quinta-feira, 22 de maio de 2014

O HOMEM QUE NÃO TINHA MEDO E A LÓGICA DA FREIRA




O HOMEM QUE NÃO TINHA MEDO

José Edimar

 

Comentários sobre o medo

Ouvi demais no sertão,

Que medo nunca existiu

Era mais uma invenção,

Assim eu cresci pensando

Que medo fosse ilusão.

 

Ouvi com muita atenção

O que um sábio dizia,

Que dentro do universo

Muita coisa estranha havia,

Que nem sequer imagina       

Nossa vã filosofia.

 

Fui procurar meu avô

Pra desmanchar esse enredo,

Perguntei sobre o assunto

Ele não me fez segredo,

Me falou e garantiu:

"Tudo que tem "c" tem medo".

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O medo tem um sintoma

Que ninguém pode entender,

Não existe horário certo

Para o medo acontecer,

Já fez medroso subir

Onde não pôde descer.

             

Lá no sertão da Bahia,

Não lembro a localidade,

Morava um tal Zé Grandão

Pabulador de verdade,

Dizia que medo é tolice

Ou pura leviandade.

 

Nem medo, nem Deus existe!

— Dessa forma ele falava —

Pois se existisse Deus

Para mim se apresentava,

E medo se existisse

Alguma vez me tocava.

 

Por muito tempo passou

Vivendo de pabulagem,

Quando um dia decidiu

Fazer longínqua viagem,

Pra ver se Deus existia

E se medo era vantagem.

                02

Matou um boi já de era,

Pôs a carne pra secar,

Perto de duzentos quilos

Para um burro carregar,

Outro burro com a farinha

E o que fosse precisar.

 

Montou num burro possante

Levou arma e munição,

Um punhal de duas quinas,

Cartucheira e cinturão,

Um bom rifle e revólver,

Podia haver precisão.

                 

Seguiu pela estrada a fora

Para o povo perguntando

Se alguém conhecia o medo

Alguns vinham confirmando,

Ele ouvia, mas ia em frente,

Daquela gente zombando.

               

No fim do primeiro dia

Chegou na última morada,

Pediu-lhe o dono da casa

Que ali fizesse pousada,

Porque era perigoso

Àquela hora na estrada.

           03     

É travessia perigosa,

O mato é muito fechado,

Viajar durante a noite

Pra chegar do outro lado;

Quem foi nunca retornou,

Teve um triste resultado!

 

Ele não quis nem saber

Fez logo uma cara dura,

Dizendo: medo e perigo

Eu ando mesmo à procura,

Acho que chegou a hora

Pra viver minha aventura.

 

O homem só fez dizer:

Sendo assim então que vá,

Não é mais problema meu

O que acontecer por lá,

Querendo fique à vontade,

Mas não lembre mais de cá.

 

Tangendo os seus animais

Viajou assoviando,

O sol já ia se escondendo,

A noite estava baixando,

A mata muito fechada

Ele alegre atravessando.

                04

Uma média de dez léguas

Era aquela travessia,

Quem andasse a noite inteira

Talvez que conseguiria,

Fazer aquele percurso

Chegando ao raiar do dia.

 

Zé Grandão andou bastante

Quando o cansaço bateu,

A noite bastante escura,

Bom espaço apareceu,

Dava pra seus animais

Ali as cargas desceu.

 

Tirando sela e cangalhas

Peou os seus animais,

Pegou lenha fez fogueira

Tudo ligeiro demais,

Botou carne para assar

Que a fome era voraz.

 

Quando o fogo virou brasas

Começou a carne assar,

Pingando muita gordura

Ele para aproveitar,

Botou o sal na farinha,

Começando a mastigar.

             05

Terminou de assar a carne

Quando começou comer,

Ouviu de dentro do mato

Alguma coisa mexer,

Então viu uma mulher

Muito grande aparecer.

 

A mulher era bem alta,

Uns quatro metros de altura,

Do ombro dela ao quadril

Media a mesma largura,

Parecendo um botijão

Sem ter no meio a cintura.

 

Zé Grandão deu boa noite

Já querendo puxar prosa,

Ela nem se quer olhou,

Não demonstrou ser dengosa,

Ele depressa gritou:

A senhora é orgulhosa?

 

Ela não quis lhe dar bolas

Voltou ele a insistir,

Convidou para comer

Ela fez gesto de rir,

O Zé quase se assombrou

Com o que viu a seguir.

                06

A boca dela era enorme

Como não havia igual,

Tinha apenas quatro dentes

Cada um era um punhal,

Largo grosso e afiado

Bem na forma natural.

             

 — Vamos comer — disse o  Zé,

Nem terminou de falar,

Notou pela sombra dela

Que ela ia se agachar,

Ele afastou-se ligeiro

Temendo se machucar.

 

Ela pegando a bacia

Cheinha de carne assada,

Despejou dentro da boca

Engoliu sem falar nada,

Parecendo ter botado

Menos duma colherada.

 

Da mesma forma a farinha

Que tinha em outra bacia,

Engoliu vasilha e tudo

Enquanto pra Zé sorria,

No momento ele sentiu

No lombo uma coisa fria.

               07

Zé disse: dona eu preciso

Ir cuidar dos animais!

Mas você me espere aqui

Pra gente conversar mais,

Se você não me esperar

De você eu vou atrás!

 

Ele sentiu muito medo,

Mas tentou se controlar,      

Foi ligeiro até os burros

Doidinho pra se mandar,

Montou sem sela e cabresto,

Começando a galopar.

     

Quando estava bem distante

Foi que veio ao pensamento,

Que deixara tudo pra trás,

Sela, carne e armamento,

Devido a pressa que tinha

Pelo medo violento.

 

Como demorou voltar

A fera desconfiou,

Disse ela: fui enganada!

Atrás do Zé se mandou,

Encontrando os animais

Todos eles devorou.

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Depressa saiu correndo

Do Zé seguindo a pegada,

Ele de longe escutava

Da fera a grande zoada,

Ela gritava: me espera!

Rasgando a mata fechada.

 

Em alta velocidade

O Zé corria assombrado,

Devido a longa corrida

O animal já cansado,

Caiu por terra ofegante

No chão ficando estirado.

 

Zé conhecendo que o burro

Não podia prosseguir,

Levantou saiu correndo,

Não poderia desistir,

E a fera atrás gritando:

Espera, que eu quero ir!

 

Quanto mais ouvia o grito

Mais aumentava a carreira,

Atravessou um riacho

Subiu numa ribanceira.

Viu uma árvore bem alta

Na subida da ladeira.

             09

Ele já muito cansado

De correr estava farto,

Abraçou a árvore dizendo:

Dessa aqui não me aparto,

Subiu com velocidade

Que parecia um lagarto.

 

Escanchou-se em uma galha

A quinze metros de altura,

De lá avistando o burro

Por cima da mata escura,

Quando a fera apareceu

Baixou nele a dentadura.

 

Com dentes bem afiados

O burro ao meio cortou,

Dividiu em quatro partes

Uma a uma a devorou,

Jogando goela abaixo,

Do burro nada restou.

 

Ele observando tudo,

Começou logo a tremer,

De Deus então se lembrou,

Sentiu medo de morrer,

Porque escutou a fera

Gritando: pode descer!

             10

A fera chegou embaixo

Da árvore, pôs-se a gritar:

Desça daí camarada

Que eu vou lhe devorar!

Porém a árvore era alta,

Era difícil alcançar.

 

A fera mordia o pau

Com a forte dentadura,

Os dentes iguais a punhais

Cortando a madeira dura,

Tirando lascas do pau,

Afinando sua grossura.

 

Disse a fera: vou dormir

Aqui um minuto só,

Porém não pense em fugir

Porque eu não tenho dó,

Aviso que se descer

Não largo o seu mocotó.

 

Com meia hora de sono

 A grande fera acordou,

Limpou os dentes na mão

Na madeira abocanhou,

Chegando até a metade

Que o Zé se arrepiou.

            11

Disse a fera novamente:

Vou cochilar um pouquinho,

Para sonhar com vovó

Que vem me fazer carinho!

Mas não dormiu porque Zé

Fez enorme burburinho.

 

Mordeu o pau novamente

Que ele ficou balançando,

Nessa hora ouviram gritos,

Vinha o dia clareando,

Um grupo de comboieiros

Vinha se aproximando.

 

Zé gritou: valha-me Deus!

Valhei-me Nossa Senhora!

Os comboieiros ouviram

Correram na mesma hora

Fazendo grande alarido,

Nisso a fera foi embora.

 

Eles subiram umas cordas

Pra poder descer o Zé,

Ele tremendo de medo

Mas sabendo Deus quem é,

Que ninguém deve zombar

Nem do medo nem da fé. FIM

                 12

                      

 

 

                 







A LÓGICA DA FREIRA


















             

Freira levanta o hábito – para fazer o lógico

Duas Freiras saíram do convento para vender biscoitos. Uma é a Irmã Maria e a outra é a Irmã Léia.
Irmã Maria: Está ficando escuro e nós ainda estamos longe do convento!
Irmã Léia: Você reparou que um homem está nos seguindo há uma meia hora?
Irmã Maria: Sim, o que será que ele quer?
Irmã Léia: É lógico! Ele quer nos estuprar!
Irmã Maria: Oh, não! Se continuarmos neste ritmo, ele vai nos alcançar, no máximo em 15 minutos. O que vamos fazer?
Irmã Léia: A única coisa lógica a fazer é andarmos mais rápido!
Irmã Maria: Não está funcionando.
Irmã Léia: Claro que não! Ele fez a única coisa lógica a fazer. Ele também começou andar mais rápido.
Irmã Maria: E agora, o que devemos fazer? Ele nos alcançará em 1 minuto!
Irmã Léia: A única coisa lógica que nos resta fazer é nos separarmos! Você vai para aquele lado e eu vou pelo outro. Ele não poderá seguir nós duas ao mesmo tempo.
Então, o homem decidiu seguir a Irmã Léia. A Irmã Maria chegou ao convento, preocupada com o que poderia ter acontecido à Irmã Léia. Passado um bom tempo, eis que chega a Irmã Léia.
Irmã Maria: Irmã Léia! Graças à Deus você chegou! Me conte, o que aconteceu!!!
Irmã Léia: Aconteceu o lógico. O homem não podia seguir nós duas ao mesmo tempo, então ele optou por me seguir.
Irmã Maria: Então, o que aconteceu?
Irmã Léia: O lógico! Eu comecei a correr o mais rápido que podia e ele correu o mais rápido que ele podia, também….
Irmã Maria: E então?!
Irmã Léia: Novamente, aconteceu o lógico! Ele me alcançou!
Irmã Maria: Oh, meu Deus! O que você fez?
Irmã Léia: Eu fiz o lógico! Levantei meu hábito.
Irmã Maria: Oh, Irmã Léia! E o que o homem fez?
Irmã Léia: Ele também fez o lógico: abaixou as calças!
Irmã Maria: Oh, não! O que aconteceu depois?

Irmã Léia: Não é óbvio, Irmã Maria? Uma freira com o hábito levantado consegue correr muito mais rápido que um homem com as calças abaixadas!














Homem com as calças abaixadas – para fazer o lógico
Se você pensou em outro fim para a história, reze:
188 AVE-MARIAS e 309 PAI-NOSSOS

E peça a Deus para limpar a sua mente poluída! E não se esqueça de rezar, e muito! Porque eu estou rezando até agora.









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