sábado, 24 de novembro de 2012

ELA DEU O TABACO ELE LEVOU FUMO (Dalinha Catunda)



Essa vida de bodegueiro,
 
Não é brincadeira não.
 
Na venda de fumo de rolo,
 
Foi a maior confusão.
 
E quem quase levou fumo,
 
Foi a mulher do patrão.
 

Um sujeito todo xistoso
 
Queria tabaco comprar.
 
A mulher do bodegueiro,
 
Que não sabia despachar.
 
Arrumou uma encrenca
 
Que depois vou lhes contar.
 

Primeiro eu vou contar,
 
A aventura de seu Zé.
 
Que queria comprar fumo,
 
Mas sabe como é que é,
 
Com bodegueiro invocado,
 
Quase levou ponta pé
 

Seu Zé chegou à bodega,
 
Querendo fumo comprar.
 
Espiou bem os bons rolos.
 
Chegando a se arrepiar
 
Diante de tanta fartura.
 
Bom fumo ele iria levar.
 

Perguntou ao bodegueiro,
 
Que atendia no balcão.
 
Quais os tipos de fumo
 
Qual a melhor sugestão
 
O bodegueiro prestimoso
 
Deu-lhe toda a atenção.
 

Esse aqui é um fumo bom
 
Acredite meu senhor.
 
O freguês cheirou o fumo
 
E em seguida espirrou.
 
Pediu outro mais forte.
 
Aquele não lhe agradou.
 

O atendente atencioso
 
Não tardou a lhe ofertar,
 
Um novo rolo de fumo
 
Para ele então apreciar,
 
Dessa vez além do espirro,
 
Ouviu-se um peido no ar.
 

Pensando que o espirro,
 
Conseguira o peido abafar
 
Pediu ao comerciante,
 
Um mais forte pra cheirar.
 
E o bodegueiro alterado
 
Rasgou o verbo a falar.
 

Meu amigo francamente,
 
É bem difícil lhe agradar,
 
No primeiro você espirrou,
 
No segundo chegou a peidar.
 
Se usar um fumo mais forte,
 
No recinto você vai cagar.
 

Por isso o senhor se retire,
 
Antes que eu faça besteira.
 
Estou aqui trabalhando,
 
E não sou de brincadeira.
 
Se quer mesmo levar fumo,
 
Conheço outras maneiras.
 

O comprador aperreado,
 
Foi tratando de se afastar
 
O bom fumo que ele queria,
 
Mas não conseguiu comprar,
 
De outro fumo diferente,
 
Não estava ali pra provar.
 


A mulher viu que marido,
 
Estava cheio de aflição.
 
De pressa tomou a frente,
 
Foi atender ao balcão
 
Mas novamente pintou
 
Sintomas de confusão.
 

Ela pouco experiente,
 
Ignorando mercadorias.
 
Escutou de um sujeito,
 
E achou que era putaria,
 
Uma pergunta inofensiva
 
Que o pobre diabo fazia
 

A senhora tem tabaco?
 
Perguntou o tal cidadão.
 
Tenho sim desaforado,
 
Mas não é pro teu bico não.
 
Tenha comigo respeito,
 
Ou então lhe enfio a mão.
 

Que cara mais safado,
 
Que sujeitinho atrevido,
 
Merece boas pauladas,
 
E tapas no pé do ouvido,
 
Ou mesmo virar defunto,
 
Por obra de meu marido.
 

O cabra arregalou os olhos,
 
Não entendendo a questão.
 
Quanto mais ele falava,
 
Mais vinha complicação.
 
Queria provar com o dedo,
 
E era ali mesmo no balcão!
 

Senhora não estou pedindo,
 
Eu quero mesmo é comprar.
 
Se for bem cheirosinho,
 
Pode até o dobro cobrar.
 
Que sou viciado em tabaco
 
E pago o que for pra cheirar
 

A mulher ficou vermelha,
 
Estava prestes a explodir.
 
Indignada com a proposta,
 
Que acabara de ouvir
 
A cara do sujeitinho,
 
Até pensou em partir.
 

O homem ficou passado,
 
Sem saber bem o que dizer.
 
A mulher bufava de raiva,
 
E ele sem nada entender.
 
Só por causa de um tabaco
 
Ela estava a se ofender.
 

A polícia foi chamada.
 
Veja só que confusão.
 
O marido e os filhos,
 
Bateram no cidadão.
 
Que queria a todo custo,
 
O tabaco em sua mão.
 

Quando a polícia chegou,
 
Botou ordem na bodega.
 
E o sujeito com razão,
 
A sua inocência alega.
 
E os insultos alegados
 
Com veemência ele nega.
 

O freguês ficou parado,
 
E a mulher falou: Qual é?
 
Minha senhora só queria,
 
Umas graminhas de rapé
 
Um pouquinho de torrado,
 
E depois eu dava no pé.
 

Foi então que a polícia,
 
Marido e filho deram fé,
 
Chegaram a conclusão,
 
Que o tabaco era rapé,
 
Torrado pra se cheirar,
 
E não bicho de mulher
 

Por isso meu amigo
 
Preste muita atenção
 
Na hora de comprar fumo
 
E querer tabaco na mão.
 
Pois acaba levando fumo.
 
Quem deles faz confusão.
 

Quando tudo se ajeitou,
 
E acabou a confusão.
 
Seu Zé saiu satisfeito
 
Levando o fumo na mão
 
E até saiu sorrindo
 
Com aquela arrumação.
 

A mulher do bodegueiro,
 
Depois de se acalmar.
 
Foi logo dando o tabaco.
 
Que o moço queria usar.
 
Daquela hora em diante,
 
Reinou a paz no lugar.
 

Se você quer levar fumo,
 
Ou um tabaco de primeira,
 
Meça bem suas palavras.
 
E não vá fazer besteira,
 
Pois fica sempre na mão,
 
Aquele que faz asneira.
 

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