gabinete e o Miudinho apressado, do saudoso
Manuel Neném, além de várias outras formas
criadas e recriadas por violeiros que inovam ou
modificam sua arte poética.

A APRESENTAÇÃO DO CANTADOR
Antes do início de cada cantoria, os violeiros
fazem questão de se apresentar perante a
assistência. Em geral fazem auto-elogio, se
exaltando ao máximo, para atemorizar o parceiro.
Assim, diz Passarinho:
Sou Tiago Passarinho
Da Paraíba do Norte,
Se nasci para cantar
O meu berço já teve sorte,
Esse balanço de rima
Só deixo depois da morte.

Já Lourinaldo Vitorino anuncia:
Eu sou um pernambucano

Esse poeta nasceu,
Uma pétala se abrindo
A corola lhe envolveu,
E os sonhos de poesia
A natureza estendeu.

- MOTE OU TEMA -
Mote ou Tema é uma frase metrificada em versos
que se dá ou se escolhe para uma composição
poética (de improviso ou não) e que pode se repetir
na composição como uma espécie de es-tribilho.
Ou, como diz Tiago Passarinho: "É um assunto de
uma linha ou duas linhas, ou, o final de um verso
(estrofe) de 10 pés".
Os motes são glosados, cantados, rimados ou
compostos por violeiros, glosadores, poetas
populares. Glosar é o ato de preparar, compor os
versos, geralmente em estrofes de 10 linhas. Ou,
glosa é uma composição poética feita em décimas,
onde a estrofe termina com os versos de un mote
dado au composto, ou ainda escolhido por alguém.
11
Existem motes de 1 verso (1 linha, 1 pé), assim
como:

"FAZ PENA CHICO MORRER"

Motes de 2 versos:

"A MEDICINA NÃO CURA
A DOR DA SEPARAÇÃO"

Nos casos dos motes de 1 verso, faz-se a
décima, compondo 9 versos e termina-se (a estrofe
com 10 versos) com o mote dado, completando a
estrofe:

Tenho de morrer um dia
Vai se dar um desprazer
Minha morada vai ser
O caixão na terra fria.
A dor da hidropisia
Veio o Chico derreter...
Quem mandou você beber?
Sinto essa dor rigorosa...
Pra quem gostava de glosa
FAZ PENA CHICO MORRER.

Sendo motes de 2 versos, compõe-se 8 versos,
complementados com os 2 versos do mote,
terminando a estrofe com 10 versos:

A SAUDADE É COMPANHEIRA
DE QUEM NÃO TEM COMPANHIA

(Glosa de Chico Nunes)
Vivo em eterna agonia
Sem saber o resultado
Deus já me deu o atestado
Pra eu baixar à terra fria.
Em volta só vejo o mal
Deste meio social,
E espero sozinho o dia
De minha hora derradeira...
A SAUDADE É COMPANHEIRA
DE QUEM NÃO TEM COMPANHIA.

OS GÊNEROS POÉTICOS
A presente pesquisa foi desenvolvida em várias
épocas, sendo entrevistados violeiros alagoanos ou
alguns, de outros Estados, que residem em Alagoas
durante vários anos. Cerca de 3 anos, perseguimos
o objetivo, para termos uma idéia real. Os principais
entrevistados foram Tiago Passarinho, João de
Lima, Nobelino Anísio, João Procópio e Amaro
Temóteo.

1 - SEXTILHA
A sextilha, também chamada REPENTE, é 1
estrofe de 6 versos de 7 sílabas (heptassílabos).
Os poetas denominam estrofe (a reunião de versos)
de VERSO: "eu vou fazer um verso"; entendase:
eu vou compor uma estrofe.Aos versos
também chamam "pé", "verso de 6 pés", diz o
poeta, para que entendamos: estrofe com 6 versos.
Na Idade Média, pé também significava verso,
como ensina o trovador medieval Juan del Enzina,
em sua "Arte de poesia castelhana"
O esquema de rimas da Sextilha é ABCBDB ou,
o segundo verso rima com o quarto e o sexto, os
outros são brancos, ou, não rimam com nenhum dos
outros versos.
Quando um cantador termina de cantar uma estrofe,
seu parceiro terá que cantar a próxima, estrofe,
obedecendo obrigatoriamente a deixa, isto é, a
segunda estrofe, bem como as seguintes terão que
ser iniciadas com a última palavra do verso anterior.
Adeixa "é uma reminiscência do LEIXA-PREEN dos
trovadores medievais. (14)

1- O poeta e a viola
2- É o sonho e a sinfonia,
3- O prazer que lhe encobre
4- Foge da demagogia,
5- E quantas belezas pura
6 - Dos sonhos da poesia
(poesia=deixa)

2-GEMEDEIRA
A Gemedeira é variante da sextilha; neste
gênero, entre o quinto e o sexto verso, o cantador
intercala o RELAXO, oy estribilho, geralmente
formado por uma interjeição: "Ai! Ai!, Ui! Ui!, em tom
de lamento ou de gracejo. O esquema de rimas é
ABCBDB ou o segundo verso rima com o quarto e o
sexto; os outros versos são brancos.

1 - O velho tem um lugar
2 Na maior intimidade.
3- O direito de um velho
4- É recordar a mocidade,
5- Peleja, porém não pode
Ai! Ai!, Ui! Ui!, meu Deus!
6- Só fica com a vontade!
3- MOURÃO DE SETE
O Mourão ou Moirão é o gênero de cantoria
onde existe o diálogo entre os 2 cantadores. No
Mourão de 7 linhas, setissilábicos, o primeiro
cantador diz 2 versos, o segundo cantador diz mais
2 versos e o primeiro termina com 3.
O esquema de rimas é ABABCCB, ou o primeiro
verso e o terceiro rimam entre si; o segundo rima
com o quarto e o sétimo; o quinto rima com o sexto.
Aidéia de Mourão está relacionada aos mou-rões de
porteira, 2 estacas fincadas bem fortes, uma em
frente a outra (idéia de diálogo).

1-T - Vamos cantar mourão de sete
2- Pra saber quem é valente.
3-L - Não é o que me promete
12
4- Que comigo é diferente
5-T - Você hoje quebra no beco,
6- Que já chegou o Pacheco
7- Que é muito amigo da gente.

4 - MOURÃO TROCADO
Mourão Trocado é variante do Mourão de sete; a
diferença está na troca das palavras, cru-zando-as
nos versos consecutivos, formando o que em
poética chama-se QUIASMO. Seu esquema de
rimas é igual:
ABABCCB.

1-L - Dou chegada na saída
2- Tronco saída em chegada,
3-N - Morada eu dou em guarida
4- Tu dás guarida em morada,
5-L - Sou poeta preparado,
6 - Dou vaquejada no gado
7 - E troco gado em vaquejada.

5-OITO A QUADRÃO
Oito a Quadrão são estrofes com 8 versos de 7
sílabas; o esquema de rimas é AAABBCCB ou os 3
primeiros versos rimam entre si; o quarto rima com o
quinto e o oitavo, o sexto rima com o sétimo; neste é
onde se dá a deixa. A terminação obrigatória do
verso é em Ão, Admite-se também a rima em
AAABCCCB. Exemplos:

1- Já que eu cheguci nesta sala
2- Pois eu não respeito bala,
3- A idéia não resvala,
4- Na hora da presisão,
5- Sou toque de violão
6- Bolindo com minha idéia,
7- E agradando a platéia
(platéia = deixa)
8 - Cantando Oito a Quadrão

SEGUNDO ESQUEMA DE RIMAS:

1- O poeta marca o passo,
2- Contempla o astro no espaço
3- Sente o calor do mormaço,
4- E a brisa da vibração.
5- Olha o gelo e a banquisa,
6- Sente o tufão, sente a brisa
7- E tudo que sente, improvisa
(improvisa = deixa)
8 - Nos Oito pés a quadrão.

6 - QUADRÃO PAULISTA
O Quadrão Paulista é variante do Oito a Quadrão;
o esquema de rimas é o seguinte: o primeiro
verso rima com o segundo e o terceiro, o quarto
rima com o quinto e o oitavo. O sexto rima com o
sétimo. Entre 1 estrofa e outra, intercala-se 1
quadra, como refrão:
1- Ai, Ai, Ai,
2- Provo que sou repentista,
3- Fazendo versos na hora,
4- Cantando Quadrão Paulista.
Ao final da estrofe, diz-se obrigatoriamente
"Quadrão Paulista":

1- A menina e o senhor
2- Que está com o gravador
3- Vai agora o cantador
4- Fazer sua entrevista,
5- Provando que é repentista
6- Cantando versos na hora
7- Com o cantador de fora
8- Do velho quadrão paulista.

1- Ai, Ai, ai
2- Provo que sou repentista,
3 - Fazendo versos na hora,
4 - Cantando Quadrão Paulista.

7 - QUADRÃO MINEIRO
O Quadrão Mineiro é variante do Oito a
Quadrão; seu esquema de rimas é o seguinte: o
primeiro verso rima com o segundo e terceiro, o
quarto rima com o quinto e o oitovo e o sexto rimam
com o sétimo. Sua melodia é própria e no estribilho
final se diz Quadrão Mineiro.

1 - Minas Gerais é bacana
2- Que é a terra serrana,
3- É a terra de milicana,
4- É a terra do dinheiro.
5- É a terra dos mandingueiro,
6- E a terra dos capataz,
7- Terra de Minas Gerais
8- Do velho Quadrão Mineiro.

8 - QUADRÃO-DO-VALE-TUDO
O Quadrão-do-vale-tudo é variante do Oito a
Quadrão; possui esquema de rimas iguais. No final
de cada estrofe, intercala-se 1 quadra como refrão,
e, no final de cada estrofe, se diz: No Quadrão-dovale-
tudo.

1 - Vamos cantar meu colega
2- Enquanto a idéia sossega,
3- Quanto um solta o outro pega
4- Por isso já fiz estudo,
5- Com você eu não iludo
6- E você também não se ilude,
7- Vamos cantar com saúde
8- No Quadrão-do-vale tudo.
1 - O vale-tudo, vale-tudo
2- E só é bom
3- Com o quadrão
4- do vale-tudo.

9 - OITAVÃO REBATIDO
O Oitavão Rebatido é variante do Oito Quadrão.
São versos de 7 sílabas. O segundo e o
quarto versos têm rima obrigatória em IDO, para
rimar com o último, que termina com a expressão
13
OITAVÃO REBATIDO. O esquema de rimas é
ABABCCCB, ou o primeiro e o terceiro rimam entre
si, o segundo rima com o quarto e o oitavo,
o quinto rima com o sexto e o sétimo.

1- A poesia perfeita
2- Pois é o gênero escolhido
3- O poeta não se ajeita
4- Gaguejando, erra o sentido.
5- Por isso eu não gaguejo
6- E gaguejar eu não desejo,
7- Sou poeta sertanejo.
8- No OITAVÃO REBATIDO

10-TOADAALAGOANA
A Toada Alagoana é mais conhecida por Nove
palavras por seis. Palavras, aí, no sentido de verso.
É estrofe de 9 versos com 7 sílabas, sendo que o
segundo, quinto e oitavo versos, possuem 3
sílabas.
Segundo o violeiro José Alves Sobrinho, ele
adaptou o Nove Palavras por Seis, de Manoel Xelé,
de Palmeira dos índios (AL) e colocou a terminação
Toada Alagoana.
O esquema de rimas é AABCCBDDB, ou o primeiro
verso rima com o segundo, o terceiro rima com o
sexto e nono, com terminação em ANA, para poder
formar o termo TOADAALAGOANA. O sétimo rima
com o oitavo. O último verso termina
obrigatoriamente com a expressão TOADA
ALAGOANA.

1- Mundando de idéia
2- Para a platéia
3- Se a idéia não me engana
4- Outro sistema
5- Novo poema
6- Que a gleba pernambucana
7- Muito admira
8- Quando rasteira
9- A Toada Alagoana

11-DEZ A QUADRÃO
Dez Péz a Quadrão, Dez a Quadrão, ou
simplesmente Quadrão em Dez, é uma décima espinélica,
setissilábica, dialogada. O termo Décima
Espinélica quer indicar a disposição rítmica dos
versos, ou o esquema de rimas que eles seguem, e
foi sistematizado pelo poeta espanhol Vicente
Martínez Espinel.
Por ter estilo dialogado, deveria, a rigor, ser
chamdo Dez Pés a Mourão. Neste gênero poético, 1
cantador diz 1 verso, outro diz outro verso e no final
entoam juntos os 2 últimos versos, dizendo "nos dez
pés a quadrão".
Neste gênero o esquema de rimas é ABBACCDDC,
ou o primeiro verso rima com o quarto e
quinto, o segundo com o terceiro, o sexto com o
sétimo e décimo e o oitavo com o nono, sendo
que o sexto e o sétimo versos têm que terminar em
ÃO, para rimar com o décimo, que termina com o
termo QUADRÃO, cantado pelos 2 cantadores.

1- T- O homen pra ser vaqueiro
2- L- Tem que saber ser exato,
3- T- Montar e andar no mato
4- L- E pegar o boi ligeiro,
5- T- Entrar dentro do marmeleiro
6- L- Pra deslizar o gibão.
7- T- Montado no alazão
8- L- Pegar o boi, derrubar,
9- T- E saber domesticar;
10- T- L- E lá vai dez pés a Quadrão.

12 - DEZ DE QUEIXO CAÍDO
O dez de Queixo Caído é uma décima de 7
sílabas; é cantado de I só fôlego; seu esquema de
rimas é ABBAACCDDC, ou o primeiro verso rima
com o quarto e quinto, o segundo rima com o
terceiro, o sexto rima com o sétimo e o décimo, o
oitavo com o nono.
O sexto e sétimo versos rimam com a terminação
IDO, para concordar com o décimo, que termina por
queixo caído.

1- Cai o fraco, cai o forte
2- Cai o forte, cai o fraco
3- Cai do norte, cai macaco
4- Cai macaco, cai do norte
5- Cai da vida para a morte
6- Seja o cabra prevenido
7- Eu que sou desiludido,
8- Ninguém não me profana
9- Cantador não me engana
10 - Nos Dez de Queixo Caído.

13-MOURÃO VOLTADO
Mourão Voltado é gênero dialogado. Décima de
7 sílabas na qual I cantador diz 1 verso, o outro diz
outro verso, voltando as palavras e no final da
estrofe entoam juntos: Assim é Mourão
Voltado/Assim é Voltar Mourão.
obrigatória a formação ou a troca de palavras o
quiasmo. O esquema de rimas é igual: o primeiro
verso rima com o quarto e quinto, o sexto com o
sétimo e décimo, e o oitavo rima com o nono.

T- I-Volto a feia no bonito
L - 2- Volto o bonito na feia
T- 3-O esquisito na aldeia
L - 4- A aldeia no esquisito
T- 5-A oração do bendito
L - 6- Bendito na oração
T- 7-O pecado no perdão
L - 8- O perdão no pecado
T- L-9-Assim é Mourão Voltado,
T- L-10- Assim é voltar Mourão.

14
14 - MOURÃO PERGUNTADO
O Mourão Perguntado é um gênero variante do
Mourão Voltado; possui esquema de rimas igual à
forma anterior:... ABBAACCDC; nesta forma de
cantoria o violeiro faz 1 verso perguntando algo ao
companheiro, o outro responde e no final entoam
juntos: Assim é Mourão Perguntado/Assim é
Perguntar Mourão.
1- L- Pra que serve o cantador?
2- T- Cantar, divertir o povo
3- L- Pra que eu me locomovo?
4- T- Pra viajar no interior
5- L- Apresentar o valor
6- T- O agreste, a praia, o sertão
7- L- Apresentando a nação
8- T- Você pergunta a meu lado
9- L-T- Isso é Mourão Perguntado,
10 - L-T- Isso é Perguntar Mourão.

15-MARTELO A DESAFIO
Martelo são versos de 10 sílabas com 10 linhas.
Recebe o nome de Martelo,por ser cantado com
velocidade "num martelar sem parar". Pedro Jaime
Martelo (1665-1727), professor de Literatura da
Universidade de Bolonha, diplomata e político, foi o
inventor dos versos que tomaram o seu nome.
Neste gênero, o esquema de rimas é o seguinte: o
primeiro verso rima com o quarto e o quinto, o
segundo rima com o terceiro, o sexto rima com o
sétimo e o décimo, e o oitavo rima com o nono.

1- E se queres Martelo a Desafio
2- Se quer simples, se simples é natural
3- Mas conforme este meu ideal
4- Cantando com quem eu sempre confio
5- Cantando a baixela e o baixio
6- E cantando a chã e a nossa terra
7- Canto o valor, a beleza que se encerra
8- Manobrando também esse meu pinho
9- Quem canta com Tiago Passarinho
10- Mexe muito no mundo e não faz guerra.
16 - MARTELO AGALOPADOI

Gênero pético formado por 1 décima de 10
sílabas con esquema de rimas igual à décima
comum (espinélica) ou ABBAACCDDA, ou o
primeiro verso rima com o quarto e quinto, o
segundo com o terceiro, o sexto com o sétimo e
décimo, e o oitavo com o nono.
Nes sa modal idade de cantor ia ex i s te
obrigatoriedade de acentuação tônica na terceira,
sexta e décima sílabas. Vejamos este de Otacílio
Batista:

1- Vamos nós num estilo diferente
2- É um gênero que o povo já aprecia
3- Decassílabo com toda harmonia
4- E você não passa na minha frente
5- O passado, o futuro e o presente
6- Pois eu tenho, que sou um repentista
7- Você diz que é poeta e é artista
8- E possui uma natureza estranha
9- Vou saber se o Diniz acompanha
10- Em Martelo a Otacílio Batista.
17 - MARTELO ALAGOANO

Martelo Alagoano, décima em decassílabo,
é variante do Martelo Agalopado, possuindo
esquema de rimas iguais e no final se diz
obrigatoriamente Martelo Alagoano. Os versos têm
acentuação tônica no terceiro, sexto e décimo, e o
sexto e o sétimo versos terminam com rima em
ANO, para rimar com o termo Alagoano do 10o verso.
Seu ritmo é mais vivo, sua melodia mais sonora.

1- Novamente nós voltaremos à luta
2- Quando o tempo espera o poeta
3- Ô Tiago, você que me acerta
4- Zé Maria, que grava e que escuta
5- Essa vida, tô achando impoluta
6- Pra cantar, pra medir, formar o plano
7- Eu que sou um poeta pernambucano
8- Hoje venho cantar em Alagoas
9- Divertir e agradar várias pessoas
(pessoas=deixa)
10 - Nos dez pés de Martelo Alagoano

18-MARTELO MIUDINHO
O Martelo Miudinho é gênero variante do
Martelo Agalopado; possui o mesmo esquema de
rimas, porém há modificações na melodia e ritmo.
No final dos versos diz-se: "nos dez pés de Martelo
Miudinho" e entre 1 estrofe e outra, o estribil-ho, que
funciona como relaxo: "É um dado na vida, que
agora se decide/Não deixe eu cantar sozinho".
A Tiago Passarinho perguntamos: O que é
RELAXO? Ele respondeu: "É dizer 2 rimas (2
versos), além das 10 que foi dito, chateando o outro
violeiro; é um tipo de desafio". É, em última análise,
um tipo de refrão".

1- E devemos tratar de outro estilo
2- É outro estilo devemos cantar agora
3- Que ninguém geme e nem chora
4- Sem mudar um sentido expansivo
5- E quero agora fazer um sistilo
6- E cantar muita base, direitinho
7- Porque este Tiago Passarinho
8- Vai cantar com o amigo Vitorino
9- Canto para o velho e o menino
10 - Nos dez pés de Martelo Miudinho
Refrão:
15
É um dado na vida, que agora se decida
Não deixe eu cantar sozinho.

19 - GALOPE À BEIRA-MAR
Também conhecido como "quarenta palavras por
dez", é uma décima de 11 sílabas, possuindo
acentuação tônica na segunda, quinta, oitava e
décima primeira sílabas. Seu esquema de rimas é:
ABBAACCDDC. No final da estrofe se diz com
obrigatoriedade: beira-do-mar (beira-mar).

1- É bem diferente o que eu canto a seu lado
2- Que você cantando, eu canto também
3- Porque o poeta que diz e que tem
4- Que manda, que volta, pois tem resultado
5- Você, Passarinho, se for preparado
6- De toda maneira queira improvisar
7- Tem Raul Vicente para nos escutar
8- João, o poeta, que canta também
9- Que sabe, que diz, que manda, que tem
(tem=deixa)
10- Nos dez pés de galope da beira do mar.

20 - MOURÃO DO VOCÊ CAI
É gênero dialogado comotdos os Mourões e,
embora classifiquemos como de 12 versos, eles
possuem 10, sendo 3 deles Relaxo, funcionando
como espécies de estribilho, tanto que no final da
estrofe, os cantadores dizem: "Se for por dez pés, lá
vai". Seu número de sílabas é 7.
O terceiro, o sexto e o nono versos são fixos e
funcionam como um refrão (ou Relaxo). O esquema
de rimas: o primeiro verso rima com o quarto, o
segundo com o quinto e sétimo, o terceiro com o
sexto, o oitavo com o nono e décimo segundo, e o
décimo com o décimo primeiro.

L - 1 - Pois Tiago está caduco
2- Querendo cantar comigo
3- Cante um, dois, três -R.
T- 4-Se eu disser que no Pernambuco
5- Você é um papa-figo
6- Pegue quatro, cinco, seis -R.
L - 7- Quero lhe botar no suco
8 - Que você entra e não sai
T- 9 -Você cai!
L - 10- Se eu cair, caio sentado
11- Você igual um danado
12-Se for por dez pés, lá vai.

Será que cantadores que produzem estas
maravilhas, com relação a tais, é preciso que se diga
que são importantes?
FONTES CITADAS

1-TEJO, Orlando
1980 Zé Limeira, poeta do Absurdo. 5a ed.
Brasília, Senado Federal, 1980.
2- CASCUDO, Luís da Câmara
1984 Vaqueiros e Cantadores. 2a ed. Belo Horizonte,
Ed. Itatiaia. São Paulo, Ed. da
USP:126.
3- CORRÊA, Roberto Nunes.
1983 Viola Caipira. Brasília, Musimed.
4- MADUREIRA, Antonio José
1976 Instrumentos populares do Nordeste. Folheto
do LP homônimo. Discos Marcus Pereira.
São Paulo. MPL9.346.
5- TEJO, Orlando
Citado: 43
6- ALVARENGA, Oneyda
1982 Música Popular Brasileira. 2a ed. São Paulo,
Duas Cidades, 358.
7- LIMA, Rossini Tavares de
1964 Estudo sobre a viola. In: Revista Brasileira de
Folclore, Ano IV, No 8/10. jan/dez:
29-38.
8- LAMAS, Dulce Martins
1973 Amúsica na cantoria nordestina. In: Literatura
Popular em verso -Estudos. Tomo I.
MEC/Fundação Casa de Rui Barbosa: 233-
270.
9- CASCUDO, Luís da Câmara
Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de
Janeiro, Edições de Ouro, s/d.
10-TEJO, Orlando
Citado: 45.
11- ROCHA, José Maria Tenório
1982 Puizia Populá X Poesia Popular: A propósito
do modismo na falsa poesia matuta. In: A
Revista. Maceió, 3(9) jul/set.: 36-38.
Oralidad La Habana (2): 59-62, 1989.
12- ARANTES, Sócrates
1979 Viajando pelo Brasil, repentistas mostraram
toda a força da cantoria. Diário de
Pernambuco. Recife, 11 fev.
13- ROCHA, José Maria Tenório
1978 Cantoria de viola: majestosas e complicadas
formas dos cantares nordestinos. Maceió,
DAC/SEC.
14- BATISTA, Sebastião Nunes
1984 Regras de cantoria. Contracapa do LP "A
arte da cantoria". Vol. 2. LP INF 1002. Rio
de Janeiro, Funarte/lnstituto Nacional do
Folclore.
15- Poética Popular do Nordeste
1982 Rio de Janeiro, MEC/Fundação Casa de Rui
Barbosa