terça-feira, 3 de abril de 2012

HISTÓRIA DE INÁCIO E ARQUILENES OU O DRAGÃO ENCANTADO




















HISTÓRIA DE INÁCIO E ARQUILENES 

OU O DRAGÃO ENCANTADO

José Edimar

 

O Cristianismo é a força

Da grande “RELIGIÃO”,

Sai do coração de Deus                                    

Vem trazendo a redenção,

Religando novamente

Para a grande comunhão.

 

Naquele tempo na Síria

Na Cidade Antioquia,

Por lá o cristianismo

Com força prevalecia,

E o batismo das crianças

Naquela Igreja existia.

 

Moravam lá dois amigos

Naquela bela cidade,

Conhecidos de criança

Como amigos de verdade

Desejando no futuro

Estreitarem a amizade

                 01

Um se chamava Quirino

E o outro era Agostinho,

Diziam quando se casassem

Logo o primeiro filhinho,

Que de cada um nascesse

Seria o outro o padrinho.

                 

Combinaram entre si

Como se tivesse escrito,

Pois um dia precisavam

Cumprir o que haviam dito,

Acorreu num mesmo dia

Esse momento bendito.

                 

Quando completou dois anos

Ambos morando pertinho,

Uma delas ficou grávida

A esposa de Agostinho,

E Quirino e a esposa

Apadrinharam o garotinho.

 

Foi com um ano de nascido

Que a criança batizaram,

Quirino com sua esposa

Fizeram o que desejaram,

Deram o nome de Inácio

E satisfeitos ficaram.

               02

Passaram-se quatro anos

Sem que nada acontecesse,

O tempo não permitiu

Que a esposa concebesse,

Um filho para Quirino

Que seu amor aquecesse.

 

Como um filho não nasceu             

Eles então decidiram,

Sair dali em viagem

Do casal se despediram,

Indo pra Mesopotâmia

Foi o rumo que seguiram.

                    

Chegando à Mesopotâmia

A cidade era Assur,

Era o seu governador

Conhecido como Artur,

Mas sendo um jovem caldeu

Que tinha vindo de Ur.

                

Daquele governador

Tiveram a informação,

Que o reino estava encantado

Sendo a ordem do dragão,

Vivendo aquele país

Na maior humilhação.

            03

Já fazia muito tempo

Que o reino estava encantado,

A causa disso era um príncipe

Da princesa o namorado,

Transformado num dragão

Depois de ser rejeitado.

 

Esse príncipe era herdeiro

Dum reino muito distante,

Mas zangado deixou tudo

Para outro governante,

Fingiu-se amigo do rei

Daquela hora em diante.

               

Mas amigo foi dum bruxo

Que era um feiticeiro horrível,

Dominador de encantos

Dono duma ação incrível,

Nunca errava o que fazia

Na magia era invencível.

                

O rei da Mesopotâmia

Tinha sido soberano,

Com poder absoluto

Mas cometera o engano,

Confiar naquele príncipe

Que era o dragão tirano.

            04

Arquimedes esse rei

Pai duma linda princesa,

Que agora pouco falamos

Dona da grande beleza,

Com o nome de Arquilenes

Puro dom da natureza.

 

Por causa dela o tal príncipe

Para o rei sempre mentiu,

Prometendo trazer ouro

Isso nunca garantiu,

Somente a inimizade

Foi tudo que conseguiu.

 

A princesa nunca quis

Casar com tal insolente,

O bruxo o transformou

Num dragão feio e valente,

Pra tomar conta do reino

Vigiando atentamente.

                     

Antes de encantar o reino

Falou sobre as pretensões,

De casar com a princesa

Impondo suas condições,

Caso o rei não aceitasse

Lhe daria três missões.

              05                

Mas nenhuma condição

Deu para o rei aceitar,

O príncipe como dragão

Decidiu ao rei matar,

E lá na sala do trono

Resolveu-lhe enterrar.

                    

Vamos deixar as missões

Também o reino encantado,

Voltemos para Inácio

A criança do passado,

Afilhado sem padrinho

Vivendo angustiado.

 

Morava com nove irmãos

Que todos eram contentes,

Porque viviam ganhando

Dos seus padrinhos presentes,

Só Inácio não ganhava

Nem mesmo dos seus parentes.

                   

Um dia ele perguntou

Pra sua mãe com carinho:

– Mamãe por favor me diga

Dos filhos de Agostinho,

Existe somente Inácio

Que não tem o seu padrinho?

                  06              

Sua mãe lhe respondeu:

– Meu filho não é verdade,

Seus padrinhos viajaram

Você tinha pouca idade,

Como não voltaram mais

 Nós ficamos com a saudade.

                  

Inácio falou pra mãe:

– Pois desejo viajar,

Sair pelo mundo a fora

Meus padrinhos procurar,

E só voltarei aqui

No dia que eu encontrar.

 

Arrumou o que queria

E em viagem partiu,

Direto a Mesopotâmia

Destinado ele seguiu,

Chegou na mesma cidade

Que lá atrás já se viu.

 

A cidade era Assur

A que também aportou,

Por pura coincidência

Com um rapaz se encontrou

E para o seu próprio azar

Dele se acompanhou.

             07              

Esse companheiro seu

Era muito traiçoeiro,

Trazendo na aparência

Um comportamento ordeiro,

Mas era aproveitador

De todo filho estrangeiro.

                  

Chamava-se Cipriano

Cheio de má intenção,

Mas vamos deixar Inácio

Pra cuidar doutra questão,

Que são as missões deixadas

Pelo o temido dragão.

                

O desejo desse monstro

Era forma de esperteza

Queria matar o povo

Mas prometia riqueza

Vencendo tinha a coroa

E casava com a princesa.

 

Das três missões não havia

Ninguém que realizasse,

As piores condições

Não tinham quem aguentasse,

Realizar uma delas

Se por acaso tentasse.

               08

Na primeira era ser preso

Trancado num alçapão,

Com vinte metros abaixo

Da superfície do chão,

Por um prazo de três dias

Sem haver respiração.

 

A segunda era ficar

Dentro dum quarto trancado,

Sabendo que a meia noite

Tinha que está acordado

Para lutar na espada

Com o dragão encantado.

                  

Porém se alguém conseguisse

Essa façanha incrível,

Nas duas noites saía

Para outra missão horrível,                                                                          

Que a terceira era aquela

Considerada impossível.

                

Pois a terceira missão

Que esperava o vencedor,

Somente em ouvir falar

Causava náusea e pavor,

No olho d’água do ouro

Sendo o dragão morador.

             09               

No olho d’água do ouro

Ninguém nunca ouviu falar,

Onde ele era situado

Se no céu, terra ou mar,

Somente com a água dele

Podia o encanto quebrar.

 

O dragão morava lá

Da fonte nunca saía,

Vigiando atentamente

Todo reinado ele via,

Dormia cinco minutos

Ao pino do meio dia.

               

O local era guardado

Por um enorme portão,

Uma grossa fechadura

E a pior situação,

É que a chave era guardada

Presa aos dentes do dragão.

                

Deixo aqui essas missões

Para falar novamente,

Quando Quirino chegou

Como foi completamente,

Envolvido no encanto

E ao dragão obediente.

                10

Das três missões que falei

Ele ao chegar foi sabendo,

Pelo dragão obrigado

Foi trabalhar atendendo,

Quem viesse pras missões

Viu muita gente morrendo.

 

Ficou sendo o responsável

Agindo como empregado,

Para cuidar das missões

Pelo dragão contratado,

Sem poder fugir de lá

Por ser também vigiado.

                 

Somente sendo casado

Ao dragão interessava,

Por que pegava a mulher

E numa prisão trancava,

Por causa disso o marido

Dali nunca se afastava.

 

Por isso que Quirino

Nessa armadilha caiu,

Foi pego pelo dragão

De lá nunca mais saiu,

Dos amigos do passado

Só saudades conseguiu.

              11                

Cuidando dessas missões

Tendo sua mulher trancada,

Numa casa que ficava

Lá na cidade encantada,

Somente uma vez por ano

Visitava ela e mais nada.  

                 

Quirino quando chegou

Muita gente recebia,

Para cumprir as missões

Pois todo mundo queria,

Como morreu muita gente

Ninguém mais aparecia.

 

Porém aquele dragão

De posição não mudou,

A história foi mudada

Quando uma estrela brilhou,

No momento que Inácio

Naquele país chegou.

 

Falando com o amigo

Inácio acabou tocando,

No sumiço do padrinho

Que andava procurando,

Cipriano era maldoso

Foi logo lhe perguntando:

              12        

– Diga quanto tempo faz

Que anda nesse destino,

Seu padrinho quando viu?  

Disse Inácio: era menino

Perguntou: qual o seu nome?

Ele respondeu: Quirino!

              

Naquela hora Cipriano

Botou em seu coração,

Se passar por afilhado

Lembrou nessa ocasião,

Que se chamava Quirino

O que servia ao dragão.

                 

E falou para Inácio

De também ter viajado,

Procurando seu padrinho

Logo que fora chegado,

Por sorte naquele reino

Havia lhe encontrado.

 

Trabalha com o dragão

Do reino nunca saiu,

Quem procura algum parente

Ele sempre conseguiu,

Cipriano foi às pressas

Quando Inácio dormiu.

              13

Chegando junto a Quirino

Toda historia lhe contou,

Que procurava o padrinho

Do tempo que viajou,

Disse chamar-se Inácio

O padrinho acreditou.

 

Ele contou ao padrinho

Da história do amigo,

Também vir da Antioquia

Tendo um desejo consigo,

Realizar as missões

Só por gostar do perigo.

                 

Na manhã levou Inácio

Pra conhecer o padrinho

Dizendo: este aqui não teme

Perigo pelo caminho,

Já enfrentou muitas lutas

Sempre brigando sozinho.

                 

Inácio já foi falando

– Estou andando em missão,

Procurando uma pessoa

Que também é um cristão,

Sou servo de Jesus Cristo

Não temo qualquer dragão.

               14

Como disse o meu amigo

Preciso enfrentar a luta,

Com o dragão encantado

Que virá com força bruta,

Para encontrar quem procuro

Não temo qualquer disputa.

 

Quirino disse: está certo

Se for assim que deseja,

Vou levá-lo ao alçapão

Pois é bom que você veja,

Se aguenta ali por três dias

Peço que Deus o proteja.

                  

Inácio chegando lá

No alçapão logo entrou,

Passou fechado três dias

A vontade respirou,

O anjo de Deus com ele

Nem fome ou sede passou.

                 

Saiu com as roupas sujas

Mas não estava cansado,

O padrinho vendo aquilo

Ficou muito admirado,

Que até aquela data

Quem foi não tinha voltado.

               15

Perguntou se estava bem

Sem entender a razão,

Como passou na primeira                                     

Vinha a segunda missão,

Passar três noites trancado

Num quarto com o dragão

 

Pra encontrar o padrinho

Não pensava no perigo,

Pensava Inácio em seu íntimo

– Se Deus estiver comigo,

Pode o dragão ser valente

Porém vencê-lo eu consigo.

 

Quando foi à tardezinha

O padrinho o acompanhou,

Quando ele chegou ao quarto

Quirino a porta trancou,

Inácio armando a rede

Tranquilamente deitou.

                                    

Quando foi da meia noite

Pra uma da madrugada,

Viu descer da cumeeira

Numa terrível zoada,

Um dragão da cor de fogo

Em cada braço uma espada.

                 16

Olhando embaixo da rede

Ele avistou um buraco,

Desceu pra dentro apressado

Ligeiro como um macaco,

Sentia o vento da espada

Mas não lhe tirava um taco.

                

Até três da madrugada

Houve uma luta horrenda,

Espadas por todo canto

Numa zoada tremenda,

Da rede escapou o pó

Naquela grande contenda.

 

Naquele combate horrível

Por três noites resistiu,

Dentro daquele buraco

O dragão não conseguiu,

Nunca ele pôde entender

Como o buraco surgiu.

                 

Aquele dragão terrível

Novamente foi vencido,

O olho d’água do ouro

Por ele desconhecido,

Era a missão que agora

Ele tinha no sentido.

            17

Pois somente a água dele

Desencantava a princesa,

Se alguém fosse buscar

O dragão tinha certeza,

Que ninguém pegava a chave

Pois ele tinha na presa.

                 

Um ano inteiro era o prazo

Que alguém tinha pra buscar,

Porém se não conseguisse

Fazia o encanto dobrar,

As missões realizadas

Voltavam ao mesmo lugar.

 

Inácio passou três meses

Viajando e só pensava,

Achar alguma notícia

Já o cansaço dominava,

Quando encostou numa casa

Humilde que encontrava.

                 

Falou logo ô de casa

Responderam ô de fora,

Pediu água pra beber

Chegou água sem demora,

Perguntou do olho d’água

 Notícias naquela hora.

             18

O dono da casa disse:

– Nunca dele ouvi falar,

 Umas cumbucas batendo

Inácio pôde escutar,

Quem batia na cozinha

Resolveu a perguntar:

                 

– Aqui tem um urubu

Tão velho que está babando,

Vive dentro das cumbucas

Todo o tempo chafurdando,

E não sabe mais de nada

Porque vive caducando.

               

Vamos comigo pra ver

Que ele está na cozinha,

Pois brincava nas cumbucas

Tendo a pele bem lisinha,

De velho caiu as penas

Nem pêlo novo ele tinha.

                

Inácio foi perguntando

Se o urubu conhecia:

– O olho d’água do ouro

Ele falou: que sabia,

– Como alguém pode ir lá

E voltar com garantia?

             19

Disse ele: para Inácio

– Conheço aquele tesouro,

Bebendo lá consegui

Muitas lapadas no couro,

Morrerei sem beber mais

Do olho d’água do ouro.

                 

– Porém se alguém desse um jeito

Que pudesse me ajudar,

Um quarto de boi por dia

Pra comer e me banhar,

Só precisava seis meses

Para eu ir lhe visitar.

         

Inácio então garantiu

Todo dia a fornecer,

Um quarto de boi inteiro

Para o urubu comer,

Era comendo e banhando

Depois indo se aquecer.

                 

Com quinze dias estava

Os canhões aparecendo,

Três meses ele voava

Seis meses já foi dizendo,

Hoje vou ao olho d’água

De lá só volto bebendo.

              20

No outro dia bem cedo

O urubu acordou

Comeu logo o quanto pôde

Depois de comer banhou

Direto pra o olho d’água

Muito apressado voou

 

Voltou no final do dia

Inácio preocupado,

Quando viu que o urubu

Chegava muito vexado,

Pousando bem perto dele

Tremendo muito e cansado.

 

Ele contou para Inácio

O que havia acontecido,

Dizendo que olho d’água

Estava bem protegido,

O dragão na segurança

Botando todo sentido.

                  

Queria se fortalecer

Pra pode ir novamente,

Precisava mais três meses

Também dum recipiente,

Pra trazer daquela água

Atado numa corrente.

                21           

No prazo ao meio dia

Ele já tinha pousado,

Esperava que o dragão

Pegasse o sono pesado,

Que eram cinco minutos

Tinha que agir apressado.

 

Estava ali na tocaia

Quando viu de boca aberta,

Os olhos arregalados

Do dragão, saiu alerta,

Com muita pressa e cuidado

Pra fazer a coisa certa.

 

Pegou as chaves na boca

Abriu o portão primeiro,

Encheu depois a garrafa

Voltando muito ligeiro,

Quando o dragão acordou

No instante derradeiro.

                   

Agindo rapidamente

Rebolou as chaves nele,

O dragão jogou-lhe um bote

Quase que pegava ele,

O vento ainda arrancou

Três penas do rabo dele.

              22

Para não morrer queimado

Ficou por trás dum arbusto,

Procurando defender

A garrafa a todo custo,

Quando entregou a Inácio

Tremia ainda do susto.

              

Inácio levando a água

Voltou muito decidido,

Ao encontro do padrinho

Naquele reino esquecido,

Quando chegou, seu prazo

Estava quase vencido.

 

Entrou de palácio adentro

Levando o recipiente,

O padrinho recebendo

Aspergiu rapidamente,

A água sobre a princesa

Que acordou de repente.

                 

A princesa levantou-se

O encanto foi quebrado,

Inácio disse ao padrinho

Tudo que tinha passado,

E daquele falso amigo

Como tinha o enganado.

             23

O padrinho conhecendo

Ser ele aquela criança,

Deixada na Antioquia

Renovou a esperança,

Mandou prender Cipriano

Pra depois fazer matança.

 

A princesa Arquilenes

Muito cheia de alegria,

Ali pelo jovem Inácio

Sentiu grande simpatia,

Tornando-se a namorada

Dele no primeiro dia.

               

Para aquele falso amigo

Inácio deu o perdão,

Pediu que o seu padrinho

Tirasse ele da prisão,

Que vingança não habita

No coração dum cristão.

                   

Inácio e seus padrinhos

Com a princesa viajaram,

Para a cidade dos pais

Na Igreja se casaram,

Os cristãos da Antioquia

Quinze dias festejaram. FIM

              24

 

 

 

 

 

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