domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Igratidão de um Filho - José Edimar

A INGRATIDÃO DE UM FILHO
José Edimar

Uma mãe bem virtuosa
Foi tão cedo abandonada,
Ficando só na pobreza
Numa luta tão pesada,
Tendo que ser pai e mãe
Com três filhos na parada,
Duas meninas e um menino,
Confiando em Deus divino,
Era esse o seu destino
Naquela dura jornada.

Com ajuda do padrinho
Pôde o menino estudar
Na capital do Estado,
Tendo ela que trabalhar
Com as filhas que ajudavam
Para a casa sustentar,
Dando um duro tão danado
Na faxina e no lavado,
Serviço muito pesado
Sem ter pra quem reclamar.

O filho estudou bastante
Até que ficou crescido,
Da mãe dele e das irmãs
Logo tornou-se esquecido,
Não querendo mais voltar
Pro lugar que foi nascido;
Formou-se em advogado
Pra política foi levado
Sendo eleito deputado
Ficando nela envolvido.

Quando voltou ao sertão
Uma chácara construiu,
Não falou nada pra mãe
Mas sem querer ela viu,
Do banquete dos amigos
Ela também descobriu,
Ele esqueceu da pobreza
Envolveu-se com a riqueza
Na mãe causando tristeza,
Como o coração sentiu.

Sem o sacrifício delas
Não teria ele estudado,
Pensando nas duas filhas
Que trabalharam pesado,
Agora serem excluídas
Quando ele estava formado,
Ela contou p’ras filhinhas
A Joaninha e a Doquinha
Dizendo: amanhã bichinhas
Vamos ver o deputado.

 Na casa chegaram cedo
Ao amanhecer do dia,
Ficaram lá escondidas
Em um quarto que havia,
Uma empregada da casa
Apoiou com alegria,
Como tudo aconteceu
Seu filho não percebeu,
Qual era o destino seu
Somente sua mãe sabia.
.
Elas lá observando
O que por lá se passava,
Pois um grande banquete
Que a casa preparava,
Como a mãe era sofrida
O peito dela sangrava,
Quando a hora chegou
Que os amigos convidou
Na mesa, a mãe avistou
Que como louca gritava.
.
Na mesa sua mãe bradava:
Ninguém esqueça meu nome,
Pois lá em casa faz dias
Que nossa gente não come,
Olhando as filhas dizia:
Satisfaçam o abdome,
Pode comer Joaninha
E você também Doquinha
Que se não comer filhinha
Nós vamos morrer de fome.

E pondo as mãos na comida
Em vários pratos botando,
No seu e nos das filhinhas
Toda mesa enlambuzando,
Botando as mãos na boca
As mesmas coisas falando;
O filho nem quis sentar,
Resolveu se retirar
Saiu pra outro lugar,
A mãe dele observando.

Quando foi no outro dia
Grande surra ele deu
Em Joaninha e em Doquinha
Que sua mãe adoeceu,
Sentindo muito desgosto
Três dias depois morreu;
Por causa desse ocorrido
Ele foi muito atingido
E ficou tão deprimido
Que depois enlouqueceu.
               FIM





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